Exportações de carne bovina in natura atingem média diária recorde
5 de dezembro de 2025

Carne do Brasil certificada como livre de desmate chega à China

A China comprou pela primeira vez na história um carregamento de carne bovina brasileira cuja procedência foi certificada como livre de desmatamentos legais recentes. O embarque, feito em maio, foi acertado entre a trading chinesa Cofco e a MBRF (então apenas Marfrig), e a auditoria da carga foi realizada pela BDO, conforme critérios do protocolo Boi na Linha e de organizações ambientalistas.

A certificação atestou que a carne exportada foi oriunda de gado criado em áreas no Cerrado que não foram desmatadas após 2020 e em áreas da Amazônia que não foram desmatadas após 2008. Também foi assegurado que os animais não ocuparam locais com embargos ambientais, nem que se sobrepusessem a áreas protegidas ou terras indígenas.

Os critérios para determinar uma carga como livre de desmatamento foram desenvolvidos pelas organizações WWF, TNC, WRI e Imaflora.

Para a verificação, foi analisada toda a cadeia de fornecimento, incluindo os fornecedores diretos e indiretos de boi — que trabalham com a cria e a recria dos animais. Foram analisados dados de monitoramento geoespacial diários.

“Este carregamento demonstra que é perfeitamente possível fornecer carne bovina DCF [sigla para “livre de desmatamento e conversão”] com verificação independente”, afirmou Paulo Pianez, diretor global de Sustentabilidade e Assuntos Corporativos da MBRF, em comunicado.

A transação foi realizada em meio a um aumento da pressão da China por rastreabilidade da carne bovina importada e a investigações no país a respeito do impacto do aumento das importações do produto na indústria local.

Exportadores brasileiros temem que a investigação chinesa resulte em salvaguardas ou cotas que limitem os embarques de carne ao país, que há dez anos é o principal destino da carne bovina brasileira. De janeiro a outubro, os embarques do produto Brasil à China alcançaram US$ 7,9 bilhões.

“Como resultado dos esforços conjuntos do WWF China e nossos parceiros, a China enviou um sinal positivo ao mercado brasileiro de que deseja produtos DCF (livres de desmatamento). Isso demonstra como as decisões concretas de mercado da China estão se tornando fatores cruciais para acelerar a transição global rumo a cadeias de suprimentos livres de desmatamento”, afirmou Lunyan Lu, CEO do WWF China, em comunicado.

Para Mauricio Voivodic, diretor executivo do WWF-Brasil, “ao demonstrar interesse em apoiar cadeias de suprimentos livres de desmatamento e conversão, a China sinaliza para a agricultura brasileira que aqueles que adotarem os critérios e medidas de DCF terão vantagem na abertura de um mercado exigente, competitivo e de alta demanda”. Por motivos sanitários, a China já exige que a carne bovina importada seja oriunda de animais com, no máximo, 30 meses de vida.

Para Pianez, a ampliação dos embarques de carne com garantia de serem livres de desmatamento “exige apoio aos produtores, afinal, não há produção sustentável se ela não for economicamente viável para eles”. Ele defendeu ainda que a rastreabilidade “precisa se tornar política pública obrigatória, vinculada a incentivos”, para viabilizar o ganho de escala desse tipo de operação.

Fonte: Globo Rural.

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