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RS: será liberada entrada de carne com osso

Uma nova portaria permitirá ao Rio Grande do Sul receber carne com osso de locais com o mesmo status sanitário gaúcho: Acre, Rondônia, Santa Catarina e mais dois municípios do Amazonas. A decisão foi tomada ontem pela Secretaria da Agricultura e Abastecimento, que pôs fim ao impasse no setor.

Uma nova portaria permitirá ao Rio Grande do Sul receber carne com osso de locais com o mesmo status sanitário gaúcho: Acre, Rondônia, Santa Catarina e mais dois municípios do Amazonas (Guajará e Boca do Acre). A decisão foi tomada ontem pela Secretaria da Agricultura e Abastecimento, que colocou fim ao impasse no setor. Ainda não há data para publicação da medida e continua valendo a proibição.

De acordo com as novas regras, a empresa interessada em comprar carne com osso dos locais permitidos deverá pedir autorização ao Departamento de Proteção Animal (DPA) da Secretaria da Agricultura e monitorar, através de carimbos de inspeção, a carga até seu destino. Com a chegada da mercadoria, fiscais da secretaria, no caso de inspeção estadual – Cispoa, ou do Ministério da Agricultura, SIF, realização a conferência da carga.

O texto determina ainda a forma de embalagem e a identificação das peças com lacre tipo exportação. Caso haja o descumprimento da portaria, a carga será destruída e o destinatário poderá ser excluído de programas estaduais de incentivos e benefícios, como Agregar-RS, Fundopem e outros, e perder o direito ao recebimento de novas cargas.

De acordo com o secretário João Carlos Machado, a decisão foi tomada com base em parecer do DPA com o objetivo de resguardar o status sanitário. “É impossível contentar a todos, mas a nossa decisão é a melhor para o Rio Grande neste momento”, avaliou.

Quem comemorou a medida foi o Sindicato da Indústria da Carne (Sicadergs). Segundo a entidade, em fevereiro as empresas operaram com 30% de ociosidade. “A indústria prefere abater animais, mas em momentos de escassez de boi gordo, como agora, a desossa de carcaças de outros estados é uma alternativa para movimentar os frigoríficos”, comentou o presidente do Sicadergs, Ronei Lauxen.

Entretanto, o presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Carlos Simm, nega que haja falta de gado e acha um risco a abertura do mercado gaúcho para locais com mesmo status sanitário, argumentando que poderia facilitar a entrada ilegal de produto de condição inferior. Também há o temor de que o preço pago pelo quilo do boi gordo possa sofrer queda. “Saio frustrado, já que a posição de todos produtores era a de manter a portaria 15 (que proibia o ingresso)”, disse em reportagem do Zero Hora/RS.

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  1. João Alberto Haag Luiz disse:

    Eu vejo a liberação da entrada de carne com osso no RS com muita apreensão. Temo que o preço do gado gordo tenha uma redução se confirmada essa medida, num momento que o envernador gaúcho enfrenta sérias dificuldades devido aos altos preços do gado de invernar.

  2. Julio Forster de Freitas Lima disse:

    O grande problema não é a abertura das fronteiras do estado para outros locais de mesma condição sanitária, aliás,isto é o que deve ser feito pela lógica técnica.O grande problema é que o governo do estado do Rio Grande do Sul não tem condições através da Secretaria da Agricultura de fiscalizar as nossas fronteiras, nem as nacionais nem as internacionais.O órgão fiscalizador está sucateado e não funciona. Dos raros postos que existem,alguns são somente carimbadores de notas e não fiscalizam nada.

    No último concurso de admissão de novos funcionários, 70% foram para serviços burocráticos e poucos para os postos de fiscalização fazer o trabalho a campo. Por outro lado, a indústria (Sicadergs) sabendo das condições do órgão fiscalizador força a abertura para atenuar os constantes contrabandos de carne com osso que os filiados ao Sindicato da Carne fazem, constatados pelas últimas apreensões durante o verão passado que os fiscais, trabalhando pouco e com suas precárias condições puderam fazer.

    Portanto, se uma fiscalização séria e competente não é possível, o melhor é manter fechado o ingresso de carne com osso. Os pecuaristas do Rio Grande que foram os que arcaram com os prejuízos dos últimos focos de aftosa, com a depressão dos preços até ao ponto de não botar mais vaca em cria por não valer a pena pelo preço do terneiro, ocorrido nos últimos anos, precisam ter claro que a dita Cadeia da Carne não existe como sistema econômico harmônico. Cada um puxa para seu lado, usando dos mais ardilosos argumentos e atitudes para garantir suas margens, tanto a indústria como o varejo.

    Os preços do gado no Rio Grande estão altos como estão porque nada como um dia depois do outro, quando o gado não valia nada, essa dita indústria organizada se lavou ganhando dinheiro com programas de incentivos tributário e preços de boi baixo em prejuízo da atividade de produção de gado que tem no estado mais de 300 mil produtores vinculados.

    O abate de matrizes era intenso, a venda de reprodutores era mínima e consequentemente, só podia dar no que deu. Os preços da reposição foram para as nuvens e calçou o preço de gado terminado. o interessante é quando o produtor estava trabalhando no vermelho, nenhum parceiro da dita cadeia da carne apareceu para ajudar. Algumas ações foram feitas para baixar os estoques, como por exemplo, as exportações de animais vivos para o Oriente Médio, a tentativa de exportar gado vivo para o Uruguai, enfim, no desespero foram surgindo ações desordenadas dos produtores com o objetivo de atenuar a situação dos preços baixos.

    Convém ainda lembrar a péssima participação das nossas lideranças classistas nesse episódio. Concluindo, esse quadro deve ser mais analisado e debatido com responsabilidade por ser um dos setores da economia gaúcha de grande importância. Mas sempre que isso for feito deve ter transparência e lucidez, utilizando dados reais, com objetivos claros.