A rastreabilidade e o marketing da carne bovina têm sido apontados como fatores importantes para o aumento do consumo tanto no Brasil como em outros países de todo o mundo.
A implantação da rastreabilidade seria importante para garantir a origem e o conhecimento das práticas adotadas nos diferentes sistemas de produção. Com isso, os consumidores não só teriam mais confiança em manter, mas também em aumentar a participação da carne bovina nos seus cardápios.
Embora ainda sob muitas dúvidas e críticas, a implantação do rastreamento na produção de bovinos de corte no Brasil está de fato ocorrendo e já pode ser considerado como irreversível. E apesar do mercado interno ser o principal consumidor da carne bovina brasileira, o desenvolvimento e a exploração do potencial de produção de gado de corte do Brasil passa pela exportação. Sem dúvida, as exigências da Comunidade Econômica Européia foram as responsáveis diretas em despertar a vontade política em implantar o sistema brasileiro de rastreabilidade.
Quanto ao marketing da carne bovina, muito se tem falado sobre sua necessidade, mas pouco de fato tem sido feito. Em um artigo na seção Espaço Aberto do BeefPoint, Pineda e Rocha apresentam suas idéias sobre as estratégias preliminares de marketing para o mercado da carne bovina brasileira. Os autores terminam o artigo afirmando que “será indispensável que o marketing da carne bovina seja orientado e financiado por um órgão que reúna os interesses de toda a cadeia e que cada elo colabore economicamente para o êxito de qualquer campanha que vise aumentar o consumo de carne bovina no Brasil e melhorar a imagem da nossa carne a nível internacional”.
A colocação é perfeita. Entretanto, os autores não indicam e na nossa opinião a maior dificuldade é identificar o órgão para desempenhar esse importante papel. As lideranças dos diferentes elos da cadeia de produção de carne bovina precisam urgentemente chegar a um consenso sobre orientação e fontes de recursos para uma campanha de marketing da carne bovina para valer.
A atuação de órgãos ligados à cadeia da carne bovina tanto na Austrália como nos Estados Unidos da América do Norte, pode ser citada como exemplo na realização de campanhas de sucesso em marketing da carne bovina. Isso só foi possível graças à existência nesses países de poucos órgãos que conseguiram agregar em torno deles todos os elos da cadeia da carne bovina tanto em termos de apoio na organização como de suporte financeiro das campanhas. Matérias publicadas pelo BeefPoint comprovam amplamente o que dissemos acima.
A combinação da grande variação de clima e de raças possibilita vantagens incomparáveis ao Brasil para produzir carne com as mais diferentes características para atender além de um mercado geral, os diferentes nichos de mercados hoje existentes em todo o mundo, incluindo, é claro, o próprio Brasil.
A questão que fica é: qual a razão dessa união de todos os elos da cadeia da carne bovina para promover esse nobre alimento não ter atingido ainda a maturidade necessária para a implantação de campanhas mercadológicas de grande impacto?