Os frigoríficos exportadores de carne bovina querem que a rastreabilidade seja uma exigência para todo o gado bovino nacional e não apenas para aqueles cuja carne é destinada à exportação para a União Européia (UE). A proposta será apresentada hoje na reunião do comitê do Sistema de Identificação e Certificação de Origem Bovina (Sisbov).
Na avaliação da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), a rastreabilidade para todo o gado elevaria a oferta de animais no mercado. Com isso, a dificuldade para comprar bois rastreados, como os frigoríficos afirmam estar ocorrendo, seria menor.
Para o coordenador do Fórum Nacional de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, é difícil rastrear os animais em todo o país. “Se o país ainda não é todo livre de aftosa com vacinação, como exigir 100% de rastreabilidade?”
Na reunião, os frigoríficos também devem propor que o período de quarentena para emissão de certificados sanitários para os animais destinados à exportação à UE seja transformado em quinzena pelo período de 60 dias, segundo fontes do mercado. A mudança permitiria elevar a oferta de gado rastreado a partir de agosto porque desde 15 de julho muitos animais foram incluídos no Sisbov.
Além das propostas, o comitê do Sisbov deve avaliar também a certificação das propriedades com vistas à exportação à UE. Isso está previsto no sistema de rastreabilidade brasileira, mas por enquanto o que se faz é apenas a identificação individual dos animais, explicou Ênio Marques, da Abiec.
Assim como Marques, Pedro de Camargo Neto, da Sociedade Rural Brasileira, é um defensor da certificação por propriedade. Para Camargo Neto, o Sisbov “começou errado” ao exigir a identificação individual. A certificação por propriedade, afirmou, reduziria os custos. “A UE exige que os países apresentem seu sistema de controle da produção. Nunca exigiu o controle individual”, observou.
Na certificação por propriedade são auditadas as informações sobre toda a vida do animal (origem, controle de doenças) e o sistema de produção na fazenda, explicou Marques. “O Sisbov não é rastreabilidade, é apenas parte do processo”, acrescentou.
Fonte: Valor On Line (por Alda do Amaral Rocha), adaptado por Equipe BeefPoint
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Os frigoríficos sempre trabalham assim. Querem reserva de mercado, exigir rastreabilidade do rebanho nacional ou da zona livre de febre aftosa é a mesma coisa de desobrigá-los de diferenciar ou remunerar pelo custo pago pelo produtor.
Definitivamente as indústrias querem sair da lei de mercado, inclusive com alterações de prazo, para mais uma vez transferir o onus ao produtor.
Násser Iunes
Vice-Presidente executivo da Federação da Agricultura e Pecuária do Tocantins
Discordo dos Srs. Antenor Nogueira e Pedro de Camargo Neto, do primeiro pelo simples fato, de que, se a rastreabilidade já houvesse sido implementada há tempos, as autoridades sanitárias teriam um maior controle dos rebanhos suspeitos de aftosa e outras doenças e desta maneira poderiam ter traçado um plano de ação eficaz para erradicar tais doenças de uma vez por todas.
Do segundo pelo fato de falarmos em rastreabilidade por propriedade seria como falarmos de CPF (cadastro de pessoa física) por cidade já que uma propriedade pode ter seus rebanhos de diferentes origens (interna e externa).
Para darmos toda garantia aos consumidores precisamos dar aos bois “RG ou CPF”.
Luiz Antônio Lima Gonçalves
Consumidor de Carne
Para quem quer ser o maior exportador de carne bovina do mundo o processo é irreversível.
O custo da rastreabildade é insignificante quando comparado ao preço do animal abatido.
O agito geral neste momento é decorrente da implantação obrigatória do sistema e a coincidência com o inicio da entressafra.
Como produtor e consumidor acho que o processo deveria ser aplicado em todas as categorias e para os mercados interno e externo (não só Europa), pois somente assim o produtor receberá pela qualidade do que produz e o consumidor levará o produto pelo qual realmente paga.
Chega de comer carne de vaca e pagar como carne de boi e chega de vender boi com qualidade e receber preço baixo.
A quem interessa adiar a implantação da rastreabilidade?
A rastreabilidade beneficiará em muito pecuaristas e consumidores.
Espero que o MAPA não ceda as pressões.