O mercado do boi gordo passa por uma fase de franca recuperação, com preços em alta em plena safra. Os preços do bezerro batem recordes dia após dia. O mercado interno de carne bovina continua firme, mesmo com os preços mais altos da carne bovina para o consumidor final. No mercado internacional, a forte tendência mundial de aumento de renda per capita, aumento da população e maior percentual da população vivendo nas cidades é reforçada pelos preços recordes do petróleo. Os principais compradores de carne bovina brasileira são exportadores de petróleo (países árabes, Rússia, Argélia, Nigéria e Venezuela).
O mercado do boi gordo passa por uma fase de franca recuperação, com preços em alta em plena safra. Os preços do bezerro batem recordes dia após dia. O mercado interno de carne bovina continua firme, mesmo com os preços mais altos da carne bovina para o consumidor final. Vale lembrar que o mercado interno está firme para todos os produtos, por exemplo, nunca se vendeu tanto carro 0km como hoje.
No mercado internacional, a forte tendência mundial de aumento de renda per capita, aumento da população e maior percentual da população vivendo nas cidades é reforçada pelos preços recordes do petróleo. Os principais compradores de carne bovina brasileira são exportadores de petróleo (países árabes, Rússia, Argélia, Nigéria e Venezuela).
Além da crescente demanda pelo produto brasileiro, aqui e no exterior, nossa produção passa por uma fase de ajustes. Depois de anos com aumento na taxa de abate de matrizes, em 2007 o percentual caiu para 34,4%, de 37,2% em 2006. No entanto, o valor de 2007 ainda está acima de 2002 e 2003 e muito próximo de 2004. Ou seja, o abate de fêmeas caiu, mas nem tanto. Com a diminuição do abate de fêmeas, nos três primeiros meses de 2008, o Brasil abateu 17,6% a menos que no mesmo período de 2007. Ou seja, com todo o crescimento da demanda, estamos produzindo quase 20% a menos que há um ano atrás. A principal razão para as altas do preço do boi é simples: oferta muito menor que a demanda.
Tabela 1. Taxa de abate de fêmeas no Brasil, de 2002 a 2007
O cenário para o produtor de gado de corte é bastante favorável, com tendência de preços firmes para os próximos 2 anos, pelo menos. No entanto, cenário favorável não é sinônimo de garantia. Como já disse Benjamin Franklin, “nesse mundo, nada é certo além da morte e dos impostos”.
Quais os sinais que devemos acompanhar, que podem influenciar negativamente o mercado do boi e da carne?
O primeiro são os potenciais impactos no mundo da recessão norte-americana. Segundo a revista inglesa The Economist da semana passada, a recessão nos EUA não deve ser profunda, mas também não deve ser curta. Os EUA não compram carne brasileira in natura (apesar de serem um dos principais compradores de carne processada). O maior efeito pode ser o indireto: com os EUA comprando menos, países que exportam para lá podem ter menor crescimento (e menor consumo de carne bovina). Por outro lado, a economia mundial parece estar cada vez menos dependente dos EUA. O comércio entre países em desenvolvimento é cada vez mais forte, o que pode minimizar esse risco.
Outro problema, mais real e mais próximo da realidade do produtor é possível incapacidade do Brasil (capitaneado pelo MAPA) de resolver a questão da rastreabilidade, de forma a conseguir atender a UE e ao mesmo tempo conseguir aumentar (e muito) o atual número de fazendas habilitadas. Exigências demais e negociação de menos podem levar ao aceite da UE e a recusa dos produtores, mantendo o número de fazendas próximo do atual. Hoje são cerca de 100 fazendas, teríamos uma oferta considerável de gado gordo para abate com 10.000 ou mais fazendas. O desafio é grande, pois há uma possibilidade considerável de atendermos a UE e não encontrarmos produtores a seguir essas normas.
Outros fatores que podem prejudicar a firmeza dos preços do boi gordo são a demanda interna por carne bovina (que continua firme, sem sinais de enfraquecimento) e a diminuição das margens dos frigoríficos exportadores, pois o preço da carne exportada não subiu tanto quanto o boi gordo em dólares.
Tabela 2. Valorização do boi gordo e carne in natura exportada, em dólares, em relação ao mesmo período do ano anterior
Participe, comentando abaixo, no espaço para cartas do leitor, quais as suas percepções do mercado atual e o que devemos monitorar.
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Gostaria de fazer uma leitura diferente dos componentes analisados pelo analista e adicionar algumas considerações que acredito serem fundamentais.
A crise dos EUA não está restringida aquele país na verdade é apenas uma indicação de uma crise de setor global que atinge os imóveis e o credito. O nosso pais mesmo que aparentemente esteja menos vulnerável a crises externas deverá sofrer uma desaceleração da economia porque também desfrutar de boom imobiliário e do credito fácil, o próprio exemplo do carro zero usado no artigo é um indicador de que o credito é muito fácil e deve ser restringido como o próprio Banco Central indica na sua alta dos juros na ultima reunião do Copom, já que mostra preocupação com volta da inflação.
Assim que o mercado interno deve perder fôlego no começo do ano que vem, estimulado pelo aumento do juros e pelos maus ventos que sopraram do exterior.
A valorização de outras commodities agrícolas deve restringir a área destinada a pecuária mantendo o preço do boi nos níveis atuais. Mas essa crise dos alimentos não deve ser vista como favorável a pecuária, pois o aumento de outros itens alimentícios devera freiar o consumo de carne que concorre com outras proteínas mais baratas e que no caso das familias de baixa renda, deveram deixar a carne para comprar apenas arroz e feijão.
No entanto o item que para mim parece fundamental na avaliação do preço do boi para este ano e o próximo deve ser a analise da cadeia produtiva como um todo. Os altos preços do boi não foram afetados diretamente pelo consumos interno, nem a presença ou ausência da Europa como mercado importador, muito menos a alta do petróleo o que ajuda a mercados importadores brasileiros.
O fator fundamental pelo aumento do boi este ano foi a forte demanda de matéria prima por parte da industria frigorífica que experimentou grandes consolidações e aumento da capacidade.
A mesma industria mudou sua identidade hoje muitos bancos estão por trás destas empresas que antes paravam os abates quando o boi atingia níveis que não remuneravam hoje a pressão por faturar para que as ações na bolsa se mantenha nos níveis atuais causa uma demanda por matéria prima mesmo quando a conta não fecha e operam no prejuízo como é o caso da maioria das empresas frigoríficas hoje.
Se estas empresas não voltarem a operar com lucro toda a cadeia deve perder a longo prazo. Nos níveis atuais de preço de matéria prima e com o difícil cenário externo, este importante elo de cadeia, que é a industria vem sofrendo perdas constantes a pergunta é: quanto tempo irá agüentar?
Se a industria sobreviver e tanto o pecuarista como a industria conseguirem ganhar, vejo um futuro promissor para a nossa cadeia, caso isso não aconteça será um grande desestímulo ao setor.
O que pode dar errado, como na última vez em que os preços do boi começaram a subir, é questão sanitária.
Como está a fiscalização nas fronteiras? Está afastada a possibilidade de novo foco de aftosa? Quem está fiscalizando a vacinação nos assentamentos?
Na minha região tem muitos assentados, quase todos tem gado, pouquissimos tem curral. Será que estão vacinando?
O outro fator que historicamente segurou o preço do boi foi o frango. Enquanto o milho estiver caro, o frango não deve baixar, mas tem que acompanhar.
Hoje em Água Boa e Barra do Garças as escalas de abate estão para 3 a 4 dias. Não tem boi, preço subindo todo dia. Mas tem que tomar cuidado, boi caro é o que quebra frigorífico, no médio prazo tem que prestar atenção na saúde financeira de nossos “parceiros”.
Abraços
Bom dia Miguel, gostaria de saber se os dados fornecidos pelo IBGE podem ser usados de maneira efetiva para projetarmos o mercado de carne pois segundo o este orgão a quantidade de couros adquiridos pelos curtumes em 2007 foi de 41,5 milhoes de unidades e o número de bovinos abatidos foi de 30,5 milhões essa divergência se da ao fato de que,a captação de informação deste orgão é deficitária.
Acredito sim baseado na realidade de minha região que o mercado continurá firme pois vivenciamos uma diminuição do rebanho nestes ultímos anos por descaptalização dos pecuaristas, pastagem altamente degradadas o que influencia diretamente na produção e em conversa com colegas de outros frígoríficos o abate de fêmeas continua firme e com um agravante a maioria destas fêmeas são novilhas o que provocará um défict maior de animais no futuro. Obrigado.
Parabens pelo artigo.
Gostaria de comentar que apesar de termos boas perspectivas para os próximos anos, não podemos investir sem cautela; Porque mesmo com preços recordes da @, os custos de produção estão altissimos, batendo recordes, o que pode inviabilizar a pecuária mesmo em tempos de vaca gorda;
Todos pregam que a única saida é intensificação com o uso de tecnologias, tomem cuidado.
Existem tecnologias sustentaveis, economicas e ecologicas, que todos querem ver na carne brasileira, para ter uma carne saudavel e o produtor ter rentabilidade.
Sobre o abate de fêmeas, um boi precisa 18@ para ir ao abate, uma novilha vai ao abate a partir de 12@, tem muita gente que não vai voltar a engordar boi no lugar de novilhas, pelo giro rápido e menor custo de engorda, etc., este numero alto de abate de matrizes deve estar contabilizando as novilhas que não deram nenhum bezerro, portanto acredito que a porcentagem de abate de matrizes deve ser um pouco mais baixo.
O maior risco que o produtor corre, em relação a possível queda no preço do Boi Gordo, Vaca e Bezerros, é um novo foco de Febre Aftosa, pois, todas as tendências do mercado sugerem valorização dos produtos pecuários. Isso se dá desde sempre, é a famosa lei da oferta X procura.
No sé como se contabiliza la faena de hembras. En teoría, la faena de hembras debería ser casi igual a la de los machos. En Uruguay es del 44%, en uin promedio de casi 30 años. Tiene oscilaciones, pero si nacen mitad y mitad, debería “salir” (faenarse) mitad y mitad. Las vacas tienen mayor mortandad, pero eso no puede explicar tanta diferencia como las cifras que ser presentan en el artículo.
Gracias Miguel
Segundo algumas estatistica, fala em rebanho de 180 milhões outras até 200 milhões de cabeça de gado, como acredito que nosso desfrute esta por volta de 25%, então nosso abate deveria estar entre 45 a 50 milhoes de cabeça.
Estatística do IBGE é um abate de 30 milhões a diferença para os 45/50 milhoes, podemos considerar que é abate clandestino, ou IBGE não tem uma estatística confiavel, ou as informações de rebanho também esta errada.
Protelar a reposição
Excelente artigo, mostra com clareza os benefícios mercadológicos ocasionados pela matança maior de fêmeas, ou melhor pela diminuição de matrizes em produção.
O preço do boi se recompôs a partir do fim do quarto quadrimestre de 2007, mas não foi suficiente para acompanhar a elevação dos insumos atrelados ao aumento do preço do petróleo ocasionado pela desvalorização do dólar.
Não foi suficiente, nem de perto do valor pagos nos animais destinados à reposição, dessa forma o pecuarista que faz terminação de bois deve protelar a reposição dos estoques, isto é, a compra de animais jovens em quatro meses, nos casos em que a reposição anual for de 30% e em dois meses em que a reposição necessária se situe em 60%.
Com isso os preços ficarão mais eqüitativos entre cria e terminação, evitando-se o desequilíbrio mercadológico ocorrido no primeiro quadrimestre de 2008, em que @ da reposição foi superior a R$ 85,00.
Com essa política de produção retardará a oferta de bois terminados para abate, e os preços ficarão alinhados nas diferentes fases da criação, mantendo a oferta de animais para abate dentro da demanda, sem provocar desabastecimento.
A abertura de novos mercados para a carne, principalmente no leste europeu e nos países produtores de petróleo, vão continuar alavancando os lucros dos frigoríficos brasileiros, que já estão se tornando multinacionais.
No momento em que a cadeia frigorífica estiver em risco, certamente eles vão atuar para mudar as regras contra os altos preços, haja visto a tentativa dos frigoríficos gaúchos de incluir um imposto sobre a exportação de gado empé, preço este que está sendo o balizador de preços no RS.
Eu concordo com o Miguel Cavalcanti, de que o mercado do boi para os próximos anos é muito promissor. Os investimentos na pecuária devem ser firmes e com propósito definido.
Quem estiver entrando no negócio, não esqueça de que a criação, como era feita no passado, deixando o gado no campo se criar sozinho, já não se adecua para nossos tempos modernos. A alimentação, no meu entendimento, deve ser a primeira preocupação para quem quer investir na produção pecuária.
Lendo o artigo do Miguel Cavalcanti, e fazendo uma análise da taxa de matança de matrizes nos últimos dois anos, realmente teremos dois a tres anos de firmeza de mercado do boi gordo e da sua reposição.
Porém, no meu estado, o Rio de Janeiro, está acontecendo um fator antagônico com o resto do país. Aqui, falta boi, falta bezerros para a reposição e o preço continua ridiculamente inferior ao do resto do país.
Até a região norte teve uma quase que equiparação com o resto do país. Será que o nosso boi nelore é preto? Será que que a nossa carne é tão diferente das outras? Garanto que não é.
Como prova é só dar umas voltas pelos açougues das cidades. A tabela é a maior de todos os tempos. Será que algum dia teremos seriedade aquí? Será que os intermediários continuarão sempre ganhando mais que os produtores? Onde está a união dos criadores?
Como é difícil trabalhar no nosso estado e ver tanta disparidade.
Meus sinceros parabéns ao Miguel pelo artigo, pois demonstra conhecimento e serieddade no que fala.
Muito bom este artigo do Miguel Cavalcanti.
Gostaria de comentar apenas sobre o comparativo feito sobre crescimento da venda de produtos.
No caso de veículos o Km, acredito que é uma situação inconsistente, porque é devido às linhas de crédito cada vez mais atrativas.
Nem todo comprador poderia ter comprado e provavelmente não vai conseguir pagar até o término do contrato.
Interessante o artigo. No RS no que se refere as exportações e as negociações com a UE serviu para manter o preço do boi gordo em R$ 2,40 o kilo vivo e com forte pressão baixista. E em contrapartida o preço da reposição disparou tornando o confinamento e a engorda a pasto muito pouco rentável. O boi gordo ta em falta mas as contas de custeio vencem e as obrigações mensais forçam a venda. Vejo hoje como uma boa alternativa a cria pelo preço, baixo custo e ainda sobra a vaca. Abraço.
Temos hoje no Brasil e no mundo, uma demanda muito forte por nosso produto (carne), talvez por escassez, ou até mesmo pela melhora na renda do consumidor. É o momento de diálogo com indústrias frigoríficas para que levemos adiante essa boa fase. Uma boa conversa com nossos compradores, talvez seria uma boa saída para prolongar essa boa fase, produzir o que o mercado precisa, preencher nichos de mercado, valorizar mercados regionais e importadores com a mesma seriedade. Com tudo isso é claro, chegando ao que todos nós queremos um bom retorno de nossa atividade.
Sendo assim com apulverizacão dos lucros, e divisão das responsabilidades teremos um negócio mais duradouro.
“Os preços do bezerro batem recordes dia após dia”.
Até que ponto é negócio a comercialização de bezerros e garrotes levando em conta o giro rápido e a fuga do foco final “boi para abate”.
Abraço a todos!