Conhecendo diferentes sistemas de produção, várias raças bovinas e outras associações, podemos afirmar que a ABCZ possui um corpo técnico diferenciado e motivado. Nossos técnicos têm formação sólida, são escolhidos por concurso e passam por um treinamento exaustivo antes de iniciar o atendimento ao criador. Muitos deles são jurados de destaque no âmbito nacional e mesmo internacional.
Conhecendo diferentes sistemas de produção, várias raças bovinas e outras associações, podemos afirmar que a ABCZ possui um corpo técnico diferenciado e motivado. Nossos técnicos têm formação sólida, são escolhidos por concurso e passam por um treinamento exaustivo antes de iniciar o atendimento ao criador. Muitos deles são jurados de destaque no âmbito nacional e mesmo internacional.
Um dos desafios da ABCZ sempre foi formar um corpo de técnicos, que tenham consciência de que são formadores de opinião que devem, por intermédio de seus atos e orientações, servir de elo de união entre os detentores da genética zebuína e os usuários deste material que, em última instância, são os criadores de rebanhos comerciais.
Hoje, após anos de dedicação, os técnicos usufruem o respeito da comunidade, são profissionais preparados, atualizados, emocionalmente estáveis, mas precisam de uma remuneração que lhes permita exercer suas funções com independência e objetividade. É obvio que nós, criadores, queremos usufruir destes conhecimentos e poder contratar estes profissionais como assessores das nossas propriedades e aproveitar assim a vivência de quem trabalha todos os dias com zebu.
Precisamos admitir que nossos técnicos de maior evidência, são chamados para prestar assessorias e que esta prestação de serviços ajuda a melhorar seus rendimentos. Porém, a maioria destas consultorias acontece em um mercado que não se caracteriza como uma relação trabalhista. Todo mundo sabe, todo mundo comenta, porém os técnicos da ABCZ estão atrelados a regulamentos internos da ABCZ, que proíbem realizar esta atividade. Durante anos nos omitimos sem dar soluções para aquilo que todos sabem, mas continuam ignorando. Com o envolvimento em eventos comerciais televisionados para todo o Brasil, a atuação e os posicionamentos dos técnicos extravasam os limites de suas responsabilidades contratuais.
O convite para ser jurado é o reconhecimento público da competência do técnico. Mas, mesmo confiando no comportamento ético e imparcial quando é chamado a participar destes eventos e julgar animais de criadores para os quais dá assistência de forma informal, não resta dúvida que o técnico coloca em xeque o sistema, ficando difícil diferenciar os limites entre ser jurado ou técnico da ABCZ. Esta dicotomia gerou ao longo dos anos situações insustentáveis para a área técnica da casa. A sociedade se queixa nos bastidores, se omite sem ter a coragem de manifestar de forma clara e construtiva seu desacordo. Reconhecemos que na última gestão não conseguimos dar uma solução definitiva a esta ambigüidade.
Há a necessidade premente de criar mecanismos dentro da ABCZ que gerenciem este tipo de assessoria, que outorguem transparência ao sistema, a fim de gerar confiança na instituição. Deve ser visto com naturalidade que os jurados escolhidos para a exposição nacional declararem publicamente os serviços profissionais que exerceram nos dois últimos anos. Desta maneira, retirar-se do julgamento, dando lugar ao jurado suplente toda vez que animais dos criatórios assessorados estejam em pista, torna-se uma atitude transparente.
Precisamos admitir que a metodologia adotada para a escolha dos jurados da Expozebu, via voto do expositor, concede um ar de democracia participativa mal interpretada e leva, mesmo que inconscientemente, os jurados a adotar posições conciliatórias agradando a gregos e troianos em detrimento do uso de critérios essencialmente técnicos.
Como instituição detentora do registro genealógico a ABCZ deverá chamar para si a responsabilidade da escolha do juiz único, ponderando vários critérios, como experiência, capacitação profissional, repartição geográfica e oportunidade para novos valores. Será a oportunidade de enfrentar aquilo que todos comentam e censuram, que incomoda a grande maioria do corpo técnico da ABCZ, mas que até agora não tivemos a coragem de encarar.
Temos que avaliar a magnitude do problema, que é bem maior do que se pensa. A estrutura atual não tem condições operacionais para obter sucesso, a menos que, profundas transformações aconteçam no seio da instituição. A nova diretoria precisa adotar uma postura clara, esgotar a discussão se realmente quiser resolver o problema de forma duradoura e permanente.
Sempre existirá mais de um caminho, porém acreditamos que a solução definitiva não passa por decisões transitórias e sim por um grupo técnico com respaldo amplo, irrestrito e incondicional por parte da diretoria da ABCZ, capaz de gerenciar o processo sob critérios técnicos e essencialmente éticos. O ônus político, o desgaste emocional e social ao enfrentar esta situação será muito grande, mas será o recado claro de que os pecuaristas e o Brasil têm instituições que geram a confiança, pela qual estamos tão sedentos como cidadãos.
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Muito lucido e atual o comentário realizado através deste artigo do Dr Nelson Pineda. Jurado é Jurado! Consultor técnico e colaborador é outro caso, que deve ser tratado com muita transparência, afinal é a imagem de anos da ABCZ ou melhor das raças zebuínas na tela.
Incompatível o mesmo técnico orientar um criador e o mesmo técnico julgar nas pistas o trabalho desde criador. O Brasil já é outro, o Zebu e os Zebuzeiros já são suficientemente esclarecidos para não permitir jurado ser seu consultor ou seu consultor ser o seu jurado de plantão.
Abraço o Dr Nelson Pineda por mais lucido ensinamento.
Interessante o tema, sem dúvida, mas quando li o texto imaginei dezenas de cartas de técnicos, criadores e demais profissionais do meio discutindo o espinhoso tema abordado pelo Dr. Nelson.
Eu sou um admirador do zebu, indiscutivelmente o suporte genético da nossa pecuária, e creio que a abordagem do tema Juízes e Consultores só trará benefícios para a ABCZ. O corpo técnico que já é de craques, sem dúvida, com a disucssão do tema proposto amadurecerá.
Parabéns Dr. Nelson, homem de opinião.
Dr. Pineda!
Parabéns. Atribuo a magnitude alcançada pela ABCZ no cenário nacional e internacional à pessos éticas, corajosas e que têm consciência do munus público que exercem dentro da instituição (ABCZ), tornando-a cada vez mais transparente e confiável.
O seu posicionamento e a sua preocupação faz da sua pessoa um grande responsável pelo sucesso alcansado pela ABCZ nos dias atuais.
Na oportunidade lanço ainda a preocupação com relação aos jurados que além de prestarem assessoria a expositores ainda possuem touros em centrais e julgam filhos destes touros em exposições oficiais e não oficiais. Pode isso?