As vésperas da mudança definitiva para o "Novo Sisbov", o prazo estipulado é dia 31 de dezembro de 2007, e com novas diretrizes sendo propostas pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), toda a cadeia produtiva têm discutido os rumos da rastreabilidade no Brasil e o que deve ser melhorado para que o sistema funcione e se torne viável.
As vésperas da mudança definitiva para o “Novo Sisbov”, o prazo estipulado é dia 31 de dezembro de 2007, e com novas diretrizes sendo propostas pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), toda a cadeia produtiva têm discutido os rumos da rastreabilidade no Brasil e o que deve ser melhorado para que o sistema funcione e se torne viável.
Se sentido o pecuarista Humberto de Freitas Tavares, enviou um artigo (Por que não vou aderir ao novo Sisbov)ao Espaço Aberto do BeefPoint, onde expõe suas opiniões. Muitas cartas foram enviadas sobre o assunto e pontos diferentes foram colocados estimulando o debate. Leia as opiniões dos leitores.
Abaixo seguem trechos de algumas cartas publicadas a respeito do artigo em questão.
Otavio Cesar Bucci
Mato Grosso – Consultoria/extensão
Rastrear Assessoria Planejamento Agropecuário – Médico Veterinário
“O pecuarista que escreveu a matéria não deixa de ter razão em alguns aspectos, porém deve-se mostrar os dois lados da questão. Concordo que inspeção bem feita custa caro, depende sempre do profissional que a faz, existem agrônomos e agrônomos, veterinários e veterinários, e vai por ai, quando um profissional sério é consultado, seja ele de que área for, custa caro. Quando se tem um mínimo de controle do rebanho e da propriedade, o controle de entrada e saída é automático.
Está correto desclassificar todo o lote e não o animal, pois agora o sistema é de certificação de propriedade, e não mais aquela história só de brinco na orelha, o que era até colocado na hora do abate, os 3 reais a mais por arroba compensa sim o trabalho. Não será proibido arrendar ou empastar os animais em pasto arrendado como citou, somente estes animais devem ser comunicados e os pastos e arrendamentos devem ser declarados, tudo dentro da legalidade.
Por último devo dizer que o novo Sisbov não é perfeito, e deverá ao longo de sua implantação sofrer alterações que o torne melhor, nunca para piorar ou afrouxar o controle, pois a pecuária moderna assim o exige. O novo Sisbov não foi feito para jeitinhos. Ou é ERAS, ou não é ERAS, e fica fora do mercado exportador. Simples.”
Roberto Trigo Pires de Mesquita
Itupeva – São Paulo – Consultoria/extensão
GiM – GESTÃO iNTERNET e-MARKETiNG – Gestor
“As críticas do Humberto sobre a funcionalidade do Sisbov são perfeitas, mas a idéia de lockout é no mínimo temerária para todos nós que temos objetivos de agregação de valor na comercialização de gado, caso não ofereçamos uma alternativa viável à certificação da qualidade total do “Brazilian Beef”.
É certo que a UE nunca exigiu rastreabilidade mediante identificação individual, mas também nunca vai abrir mão da certificação de origem, padronização de carcaças, garantia de qualidade e segurança alimentar. Como isso é uma tendência mundial, vai chegar o dia em que essas exigências vão estar presentes inclusive na comercialização da carne para o mercado interno.
Assim, caberá aos pecuaristas uma gestão documental simples que possa comprovar a origem, o padrão racial e as boas práticas de produção oferecidas pelos responsáveis pelo manejo sanitário, veterinário e zootécnico, segmentada por lotes de produção (e não indivíduos), a ser apresentada aos compradores dos frigoríficos, aos fiscais dos serviços de defesa agropecuária e, eventualmente aos auditores das entidades certificadoras (contratadas pelos frigoríficos) e das missões de compradores internacionais.
Minha proposta é que nos unamos em torno dessa missão. A experiência da certificação racial pelos SRG das Associações de Criadores deve ser um bom começo.”
Deniz Ferreira Ribeiro
Barueri – São Paulo – Produção de gado de corte
“É bastante compreensível a posição exposta pelo articulista, colega pecuarista e engenheiro Humberto Tavares, não querendo aderir ao novo Sisbov, dada a forma pela qual a questão da rastreabilidade vem sendo formatada pelo Ministério da Agricultura desde seu início.
As manifestações de todos os que comentaram o artigo têm em comum a revolta com a imposição de custos aos produtores, e percebe-se uma reação maciça de não-adesão ao sistema de criação das ERAS. Espero que todos aqueles que assim o fazem possam contribuir positivamente para encontrar formas melhores de equacionar a questão da rastreabilidade que atendam os interesses da cadeia da carne.
Sim porque este assunto interessa à cadeia toda, do produtor de bezerro ao consumidor de carne bovina. No que nos diz respeito como produtores, quer de bezerros, garrotes, bois ou novilhas, é muito importante que o conceito de rastreabilidade seja bem compreendido por todos. Quem trabalha tradicionalmente com a pecuária de corte jamais se preocupou com esse conceito, porque era desconhecido até poucos anos atrás.
Nessa época o Brasil apenas ensaiava seus passos como exportador de carne bovina, começando por atender mercados pouco exigentes. A rastreabilidade é um imperativo de segurança alimentar para determinado tipo de consumidor, o qual diga-se de passagem, está disposto a pagar e vem efetivamente pagando por essa segurança.
Há vinte anos atrás ninguém ouvia falar de controle ambiental, produção socialmente responsável, cidadania, telefonia celular, internet, etc. Também não se falava de segurança alimentar e rastreabilidade. Hoje, na Europa, se vive tudo isso; aqui também iremos viver; o mundo marcha e está cada vez mais globalizado; é apenas uma questão de tempo.
Por essa razão, nós produtores temos que nos preparar para esse futuro, que poderá até estar mais perto do que imaginamos. Então, façamos sim um movimento de não-adesão a alguma coisa imperfeita mas que vai na direção certa e busquemos os meios para aperfeiçoá-la e não para destruí-la.”
Paulo E. F. Loureiro
Campinas – São Paulo – Produção de gado de corte
Vetor – Soluções em projetos pecuários – diretor
“Parabéns ao Humberto pelas colocações e pela coragem em tornar clara sua posição. O Roberto Trigo complementou muito bem o texto inicial. Temos de ajustar o sistema, perder o lote por erro de leitura ou porque um boi perdeu um brinco é absurdo e intolerável.”
Leia essas e outras cartas na íntegra.
Equipe BeefPoint
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Rastreabilidade e curiosidades…
Cáceres e outros quase 50% dos municípios do estado de MT, estão inseridos na “zona tampão”, ou seja área não habilitada para exportação para UE. Pelas informações que tenho, a adesão ao “Novo Sisbov” em Cáceres é irrisória. E é compreensivo o “desinteresse”; já que não podemos exportar para a UE, países que exigem a rastreabilidade, e pagam melhor, pelo menos para os exportadores.
Então, qual o porquê de rastrear? O boi fica na moda usando brinco? É Claro que não! Então por que gastar mais com rastreabilidade? Aos pecuaristas que não aderirem ao “ERAS”, tem uma opção que o INDEA/MT normatizou em abril/2007, que poderá ser tão bem feita quanto o ERAS, com um custo bem menor e manejo facilitado.
A curiosidade que me refiro, é o fato do frigorífico de Cáceres não ser habilitado para exportação para UE, no entanto insiste em não abater animais sem ser rastreados, e nem mesmo quer o animais que estejam no chamado “Anexo B”, que é a normatização que referi anteriormente. Será por quê?
Me desculpe o colega, Otávio Cesar Bucci, pois além das duas profissões temos uma terceira que atua na Rastreabilidade que são os Zootecnistas e estes têm contribuído em muito para que seja organizado o Setor de Produção Animal, pois no caso estão muito mais bem preparados no que diz respeito ao manejo, controle zootécnico e na qualificação das propriedades para que as mesmas sejam enquadradas em termos qualitativos, para produção de bovinos de corte de qualidade.
Acho que temos que contribuir e somar forças e não ficarmos omitindo os nomes daqueles que fazem parte da produção animal.
Desculpe-me Rogerio Faria.
Não tive intenção de excluir os zootecnistas dos profissionais habilitados a operar o Sisbov, simplismente não quiz me estender muito nas profissões com medo de esquecer alguma, e pelo visto foi isto que aconteceu, mas os zootecnistas têm importância fundamental neste processo, mais uma vez peço desculpas aos colegas zootecnistas.
Não vou aderir ao novo, nem ao futuro novíssimo, nem a quantas versões e pacotes de atualizações de qualquer SISBOV. Porque rastreabilidade é sinonimo de controle externo, e não aceito ingerência externa, de quem não corre o risco do negócio.
Nem o Estado (seja por qualquer uma de suas pessoas jurídicas de direito público), nem os auditores/certificadores, nem os frigoríficos são meus sócios. Nenhum deles me procurou para oferecer parceria “olha só, eu tô com uma graninha para investir no mercado de exportação de carne bovina, você tem um rebanho padronizado, gadinho precoce, então queria fazer uma sociedade, correr o risco deste investimento com você”, não.
Porque é que deveria facilitar o acesso às informações do meu negócio, para quem não me oferece as mesmas condições? Por quanto foi vendido o couro da minha boiada, as vísceras que não são pesadas junto a carcaça, e o sangue que é adicionado à formulação de ração para animais domésticos?
Minha boiada inteira foi classificada para exportação, porque não recebi um incentivo no preço? Porque não somos parceiros comerciais, somos meros fornecedores de matéria-prima.
Enquanto formos meros fornecedores, o grande negócio, é manter o segredo do negócio.