
O shutdown do governo dos Estados Unidos completa 37 dias nesta quinta-feira, 6, tornando-se o mais longo do país. O bloqueio orçamentário, provocado pela falta de aprovação do novo orçamento federal, já causa um impacto econômico estimado em pelo menos US$ 7 bilhões, segundo cálculos oficiais e de consultorias privadas.
Enquanto o impasse político persiste no Congresso norte-americano, os efeitos da paralisação se espalham por diversos setores, incluindo o agronegócio. No campo, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) opera com serviços reduzidos. Diversos escritórios locais estão fechados ou com equipe mínima, dificultando o acesso de agricultores e pecuaristas a créditos rurais, seguros agrícolas e programas de assistência técnica.
De acordo com comunicado publicado no site oficial do órgão, a paralisação “compromete não apenas o SNAP (Programa de Assistência Nutricional Suplementar), mas também programas agrícolas, inspeção de alimentos, proteção contra doenças em animais e plantas, desenvolvimento rural e a proteção de terras federais”.
Entre as consequências mais sentidas pelo mercado, está a ausência de dados oficiais. No último mês, o setor ficou sem a divulgação do relatório mensal de oferta e demanda mundial de grãos — referência global usada por produtores, exportadores e analistas para embasar estratégias comerciais.
O documento traz informações sobre estoques, produção, consumo e exportações nos principais países produtores — dados considerados essenciais para a formação dos preços internacionais. A expectativa é que o USDA retome a publicação do relatório em 14 de novembro, conforme o próprio departamento informou.
O consultor Carlos Cogo, da Cogo Inteligência em Agronegócio, destaca que, atualmente, não há nenhum outro órgão que produza dados tão detalhados quanto o USDA. “Mesmo com críticas, o USDA produz relatórios de altíssimo nível e que realmente pautam o mercado. Para quem é trader, analista ou produtor, faz muita diferença. Você até pode usar dados indiretos, mas nada substitui a consistência e o alcance das informações americanas”, disse.
Ele ressalta que alguns dados estão sendo publicados. No entanto, faltam números cruciais, como o volume de colheita nos EUA, das exportações ou o estoque final norte-americano. “O mercado discorda sobre tudo isso [estoques e exportações] quando não tem o dado oficial”, indica.
Fonte: Estadão.