Em resposta à proposta do Mercosul de liberalização do mercado europeu e dos países do bloco sul-americano, a UE não apresentou contraproposta e ainda informou que só aceita a conclusão do acordo após o fim das negociações na OMC.
Entretanto, em Genebra, ninguém se arrisca a dizer quando a OMC concluirá a rodada, já que vários prazos foram perdidos. Os negociadores acreditavam que avançariam o processo até maio, quando se realizará a Cúpula América Latina-Europa. Para muitos, seria uma oportunidade para fechar o acordo bilateral. Bruxelas, porém, já descartou a idéia.
A mensagem do comissário de Comércio da Europa, Peter Mandelson, deixa a entender que as concessões que fará ao Mercosul dependerão do quanto a UE será forçada a dar na OMC no setor agrícola. Os europeus estão sendo pressionados a cortar as tarifas de importação em pelos menos 54%, o que não aceitam.
Para Mandelson, uma precondição para um acordo é a garantia de que o produto europeu que entrar em um país do Mercosul terá acesso aos demais. Hoje, não há essa livre circulação.
Ontem, Mandelson foi ao Parlamento Europeu e não poupou críticas ao Brasil nas negociações da OMC. Segundo ele, a “retórica” do governo “não bate com a realidade”. Ele alerta que, enquanto o Brasil reconhece que precisa fazer concessões no setor industrial, não transforma esse discurso em propostas. “Não podemos dar e não receber nada em troca”. As informações são de Jamil Chade para O Estado de S.Paulo.