O economista-chefe do Banco Santander e ex-diretor do BC Alexandre Schwartsman lembra que a "inflação futura é o que interessa". Portanto, o Comitê de Política Monetária (Copom) provavelmente agiu de forma preventiva.
O IPCA-15 de julho, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi mais um indicador de inflação a mostrar uma leve desaceleração. A alta de 0,63% ficou abaixo do esperado pelos analistas (0,67%) e representou um recuo expressivo em relação ao 0,90% de junho.
“Olhando os indicadores de semana a semana ou a cada quinzena, é difícil saber se estamos diante de uma nova tendência ou de um ponto fora da curva”, afirma a professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Eliana Cardoso. “O BC não vai exagerar na dose do juro porque tecnicamente é muito bom”, diz o professor do Ibmec São Paulo João Luiz Mascolo.
O economista-chefe do Banco Santander e ex-diretor do BC Alexandre Schwartsman lembra que a “inflação futura é o que interessa”. Portanto, o Comitê de Política Monetária (Copom) provavelmente agiu de forma preventiva. “A ata da reunião (que será divulgada na próxima quinta-feira) deve mostrar que a expectativa do BC para a inflação de 2009 piorou”, observa.
Na avaliação de Mascolo, a aceleração do ritmo de elevações da Selic deve fazer com que a inflação medida pelo IPCA convirja para a meta já na metade do ano que vem. A expectativa dos especialistas é de que, neste ano, o indicador fique na casa de 6,5%. A meta estabelecida pelo governo é de 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos porcentuais para cima ou para baixo. “A inflação de 2008 já está dada”, diz Mascolo.
Para Eliana Cardoso, o BC faz uma “coleção de observação” antes de decidir o nível da taxa de juros. Entre os fatores analisados, ela cita o choque das commodities (que atinge o mundo todo), a forte demanda interna, o aumento da massa salarial no País e a expansão dos gastos públicos. “O BC não tem muita escolha. Se não conta com a ajuda do governo no corte de gastos, tem de reduzir a demanda do setor privado.”
Schwartsman acredita que o Copom elevará novamente a Selic em 0,75 ponto porcentual em sua próxima reunião, que será realizada nos dias 9 e 10 de setembro. A estimativa dele é de que a taxa básica de juros encerrará 2008 entre 14,5% e 14,75% (ante 13% hoje). Mascolo também aposta numa nova elevação de 0,75 ponto no próximo encontro da autoridade monetária. Para o fim do ano, sua projeção é de uma Selic de 14,75%.
As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.