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Pecuaristas buscam oportunidades na COP, mas temem barreiras

Às vésperas da Conferência do Clima (COP 30), que será realizada em Belém, lideranças da pecuária brasileira esperam poder aproveitar o evento para divulgar ao mundo avanços do setor em sustentabilidade. Mas ainda receiam que o evento se transforme em um espaço de embates que possam justificar barreiras comerciais ao produto nacional.

“Em tese, deveria ser uma oportunidade extraordinária de mostrar ao mundo o que o Brasil faz com excelência. Eu temo, no entanto, que esse ambiente acabe se tornando um palco ideológico, usado para criar barreiras comerciais aos nossos produtos”, afirmou o presidente da Associação Nacional de Confinadores (Assocon), Maurício Velloso, durante o Congresso Mundial da Carne, realizado em Cuiabá.

Na avaliação de Velloso e outros representantes do setor, o Brasil precisa aproveitar a COP para expor seus resultados em produtividade e sustentabilidade no setor, mas há desconfiança quanto ao ambiente de debate.

“O Brasil precisa ser visto como parte da solução ambiental, não como um problema. Produzimos e preservamos na mesma intensidade”, defendeu o presidente da Comissão de Bovinocultura de Corte da CNA, Francisco Castro.

Para ele, o pagamento por serviços ambientais precisa ser um dos temas centrais nas discussões da COP 30, com foco em mecanismos que façam esses recursos chegarem, de fato, aos produtores. “O produtor rural é o verdadeiro guardião do meio ambiente. Mas ele precisa ver valor nisso. O mundo precisa encontrar uma forma de remunerar quem preservar”.

O presidente do Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac), Caio Penido, disse que a realização da COP na Amazônia representa uma oportunidade de mostrar a realidade local, mas também impõe desafios logísticos e de comunicação. “A COP não é um evento de negócios, mas pode abrir portas e mudar percepções sobre o Brasil.”

O Imac e o governo de Mato Grosso apresentarão na COP um programa ambiental do Estado que envolve a rastreabilidade individual voluntária do gado bovino local e o apoio à regularização ambiental dos imóveis rurais.

Batizado de Passaporte Verde, o programa de rastreabilidade, apesar de voluntário, tem potencial de ter adesão imediata de até 95% dos produtores do Estado que são fornecedores diretos inseridos em programas de rastreabilidade lançados nos últimos cinco anos por empresas do setor, segundo Penido. O plano é realizar a identificação individual do rebanho.

No caso das ações de regularização, a estratégia do Imac e do governo mato-grossense é atuar tanto em imóveis com embargos com apoio à recuperação ambiental e monitoramento via satélite.

“O objetivo é mostrar que estamos avançando com responsabilidade e sem excluir o pequeno produtor. A sustentabilidade é uma estratégia de negócio, não um peso. É o que garante a competitividade da carne brasileira no mundo”, disse Penido. Para ele, “a COP pode ser o espaço para transformar a vantagem ambiental em valor econômico”.

Fonte: Globo Rural.

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