Ancorada na recuperação dos preços dos produtos agropecuários, nas perspectivas de aumento no consumo doméstico de alimentos e no bom desempenho das vendas externas do setor, a renda dos produtores rurais continuará a crescer em 2003. Neste ano, o PIB da agropecuária cresceu 6,19% entre janeiro e agosto, para R$ 105,6 bilhões. Na avaliação do presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antônio Ernesto de Salvo, a expansão da agropecuária nos próximos anos dependerá da capacidade do novo governo para superar dificuldades administrativas e criar condições de consumo a produtos de primeira necessidade.
O presidente da CNA, que representa mais de um milhão de produtores rurais filiados em dois mil sindicatos, acredita que em 2003 continuará a haver aumentos de preços dos produtos agrícolas. “O mercado, de uma maneira geral, se apresenta comprador e o lado positivo é este: o conjunto econômico. Além disso, o carro-chefe do governo será o programa Fome Zero. Nós temos a comida para esses cidadãos, mas eles ainda não têm a felicidade de ter um emprego, um salário decente e condições de vida”, diz Salvo.
As vendas de carne bovina ao exterior devem manter o mesmo nível de 2002 (US$ 1,1 bilhão) com o início dos embarques do produto in natura aos Estados Unidos dentro de uma cota fixa anual de 20 mil toneladas. O controle da aftosa garantirá o status de área livre da doença e haverá a incorporação de mais 15 milhões de bovinos de Rondônia e Pará às atuais 130 milhões de cabeças declaradas livres com vacinação.
O rastreamento (Sisbov) será estendido a todo o rebanho nacional até dezembro de 2003. A pecuária leiteira continuará a crescer, com reais condições de tornar o País um grande exportador mundial de lácteos. A recente aprovação de EGF para a estocagem de derivados será uma alavanca, mas ainda falta uma política de garantia de renda aos produtores, com crédito e ampliação de programas sociais. A manutenção das medidas antidumping é fundamental.
No comércio exterior, prevê-se um crescimento continuado do saldo de US$ 20 bilhões deste ano no setor. Mas o novo governo terá que ser firme das negociações agrícolas para reduzir práticas protecionistas dos países ricos. O Mercosul exigirá reiteradas ações e sinais para sua manutenção. Na OMC, o Brasil deve manter sua proposta por uma reforma abrangente do comércio agrícola. A Alca abrirá boas perspectivas de acesso a novos mercados, desde que os efeitos das distorções regionais, como a nova Lei Agrícola dos EUA, sejam eliminados ou reduzidos. Até julho, todos os países terão que apresentar suas listas de oferta para redução tarifária. O adiamento nas reformas agrícolas da União Européia deve complicar ainda mais as negociações de um acordo birregional UE-Mercosul.
Fonte: Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), adaptado por Equipe BeefPoint