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Integração lavoura-pecuária: sucessão de culturas

O monocultivo tem levado a degradação química e física do solo e, principalmente, aumentado a pressão de pragas e doenças no campo. Nos últimos anos, os cultivos sucessivos de soja sem rotação de culturas, têm proporcionado a multiplicação de plantas invasoras de difícil controle.

O monocultivo tem levado a degradação química e física do solo e, principalmente, aumentado a pressão de pragas e doenças no campo. Nos últimos anos, os cultivos sucessivos de soja sem rotação de culturas, têm proporcionado a multiplicação de plantas invasoras de difícil controle. Nas lavouras, plantas invasoras dicotiledôneas competem sobremaneira com a cultura da soja, problema este, agravado pela fititoxidez causada pelos herbicidas pós-emergentes na cultura, e que em muitos casos não proporciona um controle eficiente.

Diversas plantas invasoras têm “sobrado” no campo após a aplicação desses herbicidas, dentre elas a Erva-quente (Spermacoce latijola Aubl.), Corda-de-viola (Ipomoema acuminata Roem.), Carrapicho-rasteiro (Acanthospermum austrofe (Loen.)), Trapoeraba (Commelina benghalensis L.) entre outras, ocasionando perdas de produtividade e problemas durante a colheita do grão.

A integração-lavoura pecuária utilizada na forma de rotação de culturas têm proporcionado benefícios diretos e indiretos para o sojicultor e para o pecuarista. Além dos benefícios da produção animal, a pastagem oferece excelente cobertura do solo para o plantio direto, com palha de boa qualidade.

A rotação da soja com pastagem (dois a três anos de soja e dois a três anos de pasto) propicia benefícios para a cultura da soja e para o pasto, tais como a diminuição de plantas invasoras, quebra de ciclo de pragas e doenças (cancro-da-haste, murcha, nematóides e outras) e aumento da produtividade. Para Broch (1999), tomando-se certos cuidados, áreas de pastagem não trazem problemas para cultura da soja, pois, na linha de plantio, a descompactação é feita pelo disco de corte e sulcador e, após a morte e decomposição do sistema radicular das plantas forrageiras, ocorre a formação de vários canais que permitem a infiltração de água, do ar e do deslocamento de nutrientes em profundidade, descompactando naturalmente o solo.

Abaixo dos 8,0 cm superficiais, o solo encontra-se descompactado devido à abundância e agressividade do sistema radicular (Figura 1).


Fonte: L. Sèguy, S. Bouzinac, CIRAD-CA; A. Maronezzi, Agronorte
Sinop/MT- 2001 (Encarte de informações Agronômicas no 96 – dezembro de 2001 POTAFÓS)
Figura 1 – Sucessão de culturas e desenvolvimento do sistema radicular em plantio direto.

A rotação soja-pasto aumenta a disponibilidade de nitrogênio no sistema solo-planta, permitindo maior estabilidade da pastagem. Principalmente após o primeiro ano, a leguminosa chega a incorporar e fixar ao solo cerca de 100 kg há-1 de N, sendo que na maioria dos casos, uma quantidade representativa dos demais nutrientes (P, K, S entre outros) fica retida na palhada ou no solo, sendo este reciclado para a cultura sucessora (Broch et al., 1997).

Zimmer et al. (1999) citados por Kluthcouski e Aidar (2003), sugerem que a utilização da área com culturas anuais deve ser de até três anos e que, no último, deve-se semear a planta forrageira de interesse. Souza et al. (1997), verificaram que a produtividade da cultura da soja incluída em um sistema de rotação pastagem/culturas anuais foi superior a produtividade de um sistema de monocultivo de soja (13o cultivo de soja) para um mesmo teor de P (fósforo) no solo, o que evidenciou a maior eficiência no uso desse nutriente.

Em áreas com pastagem e solo degradado, a pesquisa tem evoluído bastante no que tange o aumento de produtividade da cultura anual implantada no primeiro ano, através do sistema de plantio direto. Kluthcouski e Aidar (2003) alertam que as expectativas de produtividade das culturas de soja, milho, sorgo ou feijão, no cultivo de primeiro ano em semeadura direta sobre pastagens degradadas, não é das melhores, a menos que insumos adicionais e em doses recomendadas (fosfatagens corretivas, micronutrientes etc) sejam utilizados.

No entanto, a correção do solo de maneira correta (e.g. calagem realizada com, no mínimo, seis meses de antecedência à semeadura da leguminosa, no final da estação chuvosa do mesmo ano agrícola), escolha correta do cultivar, dose de inoculante apropriada (um dos limitantes da produtividade da soja no primeiro ano é a fixação biológica do nitrogênio), semeadura na época adequada, entre outras, tem levado a resultadas promissores no campo.

Literatura citada

BROCH, D.L. Integração agricultura-pecuária no Centro-Oeste do Brasil. In: IV ENCONTRO REGINOL DE PLANTIO DIRETO NO CERRADO. Ed: Waldo Alejandro Rubén Lara Cabezas, Pedro Luiz de Freitas. In: Plantio direto na integração agricultura-pecuária. Uberlândia: Universidade Federal de Uerlândia, 2001. p. 53-60. 2001. 282 p.

BROCH, D.L. Soja PD em brachiaria. Direto no Cerrado, Brasília, v.2, n.4, p.8-9, 1997.

KLUTHCOUSKI, A.; AIDAR, H. Evolução das Atividades Lavoura-Pecuária nos Cerrados. In: Integração Lavoura-Pecuária. Ed. KLUTCHCOUSK, A.; STONE, L.F.; AIDAR, H. – Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2003. 570 p.

SOUZA, D.M.G.; VILELA, L.; REN, T.A.; LOBATO, E. Eficiência da adubação fosfatada em dois sistemas de cultivo em um latossolo de cerrado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 26., 1997, Rio de Janeiro. Anais…Rio de Janeiro: SBCS, 1997. 1 CD-ROM.

A partir de 26 de abril de 2007, agricultores e pecuaristas poderão saber mais sobre técnica de integração que traz benefícios importantes para a atividade agropecuária, por meio do treinamento online Integração Lavoura Pecuária oferecido pela Formação Continuada AgriPoint.

O instrutor é o engenheiro agrônomo da Boviplan Consultoria Pecuária, M.Sc. Antony Hilgrove Monti Sewell, consultor que atua há mais de 20 anos em propriedades de diversos estados brasileiros.

As vantagens da utilização da integração entre lavoura e pecuária são percebidas em 4 segmentos: agronômico, pois recupera e mantém as características produtivas do solo; econômico, diversificando a oferta e obtém maiores rendimentos a menor custo e maior qualidade; ecológico, uma vez que reduz a erosão e a presença de plantas nocivas às espécies cultivadas, reduzindo a necessidade de defensivos agrícolas; e, por fim, social, promovendo maior geração de tributos, de empregos diretos e indiretos, além da fixar o homem ao campo.

Saiba mais, acessando: www.agripoint.com.br/lavoura_pecuaria/

0 Comments

  1. Dickson Martins Rodrigues Junior disse:

    Quero expressar os meus parabéns ao competente Eng. Agrônomo Daniel, pelo trabalho ora exposto neste site.

    Este assunto é de meu interesse e juntamente com este profissional estamos realizando um brilhante trabalho prático em minha propriedade. Estou extremamente satisfeito com a utilização do sistema de integração lavoura-pecuária este ano em 113 ha, pois espero produzir bem na cultura do milho e obter uma pastagem, também de boa qualidade, para utilização animal na época seca do ano. Este trabalho proporcionará, ainda, uma série de vantagens diretas e indiretas para o solo.