Ministros do Brasil, EUA, UE, Índia, Austrália e Japão insistiram em pressões recíprocas com base nas demandas mais exigentes em Londres, e não superaram o impasse que trava as negociações da OMC.
O Brasil passou a cobrar mais agressivamente um corte adicional nos subsídios agrícolas dos EUA. Já os americanos e a UE exigiram do Brasil uma redução média de 65% nas tarifas à importação de produtos industriais.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, admitiu ser mínima a possibilidade de um acordo sobre fórmulas e percentuais de cortes até abril, prazo fixado em dezembro que permitiria a conclusão das negociações até o fim deste ano.
O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, participou da reunião ao lado de Amorim. Antes, brasileiros e americanos estavam juntos no ataque contra a UE para forçá-la a reduzir o número de produtos agrícolas classificados como sensíveis, que terão corte tarifário menor. A UE acena com compensações por meio de cotas, abrindo seu mercado para quantidades limitadas desses produtos, mas não aceita fixar as cotas de forma proporcional ao consumo doméstico europeu.
Agora, o Brasil ampliou a pressão sobre os EUA para que aceite limites para os gastos da futura “caixa azul”, categoria de subsídios domésticos em que os americanos querem usar cerca de US$ 10 bilhões de pagamentos anti-cíclicos, que compensam produtores de soja, algodão e outras mercadorias quando os preços dos produtos caem no mercado internacional.
A UE também pressionou os americanos. Bruxelas aceita cortar 10% a mais que os americanos nas subvencões domésticas (75% para os europeus, 65% para os americanos). Mas os EUA retrucam que a UE deveria cortar bem mais, porque gasta US$ 80 bilhões/ano com subsídios agrícolas distorcivos, quatro vezes mais que os US$ 19 bilhões dos americanos. A matéria é de Assis Moreira, para o Valor.