Até a última quarta-feira (09), 5,3 milhões de cabeças já estavam registradas no Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov). Isso não representa nem 5% do rebanho bovino nacional, mas o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) garantiu que não faltará carne rastreada para exportar aos europeus a partir da próxima semana.
No último mês, a procura pelo sistema chegou a dobrar. De 10 mil cabeças por dia passou para 20 mil bovinos inscritos diariamente. Um ritmo que o Mapa faz força para manter. “Vendi três caminhões de vacas a um frigorífico de Mato Grosso do Sul e ganhei R$ 1 a mais por arroba pela qualidade dos animais e por serem rastreados”, revelou, animado, o pecuarista e secretário-executivo do Mapa, José Amauri Dimarzio.
Ele faz questão de afirmar que os primeiros reflexos do processo de rastreabilidade começam a aparecer no bolso do produtor e nos números do ministério. Mais do que empolgação dos pecuaristas, essa é uma reação a uma determinação do governo.
No início do mês passado foi estabelecido que a partir do dia 15 de julho os animais precisarão estar rastreados e há 40 dias registrados no sistema para que a carne possa ser exportada para a União Européia. Uma exigência do mercado europeu que chegou a deixar alguns frigoríficos em alerta, com medo de que faltasse produto rastreado.
O coordenador do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, concordou com Dimarzio. Segundo o dirigente, são necessárias 12 milhões de cabeças rastreadas por ano para atender à demanda externa. Somente os europeus ficariam com 50% desse total. Com o atual estoque, a demanda estaria atendida.
“Já que existe a regra, ela tem que ser cumprida. Agora, esse é um trabalho que passa a ser executado pelo produtor. Estão todos conscientes disso”, afirmou Nogueira.
O mercado, porém, reconhece que poderá haver problemas localizados de abastecimento nesse primeiro momento, mas não a ponto de comprometer a exportação. Apesar disso, nesta semana, indústria e produtores chegaram a levar ao governo a proposta de regulamentar a chamada certificação de origem ou o cadastro da fazenda.
O diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras, Ênio Marques, defendeu que as propriedades organizadas poderiam aderir facilmente a essa alternativa, o que quebraria as últimas resistências ao Sisbov.
Dimarzio não descartou essa possibilidade. A idéia, porém, precisa ser aprovada pela clientela internacional. Em breve, o assunto deverá ser debatido com a União Européia.
Fonte: Zero Hora (por Carolina Bahia), adaptado por Equipe BeefPoint