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Imaflora cria certificação de carne sem desmate e já tem parceria com chineses

Um novo sistema de certificação de carne livre de desmatamento, a ser lançado nesta terça-feira (21/10), tem como objetivo atender à crescente demanda por um produto sustentável sem aumento de preço e em escala. Com o nome de Beef on Track (BoT), a iniciativa do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) surgiu a partir, especialmente, do interesse do mercado chinês, destino de mais de 50% da carne bovina brasileira exportada em 2025, mas também é objeto de negociação com redes de varejo do Brasil e importadores de outros países.

O lançamento do programa ocorre a poucos dias do início da COP30, em Belém, ocasião em que a criação de gado no Brasil será um dos focos da discussão. A carne livre de desmatamento será identificada por um selo. As fazendas não serão auditadas, uma vez que a iniciativa destina-se à cadeia de compra dos produtos provenientes da pecuária de corte, como frigoríficos e curtumes. Cada planta de abate será auditada individualmente, uma vez por ano.

A certificação irá utilizar-se de protocolos já existentes, como o Boi na Linha (usado pelo Ministério Público Federal para monitorar os frigoríficos signatários do Termo de Ajustamento de Conduta da Carne na Amazônia Legal) e o Protocolo do Cerrado, de adesão voluntária. Um frigorífico com 95% de conformidade com um destes dois protocolos, por exemplo, é automaticamente elegível ao Beef on Track.

O nome da certificação, em inglês, serve para dar a ideia de que a carne está “no caminho certo”, e revela que a iniciativa não deverá ficar restrita ao mercado interno. De fato, a iniciativa surgiu muito pela demanda da China, segundo a diretora-executiva do Imaflora, Marina Piatto.

“Eles falavam: ‘A gente quer sustentabilidade, a gente tem metas de redução de emissões, não queremos estar vinculados a desmatamento, à ilegalidade’. E aí começamos a desenvolver essa ideia, de como mostrar de forma fácil, simples e barata para eles o que já existe”, explica. Possibilidades de levar o selo para Europa e Oriente Médio também estão no radar.

Segundo Marina, a estabilidade de preços, tanto para o público interno quando externo, é possível de ser alcançada porque serão utilizadas as mesmas auditorias já adotadas atualmente, de modo que não haverá custo adicional. O fato de ser uma certificação simples, com poucos critérios, também pesa.

A meta do BoT é abranger “toda a carne brasileira”, diz Marina. Ela explica: na Amazônia, por exemplo, 70% dos frigoríficos já são auditados com o protocolo Boi na Linha. No Cerrado, 24 unidades já estão adotando os monitoramentos e fazendo as auditorias. Na Mata Atlântica, por sua vez, o desmatamento já está consolidado, o que ocorre também em outros biomas.

A expectativa é de que o selo chegue às gôndolas do Brasil no primeiro trimestre do ano que vem, por meio de um projeto-piloto por meio de uma rede de varejo. No caso da China, a ideia é que as primeiras remessas sejam enviadas também no início do ano que vem. A Tianjin Meat Association, entidade que reúne empresas importadoras, já confirmou a compra de pelo menos 50 mil toneladas de carne identificadas com o selo até junho de 2026, o equivalente a 2,5 mil contêineres de 20 toneladas (leia mais abaixo). Falta ainda definir quais serão os frigoríficos que farão a venda.

Segundo a presidente da entidade, Xing Yanling, a demanda pela carne brasileira deve aumentar de 35% a 40% nos próximos anos. “A estrutura alimentar da população chinesa está mudando. Os chineses estão consumindo cada vez mais proteína animal, e os jovens chineses têm a preferência de consumir mais carne bovina, em vez da preferência geral da China, que ainda é pela carne suína”, afirmou ao Valor.

Fonte: Globo Rural.

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