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Humberto de Freitas TavaresHumberto de Freitas Tavares é engenheiro, pecuarista e integrante do grupo Provados a Pasto. |
Formação: Engenheiro pela Poli-USP, com pós-graduação no IME-RJ.
Cargo atual: Pecuarista em SP, GO e MT.
Maior realização: Viver da pecuária, e nela progredir.
O que espera realizar: Em 2006 minha meta, junto com o grupo Provados a Pasto e alguns outros parceiros, é viabilizar e construir um centro de comercialização de animais de corte e genética Nelore no vale do Araguaia. Também, junto com outros projetos pecuários que testam touros a pasto, vamos apoiar a iniciativa da presidente da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil, Alice Ferreira, que objetiva divulgar e valorizar estes projetos e seus resultados.
Livro que recomenda: No momento estou lendo o extraordinário “Os Alemães”, de Norbert Elias. Um clássico eterno é “The Art of Contrary Thinking”, de Humphrey Neill.
Empresa que admira: No agribusiness, Aracruz Celulose, Natura, Perdigão, Votorantim Celulose e Papel.
Personalidade que admira: Como muitos já falaram aqui do meu querido amigo Fernando Penteado Cardoso, vou homenagear a memória do prof. Oswaldo Fadigas Fontes Torres, falecido há poucos dias. Aquele catedrático “das antigas”, com direito a terno, guarda-pó e bedel para apagar o quadro, era ouvido em silêncio respeitoso pelos 300 calouros (metade da turma), ao ministrar a cadeira “Introdução à Engenharia”. Com suas inesquecíveis lições de vida, marcou para sempre a maneira pela qual estes jovens iriam atacar e resolver os problemas que se lhes apresentassem. Na lista de discussão que mantemos na Internet, mais de um amigo comentou que fez o mesmo que eu, procurando transmitir aos filhos as lições e a maneira de pensar do eterno Fadigas.
Dica de sucesso: “Sucesso é ser feliz”, já disseram com muita propriedade.
Frase preferida: Piano, piano, si va lontano (Devagar se vai ao longe).
Personalidade de destaque no setor: Pedro de Camargo Neto.
O que está melhorando no setor: O acesso do produtor à informação. Via antena parabólica e via internet.
O que falta no setor: A derrubada, pelo Congresso, da representação sindical única. Só assim nós pecuaristas poderemos delegar a defesa de nossos interesses a representantes plenamente alinhados com nossos objetivos.
Quem gostaria de ver nessa seção: Fabio Dias e Cesário Ramalho.
Visão de futuro: 1) Entrada de novos players: Sadia, Perdigão e estrangeiros atraídos pelos altos lucros conseguidos pelos abatedouros exportadores. O padrão ético no relacionamento com o pecuarista pode mudar um pouco para melhor, mas não o desejo e a possibilidade de manipulação do mercado. No mundo corporativo não há santos. Há possibilidade de esmagamento dos pequenos abatedores se o cerco fiscal – hoje inexistente, por conveniência política – lhes for imposto por exigência do lobby dos grandões.
2) Frigorífico tem direito do confinar boi em grande escala? O fato de operar na compra e na venda lhe permite manipular o mercado físico para auferir ganhos astronômicos, tanto no físico como principalmente no mercado futuro. Esta discussão é antiga nos EUA, e está agora lançada no Brasil. Manipulação é prática proibida e desacredita a BM&F, e pode (deveria) gerar castigos pesados. Manter pecuaristas presos a contratos de entrega física de boi futuro permite o mesmo tipo de jogada, e isso deveria ser monitorado pelos nossos representantes.
3) Nova entidade de promoção da carne. Já não existe o SIC? O momento é de união em torno do SIC, e não de divisão de forças. Tenho acompanhado com admiração o trabalho de esclarecimento sobre a cadeia produtiva da carne, que vem sendo feito pelo SIC com estudantes e seus professores em exposições de gado. Também as campanhas de esclarecimento das donas-de-casa sobre o preparo dos diversos cortes de carne são muito inteligentes e úteis. Isso não pode acabar.
4) Cooperativas de abate. Embora proporcionem alguns anos de convivência sadia entre iguais de boa índole e bom caráter, infelizmente elas não têm como prosperar. No passado já vivemos esta situação no leite. Como é que poderão pagar melhor e competir com quem “é do ramo”, paga menos e, em alguns casos – dizem por aí -, rouba na balança e sonega impostos?
5) Identificação individual compulsória de animais. E não venham dizer que não é compulsória, que é só “para exportação”. Até açougueiro do Frigomato hoje pergunta se a vaca é rastreada. Como é que nós pudemos cair numa cilada destas? Porque a certificação da produção de outras commodities é descomplicada, e a do boi tem que ser “burra”? O pior é que nosso auto-flagelo foi dado de mão-beijada aos europeus, por nossos negociadores “bonzinhos”, e a UE agora quer mais é manter esta exigência eternamente, pois nos enfraquece. Para completar a lambança, muita gente de boa-fé acredita piamente, e apregoa, que “ter brinco” é sinônimo de “garantia de qualidade”.
6) Quando acaba a crise? A perspectiva de câmbio desfavorável até pelo menos o final de 2006, nos leva a prever a continuidade dos abates de fêmeas até níveis críticos. Com isso é de se esperar que a virada na procura por bezerros, quando ocorrer, será muito brusca. Os adeptos do “contrarianismo”, que certamente já vêm estocando machos jovens (“rolando a posição”, se diria no mercado financeiro), não erram se iniciarem desde já a compra de novilhas e touros.
O BeefPoint para você: Uma ágora virtual, sem similar no mundo da pecuária brasileira: ponto de encontro, proselitismo, discussão e saudável contraditório.
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Sem dúvida alguma todos os comentários do Sr. Humberto são muito pertinentes. O profissionalismo e a dedicação são marcas hoje dessa pessoa que tem contribuído muito para o Nelore brasileiro.
Parabéns Sr. Humberto!
Grande Abraço,
Pablo Paiva
Coordenador Nelore Progenel
Parabéns amigo Humberto e muito obrigado pela menção de meu nome. Lembro-me dos seminários na Faz. Mundo Novo, Brotas-SP, em que sua participação sempre nos prestigiava.
Lembro-me também de seu paciente trabalho de editar a gravação dos debates de um deles, tornando viável a divulgação dos anais. Admiro muito sua dedicação à pecuária: persistente, objetiva e de alto nível.
Fico contente com a indicação. Congratulo-me com o BeefPoint e com toda a pecuária nacional. Honra ao mérito. Grande abraço.
Gostaria de parabenizar a sabedoria deste pecuarista, que tive a oportunidade de conhecer e ser sua funcionária.
Parabéns, meu irmão. Agradeço por todos os ensinamentos que você me passou e aplico-os diariamente na minha fazenda, em Palmas/TO.
Dr. Humberto,
Parabéns por suas repostas!
Sua objetividade e demonstração de conhecimento nestas poucas linhas demonstram o acerto do BeefPoint em indicá-lo. Aqui no Sul temos um grupo de discussão da bovinocultura que comunga com muitas das suas observações.
Engenheiro Umberto.
Ante o fato ponderável e real, não se comenta e tão pouco se discute.
De fato a seleção de futuras matrizes, o emprego de IATF e o repasse com touros provados (DEP) tende a formar um plantel de “elite”.
Mas… como Médico Veterinário, tenho aqui minhas convicções e reserva em relação ao Brahaman. No momento atual o Brasil apresenta reprodutores Nelore, Nelore Mocho, Tabapuãn em condições superiores aos Brahaman. Daí a nossa indagação: Por quê Brangus? Heterose? Choque de Sangue?
Deixemos de lado esta abordagem.
Gostaria de ter a oportunidade de apresentar ao nobre profissional um Projeto de minha autoria – Zona de Excelência em Pecuária de Corte -.
Atenciosamente.
Médico Veterinário Romão Miranda Vidal.
CRMV-PR-0039
Prezado ROMÃO MIRANDA VIDAL,
Obrigado pelo comentário. Pelo que você fala, já tem algo escrito. Sugiro que divulgue aqui no BeefPoint, neste fantástico ponto de encontro da pecuária nacional.
Não havia visto os comentários do José Luis, da querida Virgínia, do Henrique, do Pablo e do dr. Cardoso. Muito obrigado a todos.
Tive a honra de ser o editor de dois Simpósios Manah, o “Melhoramento do Nelore” e o “Nelore para Carne”. Vamos gerar uma versão em pdf e distribuir aqui no BeefPoint, dr. Cardoso? A pecuária agradeceria bastante…