O Instituto de Promoção da Carne Bovina (IPCVA) da Argentina, uma entidade financiada pelos frigoríficos e produtores do país, decidiu investir cerca de US$ 1 milhão em uma intensa campanha publicitária para “limpar a imagem” do setor, que vem há meses sofrendo desgastes após o forte aumento dos preços internos da carne e o fechamento das exportações decidido pelo Governo.
A iniciativa gerou uma dura polêmica dentro do próprio instituto, que é uma entidade pública não estatal criada por lei em 2001. Como era de se esperar, o representante do executivo do IPCVA criticou duramente a “oportunidade e a racionalidade” desta campanha publicitária e fez objeção à contratação de uma agência publicitária sem que fosse feita uma licitação.
Apesar desta oposição, o Conselho de Representantes do IPCVA ratificou a iniciativa. Assim, em breve, a empresa Nueva Comunicación, escolhida pelo Instituto, colocará em marcha uma campanha cuja idéia central será “esclarecer” a opinião pública sobre o setor produtor de carnes e suas complexidades.
Desde que foi inaugurado, em 2004, as contas do Instituto se acumularam em cerca de 50 milhões de pesos (US$ 16,25 milhões) que devem ser destinados à promoção da carne, tanto no exterior como no mercado interno. Os fundos provêm de contribuições obrigatórias realizadas pelos produtores e frigoríficos. Esta estratégia foi criada em um momento histórico: no começo da década, a Argentina superava a crise da aftosa e devia reconquistar seu espaço no mercado internacional de carnes.
A reportagem é de Matías Longoni, para o jornal argentino Clarín.