Nos últimos 15 anos tem havido ascensão na conservação de forragens na forma de fardos revestidos por filme plástico, sendo que na Europa este método representa de 30 a 80% do total de MS colhida para silagem, dependendo do país a se considerar.
Nos últimos 15 anos tem havido ascensão na conservação de forragens na forma de fardos revestidos por filme plástico, sendo que na Europa este método representa de 30 a 80% do total de MS colhida para silagem, dependendo do país a se considerar.
O armazenamento em silos-fardos tem vários aspectos positivos, pois a forragem é compactada logo após a colheita, desse modo o silo pode ser preparado diretamente no campo, o que minimiza a aeração da massa (Figura 1). Além destes aspectos, cada silo constitui uma unidade independente, o que leva a redução no risco de deterioração aeróbia durante a utilização (fornecimento aos animais), pois cada unidade possui pequena dimensão.
Por estes motivos, tal tipo de conservação pode ser aplicada em propriedades de pequeno porte e a maioria das máquinas utilizadas na produção de feno podem ser empregadas na confecção do pré-secado.
Figura 1. Elevação da temperatura da massa de silagem em relação ao tempo após o revestimento.
Entretanto, deve-se estar atento a alguns cuidados, pois a aeração que é minimizada durante a confecção pode ser tornar um dos principais problemas durante o armazenamento dos fardos, pois estes possuem alta relação superfície/volume o que facilita a movimentação gasosa ao longo de toda a massa ensilada.
Portanto, o sistema de produção de silagem pré-secada em silos-fardos apresenta como principais entraves o adensamento/compactação da forragem e o revestimento da massa.
Um dos recursos que se têm para elevar a densidade dos fardos é o uso de enfardadoras com dispositivo de corte (Figura 2). Segundo Borreani & Tabacco (2006) a presença de forragem processada eleva de 5-10% o valor de densidade da massa, quando comparado ao sistema tradicional (ausência de picagem). A redução no tamanho das partículas, além de colaborar para o extravasamento do conteúdo celular (efeito benéfico na acidificação e redução do pH da massa) e redução da porosidade pelo efeito adensamento, também facilita a confecção da ração no momento de alimentar os animais.
Ainda, para conter a excessiva porosidade da massa, deve-se evitar concentração de MS acima de 50%. A densidade de fardos, confeccionados com teores de MS entre 25 e 45%, utilizando-se enfardadoras de compressão fixa ou variável, variam, respectivamente, entre 110-160 kg MS/m3 e 150-190 kg MS/m3.
Figura 2. Efeito do dispositivo de corte na densidade de silagens pré-secadas de alfafa.
Salienta-se que, em forragens úmidas (25-30% MS) a enfardadora não consegue exercer grande pressão sobre a massa por haver resistência da parede celular, pois se as células já tiverem sido desidradatas parcialmente, o equipamento tem a chance de produzir fardos mais densos. À medida que aumenta a densidade dos fardos, diminui o número de fardos por tonelada de MS e, conseqüentemente, a quantidade de filme plástico por tonelada de MS, gerando economia no sistema (Tabela 1).
Tabela 1. Influência do grau de desidratação da forragem sobre a densidade, número e peso de fardos e quantidade de plástico utilizada para o revestimento.
Outra preocupação relevante dos produtores rurais e do meio científico em relação aos fardos, esta na qualidade e quantidade de filme plástico que os reveste. As tipologias dos filmes plásticos para a proteção das silagens apresentam cores e espessuras diversas. Segundo Kuzin & Savoie (2001), as perdas nas áreas periféricas do silo são influenciadas pela espessura do plástico que deve ser proporcional ao tempo de estocagem da silagem.
Além desta propriedade física, a permeabilidade ao O2 pode ser alterada pela coloração do plástico e pela temperatura ambiental. As flutuações da temperatura (evidente entre o dia e a noite) determinam diferenças de pressão entre o gás no interior do silo e aquele da atmosfera circundante, sendo que tais diferenças causam fluxo de gás, do exterior para o interior e vice-versa, quanto maior for a permeabilidade do plástico.
Forristal et al. (1999) avaliaram em silos-fardos a influência do número de estratos do filme plástico (2, 4 e 6) e da coloração deste (preto, branco, transparente, verde e verde claro) sobre as perdas e a composição do gás ao longo do armazenamento. A coloração não influenciou sobre os parâmetros estudados, porém, nos silos onde estavam presentes seis estratos houve maior recuperação de MS e crescimento inferior de fungos.
Portanto, a aeração da massa provocada por problemas no adensamento e/ou por deficiências na vedação pode elevar as perdas, seja no armazenamento ou na utilização da silagem, o que leva a silagem pré-secada a se comportar como opção pouco eficiente na preservação da forragem.
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Prezado Jose Guilherme Abdon,
Desconhecemos algum equipamento que possa auxiliá-lo. Em relação ao consumo de silagem por equinos, existem alguns trabalhos que comentam sobre seu uso para tais animais. Entretanto, não possuimos experiência na nutrição equina.
Atenciosamente
Rafael e Thiago