Não, a indústria da carne bovina não está matando elefantes. No entanto, o peso vivo médio de abate está ultrapassando 1.400 libras (aproximadamente 635 quilos) — o que equivale a cerca de 10% do peso de um elefante adulto.
O título deste artigo não pretende ser de mau gosto, mas sim chamar a atenção. Enquanto o setor enfrenta o menor rebanho bovino desde 1951, os produtores têm compensado o menor número de animais engordando-os mais nos confinamentos.
Os pesos de abate dos bovinos mudaram — assim como a produção de carne bovina — ao longo dos anos. Espera-se que essas informações ajudem a equilibrar a narrativa sobre o tamanho reduzido do rebanho.
A média semanal do peso vivo dos bovinos abatidos, no momento em que este texto foi escrito, é de 1.414 libras (641 quilos) — 9,5 quilos a mais que na mesma semana do ano anterior e 26,3 quilos a mais que na mesma semana de 2023. Assim, os pesos de abate aumentaram 4,3% em dois anos.
Para comparação, em 2014, quando os preços estavam em níveis recordes até então, os bovinos pesavam em média 1.335 libras (606 quilos). Isso mostra que os confinadores têm realmente levado o gado a pesos maiores nos últimos anos.
Pode parecer informação suficiente para contextualizar, mas dados históricos tornam a tendência ainda mais clara. Por exemplo, na mesma semana do ano 2000, o peso médio de abate era de 1.228 libras (557 quilos) — quase 80 quilos a menos que hoje.
O aumento de peso, por si só, não revela toda a dimensão do fenômeno. Considere que mais de 500 mil cabeças de gado são abatidas por semana. Isso significa que, em apenas uma semana de 2025, houve mais de 10 milhões de libras (4,5 mil toneladas) a mais de peso vivo em comparação com a mesma semana de 2024 — e quase 30 milhões de libras (13,6 mil toneladas) a mais do que na mesma semana de 2023.
A conclusão é simples: não é necessário tanto gado para produzir a mesma quantidade de carne.
Por exemplo, a produção doméstica total de carne bovina em 2025 está estimada em 26,4 bilhões de libras (11,97 milhões de toneladas). Isso se compara a 27,1 bilhões de libras (12,29 milhões de toneladas) em 2023 e 2024. Apesar da redução nas taxas de abate em 2025, o aumento do peso dos animais está evitando uma queda acentuada na produção total.
Colocando em perspectiva histórica: menos gado hoje produz mais carne do que em 2014, quando a produção foi de 24,3 bilhões de libras (11,02 milhões de toneladas).
Apesar dessa abundância de informações, isso ainda não explica totalmente por que os preços da carne e do gado estão tão fortes. Também é preciso considerar as importações e exportações de carne bovina, a quantidade de consumidores domésticos e internacionais de carne, e a demanda por carne em geral. Todos esses fatores influenciam os preços da carne e do gado. A questão é que o tamanho do rebanho não é a única variável nessa equação, já que os mercados de carne bovina são extremamente dinâmicos.
Como este artigo se concentrou no lado da oferta, é importante fazer algumas observações. A primeira é que o mercado não pode fazer com que o gado cresça até o tamanho de elefantes tão cedo. A indústria pode até conseguir adicionar mais quilos a uma carcaça, mas tanto a produção quanto a comercialização enfrentarão desafios se o peso dos animais continuar a aumentar.
Em segundo lugar, a indústria do gado não precisa mais do mesmo número de animais que tinha há alguns anos. A quantidade de gado é importante, mas não é tudo.
Por fim, os pecuaristas aumentarão o rebanho quando a lucratividade for suficiente para isso. O mercado provavelmente existe, mas a questão é: com que rapidez o setor reterá fêmeas para aumentar o rebanho?
Um último pensamento: este não é um conceito difícil. Se fosse um conceito desafiador de entender, então este autor provavelmente estaria fazendo outra coisa da vida. Um pouco de pensamento crítico aliado aos dados pode ser revelador.
Fonte: Drovers, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.