
O Instituto de Promoção da Carne Bovina Argentina (IPCVA), junto com 13 empresas e grupos de produtores exportadores de carne bovina, se prepara para participar, entre 5 e 10 de novembro, da 8ª edição da China International Import Expo (CIIE).
O objetivo é buscar novos negócios no gigante asiático, que atualmente já absorve 70% do volume total exportado pelos frigoríficos argentinos, mas ainda oferece margem para crescimento, especialmente nos nichos chamados de “qualidade”.
Paralelamente, o IPCVA — que financia o escritório de advocacia responsável por defender a posição argentina — dará destaque às mais recentes apresentações no âmbito do processo de salvaguarda iniciado pelo governo chinês, cuja resolução é esperada para o fim deste mês.
Nesse contexto, o IPCVA divulgou declarações de empresários que expressam as expectativas dos frigoríficos em relação a essa nova visita à China.
Para Facundo Secco, do Frigorífico Forres Baltrán, “os chineses estão com intenção de adquirir estoque argentino, talvez não com tanto ímpeto como em outras ocasiões, mas bem firmes quanto aos valores”.
Sobre os preços, o empresário observou que, embora “continuem bons”, a Argentina “atravessa uma situação particular com valores de gado que fazem com que, mesmo nesses níveis de preço de mercado, seja difícil equilibrar o custo da matéria-prima”.
Por fim, Secco afirmou que sua empresa pretende começar a diversificar o abate destinado à China, buscando nichos de cortes de alto valor, já que “a situação tarifária entre China, Estados Unidos e Brasil abre muitas alternativas”.
Jorge Romero, da APEA (Urien Loza), lembrou que “o mercado chinês continua sendo o mais importante para a Argentina”, e que “nós vendemos todo o novilho, carne especial”. Nesse cenário, acrescentou: “Estamos na expectativa pela resolução do processo de salvaguarda e pelas consequências que isso possa ter em relação a tarifas ou cotas”.
Carlos Riusech, do Frigorífico Gorina, também manifestou preocupação com a evolução e as possíveis medidas decorrentes do processo de salvaguarda.
Mesmo assim, destacou que “a China continua se comportando muito bem em termos de volume, talvez com um pouco mais de volatilidade nos preços”. Por isso, explicou que sua empresa vem analisando canais de nicho, “como o grain fed, no qual avançamos bastante neste ano”.
Já Patricio Casiraghi, do Frigorífico Pico, afirmou que, apesar do crescimento do mercado norte-americano, a China continua sendo o principal destino da carne argentina e sempre apresenta novas oportunidades.
“Este ano acredito que a Argentina cresceu muito no envio de carne de qualidade para a China, aproveitando também o espaço deixado por um pequeno nicho de mercado que as plantas americanas abandonaram”, disse.
E acrescentou: “Cada vez mais os importadores chineses estão entendendo o nicho de qualidade e o papel que a Argentina pode ter. Falta-nos, é claro, em nível de indústria e de pecuária, padronizar ainda mais, porque estamos competindo com mercados extremamente padronizados”.
Sobre a CIIE, Casiraghi comentou que “por ser uma feira organizada pelo governo, há muitas fábricas do interior da China e importadores menores que a visitam”.
Por fim, Hugo Borrel, do Arrebeef, concordou que a China “é um mercado que hoje continua sendo insubstituível”.
“Vamos com a mesma expectativa de sempre, por ser nosso principal mercado, que desenvolvemos há muitos anos de forma sustentável, esperando que questões políticas não interfiram no comércio”, concluiu.
O governo da República Popular da China iniciou, em dezembro de 2024, uma investigação sobre importações de carne bovina no âmbito das medidas de salvaguarda.
Embora essas medidas sejam aplicadas globalmente, os principais países investigados são Argentina, Brasil, Estados Unidos, Uruguai, Austrália e Nova Zelândia.
Os requerentes chineses alegam que as importações de carne aumentaram de forma súbita e drástica, o que teria causado sérios prejuízos à indústria de carne bovina da China.
Como resultado, pediram ao Ministério do Comércio da República Popular da China (MOFCOM) que fossem impostas ou aumentadas tarifas sobre as importações.
Diante do início do processo, o IPCVA se apresentou como parte interessada em defesa da indústria argentina de carne bovina e contratou um escritório de advocacia para conduzir a representação.
Após o registro como parte, foram apresentadas as defesas, preenchidos os questionários e iniciada a participação nas diferentes etapas do procedimento, que deve ser concluído no final de novembro deste ano.
Fonte: Infocampo, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.