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O Brasil a caminho de se tornar exportador tradicional de carne bovina

Chegamos ao fim do ano. Apesar dos efeitos negativos da encefalopatia espongiforme bovina - EEB (doença da "vaca louca") no consumo de carne bovina, principalmente na Europa - nosso principal importador - as exportações aumentaram significativamente.

Chegamos ao fim do ano. Apesar dos efeitos negativos da encefalopatia espongiforme bovina – EEB (doença da “vaca louca”) no consumo de carne bovina, principalmente na Europa – nosso principal importador – as exportações aumentaram significativamente. Como previsto por muitos, as proibições das importações do Uruguai, e, principalmente, da Argentina, devido à ocorrência de febre aftosa, foram pontos altamente positivos nesse aumento das exportações brasileiras. Além disso, mercados atendidos pela própria União Européia antes das novas ocorrências da EEB e do surto de aftosa, ficaram disponíveis, sem muita concorrência, para que o Brasil pudesse atendê-los. Para favorecer mais ainda às exportações, ocorreu a desvalorização do real frente ao dólar. Sem dúvida, o mercado para a carne brasileira aumentou.

Como dissemos em comentário na época em que as perspectivas eram de aumento das exportações, além do esforço para aumentar as exportações ocupando os espaços abertos pelos fatos comentados acima, o grande desafio seria, além de manter, ampliar o mercado para a carne bovina brasileira quando os fatores que contribuíram para esse aumento de exportações não estivessem mais presentes. Esse momento está chegando. O Uruguai já começou a exportar e a Argentina o fará em curto espaço de tempo. Além disto, o real está recuperando parte do valor perdido.

O que o Brasil fez no ano de 2001 para se consolidar como um exportador tradicional de carne bovina e ocupar novos nichos de mercado?

Apesar dos desencontros em um primeiro momento entre as autoridades governamentais do Estado do Rio Grande do Sul, os produtores e as autoridades do governo federal, o segundo surto de febre aftosa naquele Estado parece ter sido eficientemente controlado, assim como foi o primeiro surto ocorrido na região de Jóia. Sem dúvida, esse foi mais um ponto positivo para aumentar a credibilidade das autoridades e dos produtores brasileiros. Ainda com relação à aftosa, parece que, tanto os produtores, como os governos estaduais, acordaram de vez para a importância da mesma, seja em termos de prejuízos diretos ou indiretos. Entretanto, um aspecto que preocupa, além da constante falta de vacina em quantidades adequadas nas épocas de vacinação, é a venda de quantidades limitadas a todos os produtores. Nessas circunstâncias, que não deveriam acontecer, aparentemente seria mais indicado proceder à vacinação através de cinturões previamente estabelecidos para proteger as áreas mais avançadas no controle e erradicação da doença.

A divulgação da carne bovina brasileira, interna e externamente, na atual administração do Ministério da Agricultura é outro ponto que merece reconhecimento. Apesar de redundante, pois Agricultura no seu sentido amplo engloba pecuária, a introdução da palavra pecuária no nome da pasta da Agricultura (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) mostra o reconhecimento oficial da importância desse setor no “agrinegócio” brasileiro (apesar de parecer uma tradução do termo inglês “agribusiness”, nos parece mais adequado, pois “agri” de agricultura é mais adequado do que “agro” – de agronomia).

A criação da marca Brazilian Beef e sua divulgação no exterior através de um esforço conjunto de autoridades governamentais e da iniciativa privada, foram pontos marcantes e positivos para a cadeia da carne bovina brasileira.

O interesse demonstrado pelos criadores e frigoríficos no estabelecimento de uma pecuária orgânica, e o reconhecimento das condições do país para se tornar um importante produtor dessa carne, para atendimento de nichos, tanto do mercado interno como, principalmente, do externo, foi também um acontecimento favorável ocorrido em 2001.

Apesar de estarmos atrasados na definição e implantação do programa de identificação e rastreabilidade (traçabilidade ?), podemos considerar o ano de 2001 como altamente positivo para a pecuária de corte brasileira. Existem vários nichos de mercado para a carne bovina, e o Brasil, sem dúvida, é um dos poucos países do mundo que tem condições de atender a todos eles.

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