Maioria dos conselheiros do Cade votou pela criação da MBRF, gigante de R$152 bilhões em receita anual; pedido de vista adia proclamação da decisão e ações de Marfrig e BRF recuam na bolsa de valores
A tão aguardada fusão entre a Marfrig Global Foods e a BRF S.A. avançou mais um passo nesta quarta-feira (20/08). A maioria dos conselheiros do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) votou pela aprovação da operação sem restrições, que prevê a incorporação total das ações da BRF pela Marfrig, formando a MBRF — uma das maiores companhias globais de proteínas animais.
O negócio, anunciado em maio, deve criar uma empresa com receita anual estimada em R$152 bilhões, fortalecendo a concorrência com a JBS, que já atua de forma integrada nos segmentos de bovinos, aves, suínos e alimentos processados. A expectativa é de que a MBRF aumente a escala operacional e amplie sua presença internacional, com Sadia e Perdigão ao lado das marcas da Marfrig.
Apesar da maioria formada, o conselheiro Carlos Jacques Vieira Gomes pediu vista, adiando a proclamação da decisão em até 60 dias. O ponto de maior atenção no julgamento foi a participação da Salic, fundo de investimento saudita que já detém 11,03% da BRF e 24,49% da Minerva, potencial concorrente direta da nova companhia.
No pregão desta quarta-feira (20/08), o mercado repercutiu com cautela. As ações da Marfrig (MRFG3) operavam em queda de -1,97%, cotadas a R$22,94, após abrirem a R$23,51. Já os papéis da BRF recuavam -3,17%, negociados a R$19,27, contra abertura de R$19,93. Investidores reagem à incerteza gerada pelo adiamento, mesmo com o sinal verde preliminar do Cade.
A Marfrig Global Foods é uma das maiores processadoras de carne bovina do mundo, com presença internacional e foco em exportações. Já a BRF, dona das marcas Sadia, Perdigão e Qualy, é líder em alimentos processados no Brasil e referência global em proteínas de frango e suínos. Juntas, devem consolidar posição estratégica no setor de alimentos e ampliar competitividade na bolsa de valores.
A decisão final do Cade deve sair nos próximos dois meses, e investidores estarão atentos aos desdobramentos envolvendo a Salic e à integração das operações.
Fonte: Msn.