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5 de dezembro de 2025

Com 3,1 Milhões de Bovinos Mapeados, Confinamento Mostra Avanço na Pecuária

Acidose ruminal

A pecuária intensiva brasileira chega a 2025 com um novo fôlego. Os dados do Benchmarking Confina Brasil, estudo conduzido pela Scot Consultoria após quatro meses de estrada, mostram uma atividade em plena expansão territorial, com desempenho zootécnico mais estável, idade de abate em queda e um avanço claro na gestão das propriedades.

A expedição percorreu 30 mil quilômetros, avaliou 184 fazendas em 15 estados e analisou o equivalente a 3,1 milhões de bovinos confinados, construindo um dos retratos mais completos da pecuária intensiva do país.

“Do ponto de vista de mercado, é o número mais importante, o crescimento do gado confinado. Por que isso acontece? Aí é especulação, mas podemos citar muitas variáveis. Entre elas, podemos citar uma tendência entre os pequenos produtores que querem fazer uma terminação intensiva, em opta por terceirizar isso”, diz Alcides Torres, sócio-diretor da Scot Consultoria.

Somando-se aos 270,2 mil animais em sistemas de semiconfinamento (os quais estão bovinos alimentados no pasto), o universo de propriedades visitadas pela expedição reuniu 3,4 milhões de bovinos sob sistemas intensivos e semi-intensivos de produção.

Desse total, o levantamento identificou 2,6 milhões de bovinos confinados destinados ao abate, o que representa 31,7% da projeção nacional, estimada em 8,3 milhões de cabeças confinadas para essa finalidade.

Esse número reflete um crescimento de 11,9% em relação à projeção realizada para 2024, de 7,4 milhões de bovinos, consolidando o avanço da intensificação produtiva no país.

“De forma geral, fatores observados durante a expedição apontam que está havendo uma profissionalização no campo”, diz Torres.

A expansão do confinamento de bovinos

A primeira grande conclusão do Confina Brasil 2025 é que o confinamento deixou de ser um fenômeno restrito ao Centro-Oeste e ao Sudeste. Estados do Norte e Nordeste vêm assumindo protagonismo, puxando o crescimento nacional com intensidade acima do observado nas regiões historicamente consolidadas.

Piauí, Tocantins, Maranhão e Pará apresentaram altas expressivas no número de animais confinados, refletindo mudanças estruturais como a maior disponibilidade de bezerros, o acesso crescente a coprodutos da agroindústria e a expansão agrícola do Matopiba, região que combina partes dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, e é reconhecida como a nova fronteira agrícola do país.

Esse movimento regional confirma que a pecuária intensiva está se tornando mais democrática e diversificada. Ela avança para ambientes antes pouco explorados, impulsionada por logística mais robusta, presença crescente de nutrição industrializada e pelo papel estratégico dos confinamentos na redução da idade de abate e na estabilização da oferta de carne.

Estabilidade, eficiência e previsibilidade no confinamento

Os dados zootécnicos de 2025 mostram um setor que opera com padrões constantes de desempenho, mesmo considerando as diferenças entre sistemas e regiões. O ciclo médio de engorda foi de cerca de 106 dias, uma janela que permite estratégias variadas, desde a terminação curta até recria intensiva no cocho.

ganho médio diário de peso foi de 1,6 kg por animal, enquanto a conversão alimentar ficou próxima de 6,8 kg de matéria seca para cada quilo ganho.

O rendimento de carcaça, indicador central para o frigorífico e para o produtor, alcançou média nacional de 55,6%. Estados com rebanhos mais tecnificados, como Mato Grosso e Goiás, registraram os melhores percentuais, enquanto outras regiões enfrentaram variações associadas ao tipo de animal, genética e disponibilidade nutricional.

Idade de abate cai e confirma tendência da pecuária mais jovem

O levantamento confirma ainda que a pecuária brasileira está abatendo animais cada vez mais jovens. Apenas uma pequena fração das propriedades ainda projeta machos acima de 30 meses, e nenhuma relatou fêmeas acima de 28 meses.

Essa redução é fruto direto do avanço genético, da recria intensiva, do planejamento nutricional e do uso crescente do confinamento como etapa estratégica da produção. Uma cadeia mais jovem traz benefícios econômicos e ambientais, já que reduz o tempo de emissão por animal, melhora a eficiência e padroniza a carcaça.

Pecuária que aprende, cresce e ganha sofisticação

A edição 2025 do Confina Brasil mostra que o confinamento brasileiro vive um momento raro que cresce em escala, avança em gestão, reduz idade de abate, estabiliza seus indicadores e opera com fundamentos positivos no mercado interno e externo. É um setor que combina o pragmatismo do produtor com a inteligência dos dados, resultando em um modelo de eficiência reconhecido dentro e fora do país.

Mais do que números, o relatório evidencia uma mudança cultural. O confinamento passa a ser visto não apenas como etapa final da engorda de gado, mas como elo estratégico da cadeia da carne, capaz de estabilizar oferta, melhorar padrão de qualidade e ampliar a competitividade do produto brasileiro no mundo.

O futuro, segundo o estudo, dependerá da capacidade do setor de transformar informação em decisão, tecnologia em produtividade e gestão em margem. E o avanço de 2025 indica que essa direção já está definida. Clique aqui para conferir os resultados completos.

Fonte: Forbes.

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