Está em fase final de revisão o manual de procedimentos para o produto Beef Tropical, criado pelo Núcleo dos Produtores de Novilho Precoce de Minas Gerais. O manual de procedimentos atinge toda a cadeia de produção, desde o fornecimento de insumos até a colocação do produto nas gôndolas dos supermercados.
André Galassi Gargalhone, diretor técnico da associação e coordenador do programa Beef Tropical, diz que o objetivo do programa é criar um produto que possa ser classificado como seguro e que tenha qualidade, satisfazendo às exigências do consumidor. Ele destaca que o programa, além de buscar ter a produção controlada desde o nascimento do animal, objetiva também a valorização da produção regionalizada e o incentivo aos produtores locais, desenvolvendo e sustentando sua atividade pecuária, uma vez que o Triângulo Mineiro é um grande pólo de tecnologia no setor produtivo. “O que é mais expressivo nesse programa é a importância que se dá para melhorar a eficiência nos processos produtivos e industriais, aplicando conceitos de gestão integrada e eficiente, e promovendo maior retorno financeiro para o setor. Além disso, procuramos um nicho segmentado de mercado que valoriza mais nosso produto, podendo adicionar algum sobre preço no final do processo”. O núcleo já existe há cerca de cinco anos e o programa Beef Tropical foi criado há um ano e meio. Gargalhone diz que os resultados têm sido muito positivos. “Além disso, é importante perceber que nós não queremos só colocar um bom produto no mercado. Nossa intenção é fazer o negócio do pecuarista render e satisfazer o consumidor”.
A Agropecuária Jacarezinho, localizada no município de Valparaíso, SP, também preparou um manual de qualidade para suas fazendas. Ian Hill, gerente geral da empresa, explica que o objetivo é melhorar a gestão da propriedade, aumentar o conhecimento dos funcionários, agregar valor ao produto, além de aumentar a rentabilidade. “Com uma produção mais eficiente, todos ganham mais”. Ele diz que a resposta tem sido muito positiva por parte dos funcionários, que passam a ver o trabalho de maneira mais clara e objetiva. Além disso, a empresa pode dirigir o produto a outros mercados, principalmente os que exigem determinados padrões de qualidade.
Além desses programas, outras ações que buscam assegurar a qualidade da carne brasileira estão sendo desenvolvidas em todo o País. João Gilberto Bento, do Fundepec, cita o projeto do Pão de Açúcar, que compra a carne de fornecedores qualificados desde a recepção dos animais até a desossa, estocagem e expedição, e os projetos de marca como o Nelore Natural e Montana, por exemplo. O grande problema, para ele, é que, apesar dos muitos programas que visam a qualidade, não há uma ação coordenada que integre esses esforços. Segundo João Gilberto Bento, há duas correntes principais que se dividem na hora de estruturar um plano nacional para a qualidade da carne: uma delas acredita que o articulador desse programa deve ser o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, através do Fórum Permanente de Pecuária de Corte, enquanto outra defende que deve ser o Ministério da Ciência e Tecnologia, através da ABNT . Por enquanto, continua o impasse, mas isso não impede que programas regionais ou privados continuem sendo desenvolvidos com sucesso.
Fonte: Thais de Alckmin Lisbôa, para o BeefPoint