Os manejos nutricionais visando à prevenção de distúrbios digestivos para bovinos de corte confinados dependem de diversos fatores, que vão desde o grupo genético animal, até a composição de cada ingrediente da dieta. No processo de escolha e fornecimento dos alimentos, a manipulação dietária, através da seleção dos alimentos tem grande importância na resposta final dos animais ao período de adaptação e, no desempenho durante o período de confinamento. Quando levamos um animal da pastagem ao confinamento, causamos diversas mudanças no ambiente ruminal, na população microbiana e nos produtos da fermentação ruminal, predispondo a ocorrência de distúrbios durante esse período. No intuito de minimizar essa possibilidade, devemos controlar fatores como tipo de cereal, processamento de grãos, freqüência alimentar, nível alimentar e tipo de pastejo e suplementações prévias.
Os manejos nutricionais visando à prevenção de distúrbios digestivos para bovinos de corte confinados dependem de diversos fatores, que vão desde o grupo genético animal, até a composição de cada ingrediente da dieta.
Em relação aos diferentes grupos genéticos dos bovinos, animais de origem taurina, bem como seus cruzamentos, são mais adaptados às dietas com alta proporção de concentrados. Já animais de origem zebuína são mais adaptados e, utilizam melhor dietas à base de volumosos.
Essas observações, apesar de corretas e claramente observadas na prática, não são limitantes à utilização de um ou outro grupo genético nos mais diversos níveis de produção. Porém, os cuidados e manejo dos animais diferem grandemente, dependendo do grupo genético e o tipo de dieta utilizado caso a caso. Portanto, é possível sim a utilização de dietas de alto grão para zebuínos, desde que sejam observadas e obedecidas as necessidades fisiológicas desses animais.
No processo de escolha e fornecimento dos alimentos, a manipulação dietária, através da seleção dos alimentos tem grande importância na resposta final dos animais ao período de adaptação e, no desempenho durante o período de confinamento. Quando levamos um animal da pastagem ao confinamento, causamos diversas mudanças no ambiente ruminal, na população microbiana e nos produtos da fermentação ruminal, predispondo a ocorrência de distúrbios durante esse período. No intuito de minimizar essa possibilidade, devemos controlar fatores como tipo de cereal, processamento de grãos, freqüência alimentar, nível alimentar e tipo de pastejo e suplementações prévias.
No período inicial de confinamento é comum termos altos níveis de ingestão de matéria seca, podendo este ser fator determinante da ocorrência de distúrbios digestivos, quando da utilização de altas proporções de grãos. Nesses casos, o uso da alimentação restritiva, limitando a ingestão de alimentos, sem afetar a conversão alimentar e o desempenho dos animais, pode ser uma ferramenta muito interessante a ser utilizada no controle de distúrbios digestivos.
A grande utilização de grãos de cereais em dietas de bovinos confinados, proporciona grande ingestão de amido por esses animais, o qual será digerido no rúmen e no intestino. A maior parte do amido é degradado no rúmen, fato que deve ser explorado, visto que o rúmen tem grande capacidade de degradação desse componente, enquanto os intestinos ficam limitados pela quantidade de enzimas presentes para degradação do amido.
Porém, uma rápida degradação do amido no rúmen não seria desejável pelo aumento das concentrações de acido lático e conseqüente queda do pH. Dessa maneira, visamos um grande aumento da taxa de degradação do amido, e não da velocidade de degradação, que poderia ser desastroso ao metabolismo ruminal.
Nesse aspecto, o processamento dos grãos como a moagem, laminação a vapor, micronização, etc, tem grande influência tanto na velocidade, quanto na taxa de degradação do amido contido nos grãos, aumentando ambas. Dessa forma, os nutricionistas devem orientar suas formulações, visando manipular tal degradação, de modo que mantenham-se níveis adequados de nutrientes aos microorganismos ruminais, maximizando o crescimento dos mesmos, porém, sem alterar em demasia as condições do ambiente ruminal. A utilização de mais de um tipo de grão, bem como, tipos de processamentos diferentes, têm se mostrado boas alternativas para o controle do ambiente ruminal e, conseqüentemente, da ocorrência de distúrbios digestivos.
Ainda no aspecto da degradação do amido presente nos diferentes grãos de cereais, temos a influencia do tipo de grão sobre a taxa e velocidade de degradação do amido contido no mesmo. Como exemplo, podemos citar o trigo, milho e o sorgo, grãos que apresentam grandes quantidades de amido, porém com taxas de degradação bem diferentes (Tabela 1).
Tabela 1. Tipos de grãos e taxas de degradação ruminal do amido
As diferentes proporções de carboidratos na dieta, estruturais ou não, inteferem diretamente no ambiente ruminal, devendo ser avaliados e utilizados como forma de formulação e balanceamento da dieta, dependendo das taxas e quantidades de degradação dos mesmos, visando a manutenção das condições ruminais e a prevenção de ocorrência de distúrbios digestivos.
Referências bibliográficas:
BROWN, M.S.; PONCE, C.H.; PULIKANTI, R.; Adaptation of beef cattle to high concetrate diets: performance and ruminal metabolism. J. Anim. Sci., v. 84, p. 24-33, 2006.
NAGARAJA, T.G. Saúde Ruminal. III Simpósio de Nutrição de Ruminantes – Saúde do Rúmen. In: Anais – First brazilian Ruminant Nutrition Conference – Rumen Health Proceedings, UNESP, Botucatu/SP, 2007.
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Olá Dr André,
O que você pode me dizer sobre Virginiamicina? Tenho ouvido falar muito bem em dietas de alto grão.
Atenciosamente.
Ernesto
Resposta do autor:
Prezado Ernesto,
A virginiamicina é um antibiótico, com bons resultados para início de confinamento com grandes proporções de concentrado. Nesse momento, os animais estão muito estressados, e conseqüentemente com imunidade baixa, porém devemos tomar cuidado com o uso abusivo, pois os custos se elevam, e nem sempre é necessário.
Grande abraço!
André Alves de Souza
Prezado Dr. André,
Recebemos consulta referente ao custo do uso de Phigrow (Virginiamicina 10%), nas dietas de alto concentrado. Esclarecemos que, o uso deste aditivo, principalmente quando combinado a um ionoforo, tende a melhorar consideravelmente as condições de adaptação ruminal dos animais em confinamento, permitindo inclusive melhores resultados de performance dos animais, quando comparados a qualquer resultado de desempenho em dietas com mais volumoso, conforme demonstra inumeros trabalhos científicos já publicados, tornando assim o uso desta tecnologia acessível e de ganhos economicos comprovados ao confinador.
Um abraço
Resposta do autor:
Prezado Paulo,
Considerando os pontos descritos por você, gostaria de reafirmar que a utilização da virginiamicina deve ser
avaliada caso a caso, e em algumas situações, não se faz necessário o seu uso.
Com a atividade de confinamento, com lucratividades restritas e dependente do desempenho dos animais, qualquer atitude a ser tomada dentro do
confinamento, deve ser muito bem avaliada. Dentre os diversos trabalhos publicados, alguns mostram resultados inconsistentes e outros positivos em relação ao uso desse aditivo e, por isso, minha afirmativa em relação à utilização ou não do produto, sem é claro dizer que é uma ótima ferramenta em determinadas ocasiões.
Tive bastante chance de avalair o uso da virginiamicina, inclusive acompanhando parte de trabalhos científicos realizados aqui no Brasil.
Forte abraço.
Dr. André Alves,
Os concentrados como fonte de carboidratos podem causar muitos distúrbios digestivos, devido a sua fermentação resultar na alta produção de ácido lático, o que acaba resultando uma queda do pH do rúmem. Podendo até causar uma acidose ruminal.
Gostaria de saber se ao invés de utilizar concentrados com fontes de carboidratos solúveis poderia utilizar fontes de fibras solúveis para diminuir distúrbios digestivos, pois a fermentação de substância pécticas não resulta na produção de lactato. E se seria viável economicamente?
Um forte abraço!