As exportações de carne estão no auge entre os principais países produtores da América Latina, mas isso tem impulsionado um aumento nos preços internos dos cortes bovinos que fazem parte da dieta cotidiana dos consumidores.
As exportações de carne estão no auge entre os principais países produtores da América Latina, mas isso tem impulsionado um aumento nos preços internos dos cortes bovinos que fazem parte da dieta cotidiana dos consumidores.
A Argentina, terceiro maior exportador mundial de carne, proibiu no começo do ano por alguns meses a maioria das exportações de carne com o objetivo de controlar os crescentes preços nos açougues. O Paraguai e o Uruguai tomaram medidas menos drásticas, como importar mercadoria ou reduzir impostos ao comércio.
O Paraguai autorizou recentemente a importação temporária de certos cortes de carne com o objetivo de conter os preços domésticos, que subiram 14,4% até agora no ano, mas alguns analistas afirmam que a medida, de três meses, não será suficiente.
No momento mais crítico da proibição das exportações, o presidente da Argentina, Néstor Kirchner, pediu à população para não comprar carne e tentou incentivar o consumo de carne suína como alternativa. A Argentina vem apresentando crescimento nas exportações de carne bovina desde a desvalorização da moeda em 2002, que melhorou a rentabilidade das exportações.
As exportações argentinas de carne atingiram um recorde de US$ 1,4 bilhão em 2005, mas o aumento nos preços internos de um dos principais alimentos do país impulsionou a inflação para 12,3% no mesmo ano.
Em toda a América Latina, a carne é consumida em grande quantidade. No Brasil, as carnes de frango e suíno têm maior aceitação em relação aos outros países e os preços da carne têm um impacto menor na inflação.
“A carne é uma questão cultural na Argentina e no Uruguai e, em menor medida, no Paraguai”, disse o membro da Sociedade Rural Argentina, Marcelo Fielder, que disse que a proibição oficial das exportações foi uma medida “totalmente populista”.
No Uruguai, onde o governo manteve um corte nos impostos ao comércio, as exportações alcançaram um recorde em 2005, de US$ 758 milhões, 21,5% a mais do que no ano anterior. O maior comprador foi os Estados Unidos. Os preços internos registraram um forte aumento logo após o país recuperar o mercado externo em 2003, após um foco de aftosa ter levado a um embargo em 2001. Porém, ao invés de deter as exportações, o Uruguai buscou canalizar os lucros das vendas em rebaixas impositivas, o que se traduz em benefícios diretos aos consumidores.
A reportagem é de Helen Popper para a agência Reuters.