Como a China pode influenciar o preço da carne bovina no Brasil em 2026
8 de dezembro de 2025

Índice de Preços de Alimentos da FAO recua pelo terceiro mês consecutivo; carnes seguem em patamar elevado

O Índice de Preços de Alimentos da FAO (FAO Food Price Index – FFPI) registrou nova queda em novembro de 2025, marcando o terceiro mês consecutivo de recuo nos preços médios globais dos alimentos. O índice ficou em 125,1 pontos, uma redução de 1,2% em relação a outubro e 2,1% abaixo do nível observado em novembro de 2024.

Apesar dessa trajetória de queda recente, o índice ainda permanece bem acima dos níveis históricos anteriores à pandemia e segue 21,9% abaixo do pico registrado em março de 2022, no auge das disrupções logísticas globais e dos choques geopolíticos.

A redução de novembro foi puxada principalmente pelos preços de lácteos, carnes, açúcar e óleos vegetais, que mais do que compensaram a alta observada no grupo dos cereais.

O que o movimento geral do índice sinaliza ao mercado

Em termos gerais, a leitura do FFPI sugere um ambiente de maior acomodação dos preços internacionais dos alimentos, apoiado por:

  • Perspectivas globais de oferta relativamente confortáveis;
  • Melhora nas safras em países-chave;
  • Ajustes logísticos após anos de instabilidade;
  • Arrefecimento de alguns focos de demanda, sobretudo em grandes importadores.

No entanto, essa tendência não é homogênea entre os diferentes grupos de produtos. E é justamente no grupo das carnes que aparecem sinais importantes — e até contraditórios — para o mercado global.

Carne: queda mensal, mas preços seguem mais altos que há um ano

O Índice de Preços da Carne da FAO registrou média de 124,6 pontos em novembro, com queda de 0,8% em relação a outubro. Ainda assim, o índice permanece 4,9% acima do registrado no mesmo período de 2024, evidenciando que, mesmo com recuo recente, os preços da carne seguem historicamente elevados.

Essa dinâmica reflete comportamentos distintos entre os diferentes tipos de proteína animal.

Suínos e aves puxam a queda

A redução mensal do índice foi impulsionada principalmente pelos preços da carne suína e de aves.

  • Carne de frango: houve recuo nas cotações internacionais, sobretudo devido à queda nos valores de exportação do Brasil. O movimento ocorreu em um contexto de oferta abundante e concorrência internacional mais acirrada, além do esforço dos exportadores brasileiros para recuperar participação de mercado após o fim de restrições comerciais relacionadas à influenza aviária de alta patogenicidade (HPAI). A China, um dos principais compradores, retirou suas restrições no início de novembro, aumentando a competitividade entre fornecedores globais.
  • Carne suína: os preços também apresentaram queda, principalmente na União Europeia, onde a oferta segue elevada e a demanda externa está mais fraca, especialmente da China. A redução do apetite chinês foi intensificada após a introdução de novas tarifas de importação no início de setembro.

Carne bovina mostra estabilidade

Ao contrário do que ocorreu com aves e suínos, as cotações da carne bovina permaneceram amplamente estáveis no mercado internacional.

Um dos fatores destacados pela FAO foi a retirada de tarifas sobre a importação de carne bovina pelos Estados Unidos, o que ajudou a conter pressões de alta, principalmente sobre produtos australianos. Com isso, grandes exportadores ajustaram seus preços para manter competitividade, resultando em estabilidade nas cotações globais da carne bovina, mesmo diante de uma demanda ainda firme.

Fonte: FAO, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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