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Preços seguem sustentados pela pouca oferta de gado pronto

Com pouca oferta de gado e dificuldade para comprar grandes volumes de animais, os frigoríficos aumentaram os preços pagos pela arroba e aceitam negociações, as escalas seguem curtas, no geral em torno de 5 dias. Esta semana foi de alta no mercado do boi. O indicador a prazo teve alta de 1,26%, sendo cotado a R$ 76,13/@.

O Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq – USP), divulgou análise onde confirma que depois de quatro anos de custos de produção registrando aumentos superiores aos preços da arroba, 2007 foi marcado por cotações recordes para o bezerro, boi gordo e para a carne no atacado, que atingiram seus maiores preços em dezembro.

Estimulado pela oferta reduzida de animais o indicador de bezerro no MS teve alta acumulada de 33% em 2007, sem registrar recuos em nenhum momento do ano. O mercado do boi gordo também sofreu influência da pouca oferta de animais, causando altas nas cotações. No dia 5 de dezembro de 2007 o indicador atingiu a cotação de R$ 77,29/@, valor 43,28% superior ao mesmo dia de 2006.

Em 2007, a carne negociada no mercado atacadista da Grande São Paulo também atingiu os maiores valores nominais já registrados pelo Cepea desde o início da pesquisa, em 2001. O preço recorde da carcaça casada de boi foi verificado no dia 5 de dezembro, quando o quilo foi negociado a R$ 4,67, a prazo.

Esta semana foi de alta no mercado do boi. O indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista foi cotado a R$ 75,32/@, valorização de 1,28% em relação a semana passada. Já o indicador a prazo teve alta de 1,26%, sendo cotado a R$ 76,13/@. Em relação ao mesmo período do ano passado o valor atual é 40,15% superior.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio


Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista x indicador Esalq/BM&F bezerro MS à vista


Com pouca oferta de gado e dificuldade para comprar grandes volumes de animais, os frigoríficos aumentaram os preços pagos pela arroba e aceitam negociações, as escalas seguem curtas, no geral em torno de 5 dias. É de consenso geral que em algumas regiões produtoras as chuvas ainda estão mal distribuídas, o que tem atrasado a recuperação das pastagens. Agentes do mercado também comentam que no final de 2007 o abate dos animais foi antecipado na tentativa de garantir melhores preços. Há quem diga que existe muito boi pronto nas pastagens, principalmente do centro-oeste, mas os produtores estão segurando e esperando preços ainda mais altos. De qualquer forma, falta boi gordo ofertado aos frigoríficos e esse fator está sustentando os preços atuais.

Acompanhe na tabela abaixo, as praças onde foram registradas variações nas cotações de boi gordo durante a semana.

Tabela 2. Resumo das cotações do mercado físico do boi gordo, variação relativa a 09/01/08



De carona na alta dos preços do boi gordo, as cotações da arroba da vaca também tiveram valorização, na maioria das regiões do país. Sem conseguir comprar bois, os frigoríficos têm procurado fêmeas para completar as escalas. Mas a oferta deste tipo de animal também é restrita, e apenas lotes pequenos têm sido negociados.

A pouca oferta de categorias de reposição no mercado tem causado a valorização dos preços, como observamos durante todo o ano de 2007. O indicador Esalq/BM&F bezerro MS foi cotado a R$ 494,44/cabeça, alta de 1,50%. Na mesma data de 2007, o bezerro no MS valia R$ 365,02, valor 35,46% inferior, ao cotado, nesta quarta-feira (16), pelo Cepea.

Apesar dos preços altos do bezerro, a reposição está interessante neste momento, já que o boi gordo também está valorizado. Hoje, a relação de troca está em 1:2,51. Outro indicativo de que este é um bom momento para repor, é a margem bruta na reposição. Ele mostra quanto de dinheiro sobra ao pecuarista depois de vender um boi gordo e comprar 1 bezerro para repor o rebanho. Esse montante (margem bruta na reposição) corresponde ao quanto será disponibilizado para investimentos, contas, lucro etc. A margem bruta hoje está em R$ 748,34, valor acima da média dos últimos 12 meses que é de R$ 581,90.

Gráfico 2. Relação de troca (boi gordo de 16,5 @ por bezerros) x margem bruta na reposição


Os dados preliminares do SIF (Serviço de Inspeção Federal), confirmam a redução nos abates de bovinos durante 2007. No ano passado, foram abatidos menos 844.487 animais nos estabelecimentos “sifados” do que em 2006, isso corresponde a uma redução de 3,38% nos abates. Ao analisar os dados separados por semestre, vemos que este recuo ocorreu no segundo, exatamente quando a falta de animais foi mais sentida pelo mercado. No segundo semestre de 2007, os dados mostram que os abates com SIF foram 12,79% menores do que no mesmo período de 2006.

Gráfico 3. Quantidade de animais abatidos em estabelecimentos com SIF


No atacado da carne bovina, foram registrados recuos nas cotações do traseiro (R$ 5,70) e do dianteiro (R$ 3,50), durante a semana, a ponta de agulha permaneceu com preços inalterados. Essas baixas provocaram recuo de 2,91% no valor do equivalente físico, que foi calculado em R$ 67,56/@. Com a valorização do indicador e retração do equivalente, o spread (diferença) aumentou, ficando em R$ 7,76/@, superior à média dos últimos 12 meses que é de R$ 5,76/@. Vale lembrar que quanto maior o spread menor é a margem bruta dos frigoríficos.

Tabela 3. Cotações do atacado da carne bovina


Nesta semana, o Governo divulgou os resultados da balança comercial de 2007, o setor agrícola brasileiro fechou o ano de 2007 com superávit recorde de US$ 49,7 bilhões e foi o responsável por manter o saldo da balança comercial positivo em US$ 40 bilhões. Foram US$ 58,4 bilhões de produtos agrícolas exportados, contra importações de US$ 8,7 bilhões. As vendas do agronegócio foram beneficiadas pelas cotações recordes das principais commodities agrícolas e pela ampliação de mercados para o complexo de carnes, fatores que compensaram a valorização do real ante o dólar no ano passado.

Segundo Stephanes, o governo brasileiro dedica esforços para abrir os mercados da Malásia, Filipinas, México, China às carnes produzidas no país. O complexo de carnes também deve ultrapassar a soja e se tornar o principal produto do agronegócio brasileiro, com a carne de frango em primeiro lugar, à frente da de bovinos e da de suínos.

Em Madri, o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Inácio Kroetz, assinou termo anexo ao protocolo de entendimento sanitário para exportação de carne brasileira à Espanha. O acordo prevê a criação de um grupo de trabalho que reúne representantes da Espanha e do Brasil, voltado para ações na área de rastreabilidade, identificação de animais vivos e ações complementares. O protocolo entre os dois países vigora desde fevereiro de 2005.

Os governos brasileiro e russo assinarão hoje, em Berlim, na Alemanha, um memorando de entendimento com novas regras de garantias sanitárias para a certificação e a produção de carnes exportadas para aquele país. De acordo com o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Inácio Kroetz, as mudanças prevêem que as habilitações de frigoríficos e as inspeções nos portos sejam feitas pelo governo brasileiro, atribuições antes realizadas pelos russos.

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