A missão da União Européia que está no Brasil para vistoriar propriedade rurais e o serviço de sanidade animal, sobretudo na zona tampão nas divisas com o Maranhão e Pará, chega esta semana ao Tocantins. O desembarque em Palmas está previsto para quinta-feira, quando está prevista uma reunião com representantes de órgãos públicos ligados à defesa. No mesmo dia, os técnicos deslocam-se para Araguaína, onde está prevista visita uma propriedade rural.
No dia seguinte a missão segue para o Extremo-Norte e para o município de Goiatins, a Nordeste, além de visitar uma propriedade rural em Colinas do Tocantins, no Médio-Norte. No sábado, está previsto o deslocamento para o município de Couto Magalhães, na divisa com o Pará, às margens do rio Araguaia.
A Agência de Defesa Agropecuária do Tocantins (Adapec), deixou à disposição da missão toda a documentação que eventualmente possa ser solicitada. É grande a expectativa da classe produtora em torno dessa visita, uma vez que existe uma convicção no meio de que as exportações para países membros da Comunidade Européia podem acontecer ainda este ano. A presidente da Federação da Agricultura, Kátia Abreu, acredita que esta visita pode representar uma abertura de comércio, uma vez que muitos países, como os asiáticos, por exemplo, ficam aguardando uma definição da UE para poder comprar. Por se tratar de um bloco econômico bastante exigente, suas decisões acabam atraindo outros compradores.
O médico veterinário e professor aposentado da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Enoque Borges, especialista em biotecnologia da reprodução, com dois pós-doutorados na Europa, observa que, por causa de doenças como encefalopatia espongiforme cerebral, conhecida como o Mal da “Vaca Louca”, essa missão da UE estará atenta à qualidade da produção da carne, que no Brasil é feita basicamente à pasto. Também querem saber como os animais se alimentam, se recebem ou não antibióticos. Na indústria, querem conhecer a forma de abate e a forma de desossa.
Segundo ele também querem saber a raça dos animais criados – no Tocantins predomina as zebuínas, que, embora seja tolerante ao calor, tem uma carne mais dura, diferente do gado de origem européia acrescenta Borges. Outro aspecto favorável à carne brasileira, na avaliação de Borges, é o preço. A cotação está em torno de U$ 14 a arroba, considerada muita baixa pelos produtores, uma vez que o preço histórico é de U$ 20/arroba. Ele atribui essa redução ao preço praticado pela Argentina para sair da crise, que chegou a U$ 10 a arroba e acabou arrastando os valores no Brasil para baixo.
Mesmo com pouco tempo de competição no mercado da carne, Borges acredita que o Tocantins tem condições de manter um diferencial competitivo em termos de qualidade, como por exemplo, reforçando seu programa de melhoramento genético, como já vem ocorrendo.
Fonte: Gazeta Mercantil, (por Ivonete P. Motta), adaptado por Equipe BeefPoint