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Uma iniciativa de promoção da carne bovina brasileira

O Brasil vem ganhando cada vez mais espaço no mercado internacional de carne bovina. Por outro lado, a carne bovina brasileira recebe cada vez mais ataques dentro e fora do país, seja de grupos ligados a produção pecuária em outros países ou grupos anti-produção ou anti-consumo de carne bovina. Nesse cenário, a carne bovina precisa muito de um trabalho de promoção de seus produtos e muitos indivíduos e empresas têm interesse em ajudar, podendo fazê-lo de diversas formas, o BeefPoint e SIC - Serviço de Informação da Carne criaram uma campanha diferente de divulgação da carne bovina. Cada integrante da campanha se torna um divulgador de informações verdadeiras e embasadas cientificamente sobre carne bovina. Acreditamos também que essa iniciativa pode ser um excelente primeiro passo para a criação de um programa nacional de marketing da carne bovina, que em outros países têm trazido mais lucro para todos os elos da cadeia produtiva.

O Brasil vem ganhando cada vez mais espaço no mercado internacional de carne bovina. O crescimento das exportações em 2007 confirmam essa tendência. No mercado interno, o aumento do poder de compra das camadas de menor renda também estimula o consumo de carne bovina no mercado interno.

Por outro lado, a carne bovina brasileira recebe cada vez mais ataques dentro e fora do país, seja de grupos ligados a produção pecuária em outros países ou grupos anti-produção ou anti-consumo de carne bovina. Os argumentos são os mais variados possíveis, desde desmatamento da floresta amazônica a potenciais problemas de saúde. Muitos envolvidos no setor, quando se deparam com afirmações desse tipo, ficam sem ação, pois não têm informação consistente e embasada para refutar os argumentos, que muitas vezes são infundados.

Há bastante tempo se discute que é necessária a criação de um fundo de marketing para a cadeia da carne bovina brasileira para promove-la e defende-la no Brasil e no exterior. No entanto, até hoje não se conseguiu chegar num consenso e vontade para efetivamente criar um programa de grande porte para promoção da carne brasileira.

Nesse cenário, em que a informação viaja cada vez mais rápido, a cadeia produtiva da carne bovina precisa muito de um trabalho de promoção de seus produtos e muitos indivíduos e empresas têm interesse em ajudar, podendo fazê-lo de diversas formas, o BeefPoint e SIC – Serviço de Informação da Carne criaram uma campanha diferente de divulgação da carne bovina.

Essa campanha se baseia nas seguintes premissas:
– não há, no momento, recursos financeiros significativos para investimentos em marketing da carne brasileira
– o SIC reúne muita informação de qualidade e está preparado para atender solicitações específicas
– o consumidor é carente por informações sobre nutrição, saúde e preparo de carne bovina
– os agentes do setor são muito carentes por informação consistente sobre carne bovina
– muitos agentes do setor acreditam na necessidade de promoção da carne bovina, tem interesse em participar, mas lhes faltam ferramentas seguras

Como essa campanha está funcionando? O BeefPoint começou divulgar há poucas semanas o endereço beefpoint.com.br/carne, convidando interessados a promover a carne bovina a se inscrever e a participar.

As informações divulgadas estão segmentadas em quatro focos, considerados os mais importantes atualmente:
– Nutrição: médicos e nutricionistas
– Preparação (receitas): açougues e consumidores finais
– Preparação e venda: restaurantes
– Informações gerais: imprensa

Cada integrante da campanha se torna um divulgador de informações verdadeiras e embasadas cientificamente sobre carne bovina. Além disso, busca-se uma interação entre os divulgadores e a coordenação da campanha. O objetivo é reunir as informações do que vem dando resultado, quais as ações cada divulgador já realizou, quais as dificuldades enfrentadas, quais dúvidas surgiram. Assim será mais fácil replicar iniciativas de sucesso e corrigir dificuldades e eventuais problemas de forma rápida. O objetivo é criar um senso de grupo entre os participantes da campanha (divulgadores), que mesmo estando em diferentes locais do Brasil, podem interagir e trocar experiências.

Essa campanha não é uma ação isolada, mas um processo, que consiste em:
– reunir interessados em se tornar um “divulgador da carne bovina”
– distribuir informações aos divulgadores para replicação em suas cidades e círculo social
– receber comentários, sugestões e dúvidas dos divulgadores
– divulgar as práticas que obtiveram melhores resultados
– auxiliar com informações complementares sobre carne bovina, que surgirem durante a divulgação de informação pelos divulgadores
– com a participação, comentários e sugestões recebidas dos divulgadores, novas ações de divulgação e novos materiais, mais direcionados, serão produzidos, re-alimentando a campanha e aumentando sua eficácia

Como é uma campanha inédita, muito será aprendido durante esse processo de divulgação. Existem diversas formas de divulgar informações sobre carne bovina e acreditamos que muitas ainda serão descobertas ou desenvolvidas por divulgadores criativos.

Algumas das possíveis formas de se divulgar as informações disponíveis são:
– distribuição de informações técnicas sobre nutrição a médicos e outros profissionais de saúde
– contato e divulgação de informações sobre preparo de receitas de carne bovina em açougues e outros pontos de venda de carne bovina
– envio de artigos produzidos pela equipe do SIC a veículos de mídia locais, regionais e nacionais
– divulgação de receitas mais elaboradas de carne bovina junto a restaurantes
– divulgação de receitas econômicas e saborosas com carne bovina junto a restaurantes por quilo ou de preços populares

Os resultados iniciais são muito animadores. São mais de 100 participantes inscritos, com novas adesões chegando diariamente. Empresas se interessam pela idéia e solicitam os arquivos (logo, slogan) da campanha para confecção de adesivos para divulgação. A Associação Brasileira de Angus foi a primeira entidade apoiar essa iniciativa do SIC e BeefPoint, publicando um anúncio de uma página em seu informativo direcionado a criadores e parceiros. Vários frigoríficos se cadastraram para participar.

A campanha foi criada de forma que um produtor, um técnico, um frigorífico, uma empresa de insumos, uma associação, uma entidade, enfim qualquer pessoa ou instituição ligado a cadeia da carne pode participar e ajudar a fazer a diferença. Acreditamos que esse é apenas o começo. Acreditamos que iremos receber muito mais adesões, de pessoas e de empresas, motivadas a divulgar informações verdadeiras sobre carne bovina e que irão convidar mais pessoas a participar dessa iniciativa.

Acreditamos também que essa iniciativa pode ser um excelente primeiro passo para a criação de um programa nacional de marketing da carne bovina, que em outros países têm trazido mais lucro para todos os elos da cadeia produtiva. Envie seus comentários, críticas e sugestões sobre essa campanha, pela seção de cartas, usando o espaço abaixo.

Aproveite e conheça a campanha de divulgação da carne bovina brasileira e participe. O sucesso dessa iniciativa depende de você. O site para saber mais, e se inscrever é beefpoint.com.br/carne.

0 Comments

  1. Louis Pascal de Geer disse:

    Olá Miguel,

    Com muito prazer me inscrevi para participar na campanha de divulgação de carne bovina brasileira, apesar de achar que este devia ser em primeiro lugar uma obrigação das indústrias frigoríficas.

    Soa muito estranha a afirmação feita que não teria dinheiro para fazer marketing num nível adequado nacional e internacionalmente; certamente pelo menos a ABIEC podia fazer uma campanha enorme lá fora.

    De qualquer forma a iniciativa SIC/BeefPoint merece todo nosso apoio. Parabéns.

    Louis.

  2. Clemente da Silva disse:

    Miguel, parabenizá-lo outra vez é redundância, mas o artigo merece.

    Entretanto, a meu modo de ver, toda campanha de marketing da carne nesse momento deve ser voltada para os mercados externos, já que o interno não tem condições de absorver nem 30% da produção potencial de nossa pecuária.

    Primeiro, porque apesar de o brasileiro ser um carnívoro por excelência, ainda não está muito exigente em termos de qualidade, já que isso não se aprende num passe de mágica e além do mais, a grana anda curta.

    Segundo, onde vamos colocar essa carne de bois de segunda? Ou melhor, bois de três, quatro e até cinco anos que se abatem todos os dias? Você acha que seria nos mercados da Comunidade Européia, Japão, E.U.A., etc?

    Claro que não! Há vinte e poucos anos, eu escrevi um artigo para o DBO Rural, numa de suas primeiras edições, onde eu dizia que no dia em que o criador brasileiro deixasse o bairrismo e as paixões por essa ou aquela raça e começasse a ver a pecuária de corte como indústria para fazer carne e couro de exportação, o Brasil teria condições de cobrir o mundo com carne e couro de alta qualidade.

    No ano seguinte àquela publicação, não sei se coincidência ou não, houve a primeira mostra de novilho precoce em pleno parque de Uberaba. É óbvio entretanto, que os cruzados se sobressaíram e aí, não sei porque, essas mostras foram caindo no esquecimento. Entraram também muitas raças porcarias, tardias e com exemplares de qualidade duvidosa para cruzamento com o que temos de melhor no Brasil que é a vaca Nelore. Então, os resultados não se descatacaram tanto nos cruzamentos.

    Mas, uma coisa é certa e que ninguém tenha dúvida. O Brasil tem condições de multiplicar por dez, em pouquíssimo tempo, sua capacidade de produzir bois de corte com qualidade de fechar a boca de qualquer europeu, ou japonês, americano e de qualquer outro mercado do mundo que tenha dinheiro para pagar por qualidade. Desde que comece no campo a racionalizar tempo e espaço.

    E digo mais, poderemos diminuir a área utilizada hoje em pastagens, para uns 60% do atual, sem muito esforço, através da produtividade com qualidade. Só que para isso, toda a cadeia terá que sair dessa lenga lenga e por a mão na massa. Isso deverá começar por definir que tipo de carcaça deveremos produzir para atender com qualidade internacional, com garantias sanitárias reais, não apenas nas guias de exportação, etc.

    Os frigoríficos por sua vez, terão que se adequar a sistemas de assistência e orientação ao produtor no sentido de aprimorar sua maneira de criar bezerros e também no sentido de escolher as melhores raças para cruzamento, conforme a região e sistema de manejo das propriedades. E pagar também por qualidade.

    Metas cumpridas, teremos que estar preparados ainda para enfrentar mais ataques de Ingleses, Irlandeses e outros gringos desesperados pelo mundo a fora, mas daí estaremos escudados.

    Mas tenham em mente uma coisa:sem cruzamento industrial, não teremos chances.

    Abraços,
    Clemente.

  3. Edson Luiz Peres disse:

    O homem “ainda” é onívoro dependente, e uma destas dependências é a carne vermelha, e mais “comemos, no Brasil, o boi verde, logo também somos “vegetarianos”.

  4. Luciana Monteiro Paraizo disse:

    Gostaria de parabenlizá-lo por este artigo, está completo e estruturado mediante a pecuária brasileira.

    Relamente a carne brasileira é valorizada no exterior pois o Brasil tem um grande rebanho a oferecer.

    Abraço, Luciana

  5. Joao Umberto Fabricio Junior disse:

    Parabéns pela iniciativa, a Austrália está fazendo um grande trabalho de base nas escolas dos países asiáticos, Japão e Coréia (mostrando que a carne vermelha possui muitos beneficios nutricionais e muitas formas de degustá-la), esta idéia que está sendo levantada nas escola é para mudança de hábito.

    Já no Brasil temos um potencial enorme de aumentarmos a demanda interna, fazendo toda a cadeia produtiva participar, também muito me admira o comentário que falta recurso, o que vejo é falta de estratégia e planejamento, pois somente nos programas de merenda escolar no Brasil, teríamos uma grande oportunidade de levar informação e elevar o consumo.