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Frigoríficos retomam abates

O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Maçao Tadano, disse, na sexta-feira (18), ter sido informado por frigoríficos exportadores de que as compras e o abate de bois foram retomados. No dia anterior, o Fórum Nacional da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) havia acusado os frigoríficos de suspender a compra de gado, alegando falta de animais rastreados, exigência da União Européia. Para o fórum, houve formação de cartel.

O Ministério ameaçou os frigoríficos com a suspensão de certificado sanitário para exportação à União Européia.

Na sexta, segundo Tadano, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), Edivar Vilela, e o empresário, Antônio Russo, representando os frigoríficos Independência, Bertin e Friboi (maiores exportadores de carne bovina à UE), comunicaram ao Mapa a retomada das atividades.

No fim do dia, o presidente da Abiec disse que se expressou mal ao utilizar a palavra “retomada”. Ele reconheceu, no entanto, que houve diminuição do abate porque “não havia boi rastreado”. Vilela negou que tenha havido uma ação em conjunto do setor com o objetivo de derrubar os preços do boi.

Segundo Tadano, “a maioria” dos frigoríficos exportadores paralisou as atividades na quinta-feira (17), o que considera “lamentável”. Conforme ele, se o locaute se repetir, o Ministério tomará “medidas amplas e profundas”, como a interrupção da emissão dos certificados sanitários até a suspensão do registro dos frigoríficos.

O presidente do Fórum Nacional de Pecuária, Antenor Nogueira, disse esperar que “o mercado determine os preços do setor”.

A novela da rastreabilidade se arrasta, em grande parte, porque nem frigoríficos nem pecuaristas querem arcar com os custos da certificação. De acordo com Tadano, alguns frigoríficos estariam pagando ágio de R$ 1,00 por arroba pelo boi rastreado.

Desde 15 de julho, o Ministério só emite certificado sanitário para animais incluídos na base de dados do Sistema de Identificação e Certificação de Origem Bovina (Sisbov) há pelo menos 40 dias antes do abate. Segundo o Mapa, a base nacional do Sisbov contém mais de seis milhões de animais.

Nogueira lembrou que, do produto que segue para o exterior anualmente (900 mil toneladas), apenas 40% (360 mil toneladas) têm como destino a União Européia. Os demais mercados não exigem carne rastreada. A CNA estima que são abatidos 35 milhões de animais/ano no País, que resultam em 7,5 milhões de toneladas de carne.

Renúncia

O diretor executivo da Abiec, Ênio Marques, renunciou ao cargo sexta-feira, expondo a faceta mais visível da crise na entidade. “Só os diretores podem falar em nome da Abiec. Se algum deles afirmou que os frigoríficos estavam suspendendo as compras, significa que fiquei fora desse processo. Não me sinto confortável em continuar respondendo pela associação”, afirmou.

Segundo Marques, os membros da Abiec não se comunicaram durante a crise. O presidente, Edivar Vilela de Queiroz, estava no exterior desde o dia 11, retornando apenas no dia 18.

Perguntado se a crise poderia estar relacionada com a eleição na Abiec, amanhã, Marques disse: “Acho que os frigoríficos deveriam ter voz única. E essa voz deveria ser a Abiec”.

O mandato da atual diretoria já expirou, porém foi estendido por dois meses, que terminam no final deste mês.

Fonte: Valor On Line (por Alda do Amaral Rocha) e Gazeta Mercantil (por Carlos Bortolás), adaptado por Equipe BeefPoint

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