Com o objetivo de agregar valor à produção, pecuaristas têm sido incentivados com bonificações pagas pelos frigoríficos ao fornecer matéria-prima de boa qualidade. Hoje, alguns frigoríficos já possuem programas de avaliação de carcaças, pelos quais o criador tem acesso a relatórios individuais completos do rebanho.
Com o objetivo de agregar valor à produção, pecuaristas têm sido incentivados com bonificações pagas pelos frigoríficos ao fornecer matéria-prima de boa qualidade. Hoje, alguns frigoríficos já possuem programas de avaliação de carcaças, pelos quais o criador tem acesso a relatórios individuais completos do rebanho.
“Acompanho a avaliação dos animais no frigorífico, recebo o relatório na hora e já sei de quanto será a bonificação”, diz o criador de nelore Gerson Angelieri Filho, da Fazenda Mater, em Santa Rita do Pardo (MS). Ele conta que, de modo geral, para ser bonificado, o animal deve ter mais de 17 arrobas (255 quilos) e idade entre 24 e 36 meses. “Os frigoríficos bonificam o animal por precocidade e por qualidade de carcaça, pelo Nelore Natural”, diz ele, referindo-se ao Programa de Qualidade Nelore Natural (PQNN), da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB). O PQNN define normas e procedimentos que garantem o padrão de carcaças bovinas.
O criador Angelieri Filho recebe até R$ 1,80/arroba/animal de bonificação por qualidade de carcaça. “Normalmente, a remuneração é de 2% em relação ao valor da arroba.” Para garantir uma carcaça interessante à indústria, ele só trabalha com sêmen de touros provados e vacas selecionadas. “Trabalhamos a habilidade materna, técnica que descarta vacas com baixa produção de leite ou que dão bezerros magros.” Na fazenda, a vaca tem que parir, todo ano, um bezerro nelore pesado, que atinja de 220 quilos aos 7, 8 meses de idade, na desmama.
Parâmetros
“A indústria avalia critérios como idade, acabamento e rendimento, avaliado pela conformação e ausência de contusões ocasionadas por manejo inadequado”, diz o zootecnista William Koury Filho. Portanto, para o produtor obter uma boa classificação de carcaças é preciso abater animais novos e com boa cobertura de gordura (precoces) e musculosos. “A indústria classifica as peças conforme esses indicadores. O interesse é fidelizar fornecedores de matéria-prima boa e padronizada.”
Segundo o gerente de Suprimento de Matéria-Prima do Independência, Eduardo Pedroso, no frigorífico, a bonificação baseia-se em quatro parâmetros: sexo, maturidade, peso e acabamento. Nos machos esses critérios representam até 3% da bonificação; nas fêmeas, até 6%. “A carcaça de maior premiação é a de um macho castrado, com 18 a 20 arrobas, de 3 a 10 milímetros de gordura e com dentição de leite. A indústria quer carcaças pesadas, jovens e bem acabadas.”
A bonificação chega a até 4% do valor da arroba dos machos castrados e a até 7% para as fêmeas. No programa do Independência, em que a participação do nelore chega a 80%, o criador recebe o romaneio, um mapa individual de classificação de carcaça com todas as informações, positivas ou negativas, referentes à avaliação do gado. “Com esse retorno, o criador toma decisões com conhecimento de causa.”
Fonte: jornal O Estado de São Paulo