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GO: Sindicarne quer debater rastreabilidade com os integrantes da cadeia da carne

A indústria frigorífica goiana decidiu que não participará, pela imprensa, de bate-boca com as entidades de pecuaristas sobre a questão da rastreabilidade bovina. Ao invés disso, está propondo a todos os segmentos da cadeia produtiva e aos órgãos públicos afins, a elaboração de uma agenda para a discussão dos problemas do setor.

“Não podemos agir como adversários, mas como parceiros que eventualmente tenham interesses divergentes, mas que não podem colocá-los acima dos objetivos maiores da cadeia produtiva e do próprio País”, disse o presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes do Estado de Goiás (Sindicarne), José Magno Pato.

Para o dirigente, essa negociação poderia se dar no âmbito da própria Câmara Setorial da Carne da Secretaria da Agricultura, envolvendo desde as entidades de pecuaristas, frigoríficos e empresas certificadoras, até os órgãos relacionados ao setor, como a Secretaria da Agricultura, Agência Goiana de Desenvolvimento Rural e Fundiário (Agenciarural) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), através de sua delegacia no Estado.

O presidente do Sindicarne afirmou que a rastreabilidade “precisa emplacar”, rapidamente, pois o País não pode continuar correndo o risco de ser excluído do mercado europeu a qualquer momento, por ineficiência do Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov). “E é bom que se diga que não podemos encarar a rastreabilidade com uma visão meramente burocrática, de papeizinhos bonitos e cheios de carimbos. Temos de implantar um sistema sério, eficiente, capaz de conquistar credibilidade junto aos exigentes consumidores dos países desenvolvidos”, advertiu.

Para Magno Pato, entretanto, a implantação do Sisbov só chegará a bom termo e com a urgência requerida, se os membros da cadeia produtiva agirem em parceria para promover e divulgar o sistema, conscientizando o produtor das vantagens da rastreabilidade, não só para a manutenção e abertura de novos mercados no exterior, mas para a modernização do seu próprio criatório.

Para Magno Pato, acontece com a rastreabilidade hoje o mesmo que aconteceu com a luta contra a aftosa no passado. Durante três décadas o governo tentou sozinho e sem sucesso o controle da doença. Só quando entendeu que a questão não era simplesmente burocrática, mas de mobilização e de envolvimento de todos os segmentos interessados, os esforços surtiram efeito e em poucos anos o mal estava debelado.

Custo

Quanto ao custo da rastreabilidade, ao redor de R$ 4,00 por animal, Magno Pato disse que torna-se um componente do custo de produção da carne e, como tal, deve ser diluído ao longo da cadeia produtiva.

Segundo ele, não é justo que o pecuarista arque sozinho com esse valor, mas também não é correto que se utilize dos estoques de bois rastreados para manipular os preços de mercado. “Precisamos ter em mente que a rastreabilidade não é uma agregação de valor ao nosso produto, é uma exigência de segurança alimentar, sem a qual não colocaremos mais a nossa carne na mesa do consumidor europeu”.

Magno Pato ponderou que a rastreabilidade é um assunto tão delicado, que é a única barreira não tarifária contra a qual ninguém ousa se manifestar. “É uma exigência em princípio tão justa, tão claramente de interesse da saúde pública e da segurança alimentar, que criticá-la seria constrangedor até mesmo para nós”.

Fonte: O Popular/GO (por Edimilson Souza Lima), adaptado por Equipe BeefPoint

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