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Gado em falta e praga devoradora: por que a carne nos EUA disparou?

Para efeito de comparação, convertendo o valor ao câmbio de R$ 5,47 (taxa de fechamento da terça-feira, 19) isso equivale a cerca de R$ 34,20 por libra ou aproximadamente R$ 75,00 por quilo da carne moída.

Essa alta ocorre ao mesmo tempo em que o governo Trump decidiu impor tarifas de 50% sobre alguns produtos brasileiros, entre os quais, está a carne bovina. Porém, especialistas explicam que o quadro de preços altos nos EUA vai além das tarifas, sendo influenciado outros fatores:

Menor rebanho em décadas

Um dos pontos de maior relevância dentro deste contexto é o rebanho bovino norte-americano. Segundo o mais recente relatório do USDA, o país está com 94,2 milhões de cabeças de gado — 1% abaixo do volume de 2023. Mas, indicando recuperação frente ao rebanho verificado em janeiro deste ano, que era o menor desde 1951 (86,7 milhões de cabeças).

A analista da HN Agro, Isabella Camargo, explica que a menor disponibilidade de animais é resultado de problemas climáticos enfrentados pelo país nos últimos anos. Além disso, ela destaca o aumento na participação de fêmeas nos abates nos anos anteriores, que reduziu o número de animais disponíveis no mercado. “Os EUA estão na fase de alta do ciclo pecuário e com o passar do tempo vão recompor o rebanho, mas sabemos que isso não acontece de uma hora para outra”, disse.

Como consequência de um volume reduzido de animais disponíveis para o abate, há uma menor produção de carne. Somente entre janeiro e junho deste ano, a produção de carne bovina caiu 2% em relação ao ano passado.

Praga devoradora de gado

Soma-se a esse cenário, um de bicheira chamada Novo Mundo — popularmente conhecida como ‘devoradora de gado’. O nome se deve ao fato de suas larvas se alimentarem de tecido vivo, infestando feridas abertas nos animais.

A doença ingressou nos EUA, por meio da fronteira sul com o México e tem deixado autoridades sanitárias em alerta. Diante do risco à indústria pecuária, o USDA anunciou um investimento de até US$ 750 milhões na construção de uma instalação no Texas para produzir moscas estéreis em laboratório. Essa técnica já foi usada com sucesso no passado para conter a disseminação das larvas.

Antes da entrada da praga, os norte-americanos vinham importando gado vivo mexicano, especialmente bezerros para suprir a escassez no rebanho doméstico. Assim, os animais eram engordados nos EUA antes do abate. Porém, essa medida está suspensa desde maio. “Mais um fator que dificulta a reposição do rebanho norte-americano”, diz Camargo.

Sem carne do Brasil, alta deve continuar

Antes das tarifas de 50%, a carne bovina brasileira vinha suprindo a demanda interna dos EUA. Com o Brasil, sendo o segundo maior fornecedor ao mercado norte-americano, atrás apenas da Austrália.

A competitividade da carne bovina brasileira era um diferencial. Alcides Torrres, diretor da Scot Consultoria, lembra que o produto do Brasil chegava a custar metade do valor pago no mercado interno norte-americano. “Quem importava carne brasileira estava pagando entre 70 e 75 dólares por arroba e vendendo por 125 a 135 dólares, uma margem bastante interessante”, comenta. “Não há justificativa econômica para esse tarifaço sobre a carne, a não ser a proteção da pecuária norte-americana. Mesmo assim, o preço lá subiu principalmente devido à dinâmica interna do mercado pecuário deles”, salienta.

Entre janeiro e julho, o Brasil exportou 169,2 mil toneladas de carne bovina in natura para o mercado norte-americano, — volume 106,3% superior frente ao mesmo período do ano passado, segundo dados compilados pela HN Agro, com base na Secex. “Na nossa visão pensando do lado do Brasil conseguimos redirecionar esse volume. Mas, do lado dos EUA, a carne brasileira pode fazer falta e colaborar para agravar a alta de preços que já vem acontecendo”, destacou Camargo. 

Fonte: Estadão.

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