Para combater a entrada clandestina de carne com osso no estado, a Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul vai intensificar a fiscalização nas fronteiras. Só em fevereiro foram apreendidas 70 toneladas de carne com osso.
Para combater a entrada clandestina de carne com osso no estado, a Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul vai intensificar a fiscalização nas fronteiras. Segundo notícia do Estadão/Agronegócios, só em fevereiro foram apreendidas 70 toneladas de carne com osso, principalmente costela, nos oito corredores sanitários fiscalizados, sempre com notas frias de frango ou frutas.
A medida sanitária tem gerado controvérsias e uma reavaliação da portaria deverá ser feita na sexta-feira em reunião entre a cadeia produtiva da carne e o Secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul, João Carlos Machado. Rondônia e Santa Catarina pediram formalmente ao governo gaúcho para que a carne proveniente desses dois estados seja liberada. A pressão tem o apoio da indústria de carne. “É uma barreira econômica”, disse o presidente do Sindicato do Comércio Atacadistas de Carne Fresca, Marcos Lunardelli.
Já a Federação de Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) e a Frente Parlamentar do Agronegócio da Assembléia Legislativa são favoráveis à manutenção da proibição. O deputado Cassiá Carpes lidera um abaixo-assinado que pede ao governo a preservação da defesa sanitária do rebanho gaúcho. O documento que reúne, até agora, 30 assinaturas de parlamentares, será entregue ao secretário da Agricultura.
Machado, por sua vez, encomendou parecer técnico do Departamento de Produção Animal (DPA). “Minha decisão vai se basear no laudo técnico. A própria indústria sabe que precisa manter os mercados que conquistou por causa da condição sanitária. Vamos chegar a um consenso”, disse.
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A proibição da entrada no Estado do Rio Grande do Sul das carnes com osso procedentes de Rondônia e Santa Catarina beira o absurdo. De clandestina não têm nada, pois são carnes de animais abatidos em frigoríficos com inspeção federal. O Estado de Santa Catarina é livre de febre aftosa com vacinação, condição já reconhecida pelo Comitê Veterinário da OIE e que será ratificada na reunião plenária dos seus membros no próximo mês de maio.
Como pode um estado livre sem vacinação não conseguir vender num outro Estado livre com vacinação ? A Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul, por pressão interna, desobedece as normas do Ministério da Agricultura e cria as suas próprias, alegando que precisa proteger o seu status de livre com vacinação. O que se esconde por detrás é um jogo de interesses econômicos manipulado com o objetivo de manter elevados os preços do boi gordo em seu estado, conforme aliás vem se verificando há tempos. A indústria local paga o pato pois não consegue competir no mercado nacional em razão do elevado preço do boi em relação aos outros estados produtores, além de prejudicar fortemente o próprio consumidor gaúcho que acaba pagando a carne mais cara do país. E tudo isso sob as benesses do Governo do Estado do Rio Grande do Sul.
Até o presente momento a Secretaria da Agricultura e Abastecimento tem atuado de maneira técnica e merece reconhecimento, pois não tem cedido às pressões do mercado atacadista de carne e da indústria frigorífica para liberar as importações de carne com osso de outros estados. É sabido que os estados de Santa Catarina e Rondônia possuem status de zona livre e tem seus méritos por isto, porém, mesmo assim não podemos facilitar.
O que é de impressionar, é que só se ouve falar nas apreensões, mas não de punição a quem vai receber as mercadorias. Enquanto não forem desbaratadas estas quadrilhas de contrabandistas que visam única e exclusivamente o seu próprio lucro estaremos à mercê de um novo foco de aftosoa que viria a ser prejudicial para toda a cadeia.
Se foram apreendidas 70 toneladas de carne com osso que entrariam ilegalmente no estado, quanto de fato não acabou chegando nas gôndolas de supermercados e açougues?
É a pergunta que fica, e espero que comecem a aparecer punições para os receptadores destas carnes apreendidas, e que “sejam dados nomes aos bois”, pois precisamos saber quem está participando deste desserviço à produção primária do estado.