Com a decisão argentina de bloquear as exportações de carnes por 180 dias, o governo brasileiro e representantes do setor pecuário já correm para negociar o fim do embargo à carne brasileira, que hoje ainda é mantido por 56 países.
“Com a saída da Argentina do mercado, os países irão rever os bloqueios, pois o mercado ficará desabastecido. O Chile, por exemplo, terá de resolver sua situação junto ao Brasil rapidamente”, avaliou o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Bovina (Abiec), Antônio Jorge Camardelli, em notícia de Márcio Rodrigues para o Diário Comércio e Indústria.
Segundo ele, não há motivos para o país sul-americano, que importa cerca de 120 mil toneladas de carne anualmente, embargar totalmente o produto brasileiro, uma vez que a legislação internacional não dava amparo para tal medida.
Segundo Camardelli, para se abastecer, o Chile tem comprado carne bovina até da Austrália, um mercado de preços elevados. “O Chile está pagando US$ 4.000 pela tonelada de patinho [tipo de corte] da Austrália, enquanto o produto custa US$ 2 mil no Brasil”.
Já o diretor comercial do Grupo Margen, Wagner Diniz, acredita que ainda é prematuro afirmar quais benefícios o Brasil pode obter com a saída argentina do mercado internacional, mas reconhece que a perspectiva é de que a decisão argentina facilitará a abertura de mercados importadores.
O Grupo Friboi, proprietário da Swift na Argentina, manifestou apoio à decisão do governo argentino. “A preocupação do governo argentino em proporcionar melhores preços ao consumidor final é compartilhada pelo Grupo JBS Friboi”, afirma a empresa.
0 Comments
Será que realmente teremos benefícios diretos com o fechamento das exportações argentinas?
No mercado internacional, nós vendemos basicamente preço. Nosso produto não tem a qualidade da carne argentina. Como citado, o Chile está comprando da Austrália pelo dobro do preço e não compra do Brasil.
Todos querem qualidade de produto. Infelizmente nós brasileiros temos que aprender a produzir com qualidade. Enquanto não agregarmos valor ao nosso produto, não teremos consumidores “fiéis”. Não acredito que tenhamos ganhos com a decisão argentina.
Nós não seremos substitutos da carne argentina vendida a 5000 US$/ton para a UE. Nossos frigoríficos são cômodos e preferem comprar bois baratos e vender para mercados que pagam por quantidade.
A qualidade exigida pelo mercado externo a carne brasileira é basicamente tamanho de peças, pagando melhor por peças maiores.
Alexandre Zadra
ABNP