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Preço da carne bovina sobe, mas pecuarista não vê lucro

A carne bovina ao consumidor brasileiro acumula alta de 22,17% nos últimos 12 meses, conforme dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, divulgado nesta quarta-feira, 10. À primeira vista, pensa-se que esse ganho está indo para o pecuarista, mas há fatores que limitam esse repasse integral. 

É verdade que, no campo, também houve valorização da arroba bovina no mesmo período. Porém, de forma mais modesta: de acordo com o indicador Cepea, o preço da arroba ao pecuarista subiu 20,28% nos últimos 12 meses. Embora positiva, a valorização fica abaixo do aumento no preço da carne ao consumidor, mas acima da inflação acumulada no período (+5,13).

Enquanto isso, o milho, principal insumo da alimentação bovina, passou de R$ 62,60 para R$ 63,87 a saca em Campinas (SP) — alta acumulada de 2,03%. Apesar da baixa oscilação, a valorização comprime a margem de lucro do pecuarista.

Além dos custos com alimentação, soma-se gastos com insumos, energia e mão de obra. “Aqui na nossa região a realidade é que a alta da carne que o consumidor vê no mercado não se reflete na rentabilidade do pecuarista. Os custos de produção – como ração, insumos, energia e mão de obra – subiram bastante, e a margem de lucro está muito apertada. O produtor acaba arcando com esses custos, mas não consegue repassar no preço do boi gordo na mesma proporção”, destaca o pecuarista Guilherme Bumlai, de Campo Grande (MS). 

Exportações explicam o cenário

O economista e analista de Safras&Mercado, Fernando Iglesias, explica que, atualmente, o pecuarista brasileiro está observando um mercado com movimentos limitados de alta da arroba. Isso, em decorrência de uma oferta elevada de animais para o abate. 

“Estamos vivendo um ano de muita oferta, por mais contraditório que isso pareça. Observamos que o preço da carne está subindo, mas não é a demanda doméstica que está puxando esses valores. O que realmente está impulsionando os preços é a demanda de exportação. Hoje, o Brasil está exportando carne como nunca antes”, observa o especialista. 

E os números comprovam. Em agosto, mês em que o tarifaço dos Estados Unidos entrou em vigor, o Brasil enviou ao exterior 299,4 mil toneladas de carne bovina, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). O resultado foi o segundo maior volume da série histórica. Além de representar uma alta de 20,7% em relação ao mesmo mês de 2024 (248.033 toneladas). 

Considerando o acumulado do ano (entre janeiro e agosto), o Brasil exportou 2,08 milhões de toneladas de carne bovina — crescimento de 15% em comparação às 1,81 milhão de toneladas do mesmo intervalo de 2024. “O Brasil é hoje o player mais competitivo na produção de carnes do mundo, mais competitivo que Austrália, Estados Unidos, União Europeia, Argentina, Uruguai e Paraguai… O país vem alavancando suas vendas, exportando grandes quantidades em velocidade impressionante, gerando um crescimento de receita importantíssimo”, salienta. 

No aspecto de receita, ainda conforme a Abiec, em agosto, as exportações de carne bovina alcançaram US$ 1,60 bilhão — alta de 49,8% em relação aos US$ 1,07 bilhão registrados no mesmo mês do ano anterior. No acumulado dos oito primeiros meses deste ano, a receita atingiu US$ 10,51 bilhões, avanço de 32,9%. 

As perspectivas para o encerramento deste ano são de recordes, mesmo com as tarifas dos EUA em vigor, aponta a Abiec, entidade que representa grandes indústrias exportadoras como JBS, Marfrig e Minerva.

Fonte: Estadão.

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