O agronegócio brasileiro vem sofrendo profundas transformações nos últimos anos, devido principalmente à globalização, abertura dos mercados, estabilização da economia, desregulamentações e ao constante afastamento do Estado no controle do mercado. Com isso, agricultores e pecuaristas devem se adaptar a esta nova realidade, buscando inovações tecnológicas e práticas administrativas modernas, que levem em consideração recursos humanos, contabilidade e conservação ambiental, entre outros.
A crescente preocupação dos vários setores da sociedade com a preservação ambiental é um dos fatores que vem impulsionando as empresas do setor agropecuário a tomarem posturas mais corretas em relação aos aspectos ambientais. Na Comunidade Econômica Européia, por exemplo, devido à ausência de recursos naturais disponíveis para a produção de alimentos, o consumidor final é mais consciente em sua decisão de compra e opta por produtos ambientalmente corretos.
No Brasil, é possível notar que somente agora os consumidores começam a despertar para as questões ambientais, uma vez que alguns efeitos da ausência de cuidados com os recursos naturais tornaram-se fatores freqüentes que atingem diretamente a população, principalmente os produtores rurais, como a estiagem na época do plantio e outras alterações climáticas nunca vistas antes, e seus efeitos devastadores na produção de grãos e nas pastagens para o rebanho.
Hoje, uma empresa agropecuária, de grande ou pequeno porte, que ignore a relevância da importância que o controle dos impactos ambientais que suas atividades podem causar ao meio ambiente, está determinando os limites de sua existência e ao mesmo tempo, está perdendo a possibilidade de gerar uma vantagem competitiva para assegurar um lugar de sucesso no mercado em que atua.
Nos últimos anos, este setor passou por constantes aperfeiçoamentos no seu sistema de produção, através do uso de insumos químicos, máquinas e sementes melhoradas, o que contribuiu para o aumento da produção de alimentos, mas também causou fortes impactos ambientais, como contaminação das águas, desmatamento, desertificação, perda de biodiversidade, erosão dos solos, entre outros fatores que ligam a produção agropecuária com questões globais, como poluição atmosférica, aquecimento terrestre e diminuição da camada de ozônio.
Pensando nestes novos desafios que o produtor irá enfrentar nos próximos anos, a principal ferramenta para evitar a escassez de recursos naturais e para manter a reputação da propriedade rural diante do mercado consumidor, é a sua adequação aos critérios da legislação ambiental vigente no País. Para facilitar tal adequação, são utilizados os chamados Sistemas de Gestão Ambiental (SGA), que podem ser certificados ou não.
Normalmente quando o produtor busca um SGA certificado, ele opta pela norma ISO 14001, que estabelece padrões reconhecidos mundialmente para a gestão ambiental. Diante disso, destacam-se os fatores que são determinantes para o produtor rural saber como iniciar a adequação de sua propriedade à legislação ambiental:
– Diagnosticar a situação ambiental atual de suas propriedades, através de um levantamento das atividades atuais, passadas e futuras.
– Atualizar a legislação ambiental aplicável ao seu negócio.
– Planejar objetivos e metas ambientais de forma que a propriedade fique em conformidade com a legislação ambiental.
– Implementar as melhorias que devem ser feitas na fazenda para adequação aos requisitos da legislação ambiental.
– Realizar melhorias contínuas no SGA da propriedade.
Um SGA irá proporcionar aos produtores os seguintes benefícios de mercado:
– Qualificar a propriedade para obter a certificação ambiental ISO 14001.
– Após a certificação ISO 14001, a propriedade será diferenciada no mercado.
– A propriedade passará a ter produtos com maior valor agregado, podendo colocá-los em faixas diferenciadas de preço no mercado.
– A propriedade poderá atingir com maior facilidade os mercados internacionais, pois a certificação ISO 14001 é reconhecida internacionalmente.
– A propriedade será exposta ao público e servirá como ponto de referência para a preservação ambiental.
– Detectar todos os pontos da propriedade onde acontecem desperdícios de água, energia elétrica, combustíveis, má utilização dos insumos, solucionar tais gastos desnecessários e monitorar tais pontos, para que o problema não aconteça novamente: economia de recursos.
– Otimizar todos os seus processos, aumentando a produtividade.
– Treinar todos os funcionários da fazenda, para atuarem de acordo com os padrões estabelecidos nas normas ISO 14000.
– Focar o gerenciamento nas atividades principais da fazenda, trazendo à tona muitos problemas que poderiam estar ocultados pela rotina do dia-a-dia.
– Favorecer as mudanças, já que todas as pessoas da fazenda devem participar das atividades de conscientização e dos programas de gestão ambiental.
– Minimizar os riscos potenciais dos processos visto que a propriedade passa a funcionar de acordo com a legislação ambiental, demonstrando publicamente que está trabalhando de forma correta.
– Evitar autuações, notificações e multas por parte de órgãos ambientais fiscalizadores.
Enfim, a proposta de implantação de SGA na Cadeia produtiva do leite e da carne surge como uma ferramenta gerencial que irá contribuir para a preservação dos recursos naturais e para a redução da eliminação de resíduos na natureza, tendo assim um importante papel na busca do desenvolvimento sustentável.
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A matéria acima conceitualmente está ótima. Vejo que o assunto está dirigido para médios e grandes produtores. Gostaria que o assunto fosse tratado com pequenas ações e ao longo destas o que estaria atendendo legalmente. Ou seja, direcionar o produtor a fazer levantamentos para requisitos mínimos adequação de sua propriedade. Como exemplo, gostaria de saber sobre fossas sépticas (projetos e construções ecologicamente corretas) seu link com a lei e normas e a partir daí avançar com outras questões. O que realmente é gratificante é que o assunto ambiental passa a ter um público mais diversificado.
Parabéns, a todos e sucesso nas publicações ambientais ao produtor.
Está claro que, cada vez mais, nós produtores temos que adequar nossas propriedades ambientalmente, não basta apenas ter sua reserva legal averbada, precisamos de agir mais em prol da ecologia, só assim iremos melhorar a qualidade vida de todos.
Parabéns pelo artigo.