Além dos irlandeses, agora os pecuaristas brasileiros têm que enfrentar a fúria de 12 associações de agricultores da Grã-Bretanha e da própria Irlanda, que apresentaram uma queixa formal junto ao ombudsman - ou provedor de justiça - da União Européia (UE), que investiga casos de má administração nas instituições e organismos do bloco. Eles querem barrar a entrada de carne bovina na UE.
Além dos irlandeses, agora os pecuaristas brasileiros têm que enfrentar a fúria de 12 associações de agricultores da Grã-Bretanha e da própria Irlanda, que apresentaram uma queixa formal junto ao ombudsman – ou provedor de justiça – da União Européia (UE), que investiga casos de má administração nas instituições e organismos do bloco. Eles querem barrar a entrada de carne bovina na UE.
Segundo reportagem de Assis Moreira, do Valor Econômico, o grupo, batizado de Fairness for Farmers in Europe (FFE), acusa o comissário de Saúde e Proteção do Consumidor da UE, Markos Kyprianou, de deixar a carne brasileira entrar na Europa e de interferir nos direitos dos agricultores europeus. A argumentação é que o comissário continua ignorando “evidências de riscos” da carne brasileira para a saúde humana e animal.
A partir da queixa, o ombudsman, Nikoforos Diamandouros, já indicou um advogado para examinar se há razões específicas para aceitá-la.
Se a decisão for positiva, o que demora algumas semanas, o ombudsman fará uma investigação completa sobre todos os relatórios envolvendo a carne brasileira, incluindo os não publicados pela Comissão Européia.
Kyprianou respondeu que assume “total responsabilidade” sobre a importação da carne do Brasil, e reiterou que toma suas decisões com base em elementos de “saúde pública”, não em “considerações comerciais ou econômicas”.
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É impressionante o arsenal de argumentos utilizados contra a carne produzida no Brasil.
Felizmente a maioria deles é de fácil contestação, pois estão baseados em fatos diretamente relacionados ao continente europeu tais como: falta de sol, falta de terra barata, falta de pastagem em boa parte do ano.
Estas limitações criam a total dependência de grãos e proteína animal para o manejo alimentar do rebanho com as conseqüências já conhecidas (vaca louca).
Tais limitações criam também a total dependência dos subsídios governamentais para a sobrevivência da atividade em um ambiente de competição global.
O último (ou penúltimo) deles vem de associações tais como a English Beef and Lamb Executive (EBLEX), que diz que a carne zebuína não possui a qualidade desejada. “Segundo o site MeatNews.com, pelo novo requerimento, que foi concordado pelo Departamento de Meio-Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais (Defra), o gene zebu está proibido de aparecer em qualquer carne bovina ou produtos de carne bovina que carregam a Marca Padrão de Qualidade”. Ver artigo do BeefPoint sobre o assunto (Padrão de qualidade britânico exclui gene zebu).
Felizmente para nós, os argumentos utilizados contra nossa carne não se sustentam e mostram o desespero deles com a incapacidade que tem de produzir carne a custos competitivos exigidos pelo mercado global.
Infelizmente para nós, temos um ponto extremamente vulnerável: nosso manejo sanitário é precário, nossos dirigentes não dão a importância devida ao assunto, e temos a aftosa para garantir a eles (europeus), que somos primários em se tratando de sanidade, garantia de origem e rastreabilidade do que produzimos.
Para finalizar, após o reconhecimento pelo estado de sua incapacidade técnica e política para implantar um sistema de garantia de origem e rastreabilidade, temos 2 organizações (CNA e ABCZ) em conflito para assumirem tal tarefa.
Desconfio que ambas desejam o poder que tal atividade trará a cada uma delas, pois desde o início deveriam ter contestado o tal Sisbov e não o fizeram, e o sistema está capengando até hoje, e se não o modificarem bem, sua implementação efetiva não será viabilizada.
Resumindo: não necessitamos de inimigos externos, cumprimos muito bem esta tarefa internamente.
Há mais de vinte e cinco anos que essa briga existe e eles vão continuar a bater com força, pois sabem de longa data que somos relapsos, preguiçosos e “espertinhos”, sempre tentando buscar uma maneira de burlar leis, tratados e acordos.
Eles sabem também, que não existe outro pais no mundo, com a capacidade de produzir carne de qualidade, quase que naturalmente como o Brasil.
Eles conhecem todos os nossos pontos fracos e só temem uma coisa: que um dia criemos vergonha na cara e passemos a cumprir normas e acordos com a honestidade necessária.
Porém, creio que esse dia está um tanto longe, já que aqui no Brasil não há acordo, nem ordem, mesmo dentro das entidades de classes que deveriam e têm a obrigação de nortear as ações de seus associados, maiores interessados em que as coisas funcionem bem.
Ao invés de procurarem seguir protocolos e exigências de nossos clientes importadores, ficam a buscar conveniências pessoais ou de grupinhos, incluindo-se aí criadores, confinadores, frigoríficos, exportadores que ainda acham que aquele jeitinho brasileiro vai continuar funcionando.
Gente! Ponham uma coisa na cabeça de uma vez por todas, se quisermos ser o maior exportador de carne bovina de qualidade, teremos que aprender muitas coisas, entre elas, que eles tem dinheiro para pagar, por isso podem criar normas e exigir qualidade. Que apesar de termos as melhores condições para produzir quantidade, não temos a cultura da qualidade e cá para nós, somos mais desonestos que eles e temos que assumir e mudar isso.
Alguns exemplos: ainda nos dias de hoje, temos criadores e não são poucos que compram vacinas de aftosa e não vacinam o gado.
Mais de 80% de nossos criadores têm péssimo manejo de bezerros, criam muito mal e não conseguem qualidade.
Temos ainda a cultura do boi branco e do cupim. Criadores que insistem em dizer e crer, que zebu é boi de corte, só porque a raça não exige grandes cuidados, mas na contra partida também não dá grandes resultados se não for cruzada com raças precoces, enfim, são criadores extrativistas e não empreendedores.
Esses mesmos criadores, se usassem com eficiência a máquina de fazer carne brasileira, que é a vaca nelore e deixassem de malhar em ferro frio, estariam em outro patamar, usando a tecnologia do cruzamento industrial com raças adequadas, é claro.
Os frigoríficos que sempre arrancaram além do couro do animal também o couro do criador e nunca investiram em programas de qualidade, deveriam investir em grandes estruturas de confinamentos para dar melhor acabamento às carcaças para exportação e também para nosso próprio consumo.
A pecuária bovina de corte brasileira tem três ótimos exemplos a seguir aqui dentro mesmo:
1) A ABIEC, presidida por um ícone da pecuária nacional Dr Pratini de Morais.
2) A avicultura brasileira, dando show de qualidade e quantidade exportada com recordes sobre recordes e.
3) A suinocultura, outro segmento que faz inveja, pela evolução conseguida nos últimos anos.
Penso que o maior inimigo do gado brasileiro é o pecuarista brasileiro que não se informa, não reinvindica seus direitos, e se conforma com a pouca vergonha do nosso governo, principalmente com o descaso para com o produtor. Precisamos de um marketing agressívo lá fora mostrando o nosso gado, nosso povo, nossa cultura, de um ministério da agricultura que realmente nos represente lá fora.