Em maio de 2004, quando a crise na agricultura e na pecuária se aprofundava, escrevi que tocava a alvorada nos campos, anunciando o despertar da classe rural. Na ocasião, os agricultores tinham os silos cheios de cereais e aviltados os preços dos seus produtos; da mesma forma, a pecuária se encontrava em seu momento mais desolador. Apesar das notícias alvissareiras sobre o desempenho do agronegócio, dentro das porteiras a realidade era outra. Alguém ganhava muito nesse jogo, mas com certeza não era o primeiro elo da cadeia produtiva, esgarçado ao ponto de rompimento. Em Brasília, as justas reivindicações da classe rural, tidas como lamúrias, eram desconsideradas.
Em maio de 2004, quando a crise na agricultura e na pecuária se aprofundava, escrevi que tocava a alvorada nos campos, anunciando o despertar da classe rural.
Na ocasião, os agricultores tinham os silos cheios de cereais e aviltados os preços dos seus produtos; da mesma forma, a pecuária se encontrava em seu momento mais desolador. Apesar das notícias alvissareiras sobre o desempenho do agronegócio, dentro das porteiras a realidade era outra. Alguém ganhava muito nesse jogo, mas com certeza não era o primeiro elo da cadeia produtiva, esgarçado ao ponto de rompimento. Em Brasília, as justas reivindicações da classe rural, tidas como lamúrias, eram desconsideradas.
Inconformado com a situação, em Pelotas, RS, um pequeno grupo de produtores rurais havia formado o GTRURAL – Grupo de trabalho autônomo de produtores rurais – com a finalidade de encontrar uma saída para a crise desesperadora. Em Porto Alegre, estabeleceram contato com alguns pontos de venda, sugerindo uma parceria de diversos produtores para abastecimento regular do mercado da capital com carne nobre, novilhos jovens oriundos dos melhores rebanhos da Metade Sul do Rio Grande. Esses animais costumavam ter seu preço desvalorizado, vendidos em meio à tropa comum.
Na ocasião, ouviram de um supermercadista que, além de não pagar preço melhor por produto especial, não lhe interessava a idéia de uma organização para abastecimento regular, pois, em suas palavras, “na desorganização e desunião dos ruralistas está o nosso lucro”.
Bom serviço ele fez, com a sua franqueza, ao desnudar talvez a maior dificuldade da classe: a desunião e a conseqüente falta de mobilização. Esse foi o toque da alvorada, chamando à luta os homens do campo, pela necessidade de se fortalecerem e criarem lideranças políticas, a fim de que suas vozes fossem respeitadas.
Durante a busca de alternativas que viabilizassem o negócio, surgiu a exportação de bovinos em pé para o mercado árabe. Navios chegavam e rapidamente eram carregados, ensejando uma saudável competição. Alarmados, alguns frigoríficos reagiram; solicitaram uma audiência pública, a fim de impedir a continuação da exportação. Em meio à discussão exacerbada – enfim os produtores aprendiam a se mobilizar e a defender os interesses da classe – alguém falou o óbvio: “paguem o preço justo, que não lhes faltará carne”. Venceu o bom-senso e a exportação pôde continuar, rompendo o monopólio e ajudando a balizar os preços.
Prejudicados pela ganância de alguns segmentos e pela falta de apoio governamental, muitos produtores desistiram da luta, sem forças para esperar as mudanças; outros tantos continuam devendo a alma a bancos e a credores diversos. Outros, ainda, na ânsia de sobrevivência, sem pensar na sustentabilidade da cadeia produtiva, tendo encontrado preço melhor pelo produto historicamente desvalorizado, se desfizeram inclusive das matrizes.
Na escassez do produto, o preço do gado subiu. Da mesma forma, arroz e soja também tiveram seus preços adequados aos custos. O agronegócio firmou-se como o sustentáculo da balança comercial brasileira.
Em 2008, o fantasma da fome apavora o mundo civilizado. Nesse momento, esse retrospecto se faz necessário, para que o consumidor entenda a alta dos alimentos como conseqüência natural de anos de políticas equivocadas e desestimuladoras.
Propiciadas as condições, valorizado o trabalho rural, com políticas de incentivo e preços condizentes com a qualidade dos produtos oferecidos, não faltará comida na mesa. Se deixarem, o homem do campo faz o seu trabalho.
O artigo foi publicado inicialmente no site www.martasousacosta.com
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A Falta de Conexão no Espaço Rural
O momento atual necessita de entendimentos, de conexão de pontos no espaço rural. Parece que a linha do nascente, indicando um sul promissor, passa pelo cooperativismo ou associativismo. Nessa união de pontos, a força traz modelo econômico avançado. Da união surge o tratar do negócio rural de forma participativa e mais humana. Para muitos se inspira no utópico, mas para outros, se traduz em obra gigante na forma de como as relações interpessoais se fortalecem. O fortalecimento é o ponto positivo da abordagem, com complicação de entender a alma das pessoas, se o individualismo predomina.
Entender que o trabalho do campo apresenta matizes diferentes de outras atividades, necessita de união para se impor às adversidades advindas do meio, do tempo, da convivência com as pessoas e com os organismos. Caso não mude a filosofia em agir, ficará subalterno aos segmentos correlatos na compra de bens e na venda da produção.
Daí emerge a necessidade de ser diferente. Mas como entender a difícil questão? A discussão leva ao novo caminho a ser seguido para unir os espaços na condução do empreendimento rural.
Primeiro, temos que mudar o pensamento dos ruralistas diante das ameaças aparentes e das ameaças incógnitas. A primeira dificuldade surge que o homem do campo não tem tempo para pensar nestas questões, muito menos refletir para o encaminhamento de idéias que o tire de vez da situação sulbaterna em que subsiste. Deixar de apenas subsistir, sem reagir, mas moldar um modelo rural independente e integrado.
A criação de associações como a Associação Nacional dos Produtores de Bovinos de Corte – ANPBC, fornece mecanismo para que de aparentemente utópica, a realidade se concretize. As ameaças serão tratadas pela união dos produtores de carnes bovinas, constrangidos pelo aumento de índice de produtividade, obrigados a intensificar a produção do boi a pasto para escapar da síndrome antidemocrática no poder, esfacelando a todo o momento e pelos movimentos que teimam em desobedecer à constituição, transformando o Brasil em republiqueta de invasores.
Ao traçar o poente, a questão não trata da resolução, de conexão de pontos da física avançada, como ciência, mas conduz a qual resistência deve ser tomada diante de despropósitos de sanidade animal e de circunstâncias ideologicamente desmedidas. A visão subliminar da situação do campo tem que ser posta à luz. A priori, o engajamento político deve constituir a primeira força de resistência, tendo como arma as eleições municipais que se aproximam. Cada um dos produtores rurais tem que começar pensar diariamente no que nos aflige. Resistência que deve ser tratada fora da porteira, pois o produtor é eficiente e deve ter liberdade total para tocar o empreendimento no seu quintal.
Quando há falta de liberdade, aturdida fica a razão de ser ruralista, mesmo sabendo não haver esmorecimento ao enfrentamento. Então, vamos unidos, fortalecer-nos através da associação, para que ocorra a conexão de pontos no espaço rural.
Fonte: ANPBC
Bem lembrado Marta. Agora a indústria frigorifica reclama dos altos custos do bovino, tendo dificuldades para repasse ao varejo. Será que nós pecuaristas seremos culpados pela provável quebradeira do setor?
Muita gente hoje está batendo nas minhas costas e dizendo “bamburrando hem”?
Sequer sabem, o quanto passamos de dificuldades, com redução do rebanho bovino, quando não até exterminado. Na minha região em Juara (MT) o que tem é bastante oferta de pasto para alugar. O município chegou a ter um milhão de cabeças cadastradas pelo Indea (considerado na época o município de maior rebanho do Brasil). Não tenho a estatística atual – mas deve ter reduzido no mínimo 20%.
Sra. Marta, lhe parabenizo pela qualidade do artigo. Concordo de pleno.
Entendo seu artigo como de grande importância, como forma de facilitar o entendimento do grande público e da mídia, sobre o histórico da crise (conhecido e monitorado pelos frigoríficos), suas lógicas e a resultante disto.
Seria irônico, se não fosse verdadeiro, o fato de nossos carrascos terem a ousadia de querer pousarem de vítimas, invertendo os papéis, aos olhos do grande público.
Se existirem dúvidas quanto aos reais ganhadores, que verifiquem em quais setores houveram as maiores evoluções patrimoniais. O crescimento foi de tal magnitude, que não há competência que justifique.
É triste, mas vendendo bovinos abaixo do custo de produção, o que houve foi uma transferência do patrimônio do pecuarista para os frigoríficos.
Julio M. Tatsch – Agropecuarista no RS e diretor do Sindicato de Caçapava do Sul.
Prezada Marta,
Gostaria de somar ao seu comentário um mea culpa, um protesto e uma convocação.
Se retrocedermos um século ou mais, vamos observar que os altos e baixos sofridos pela agricultura e pecuária, tem sempre por trás a hegemonia do capital e certa inconsciência do produtor.
Parece que nós produtores vivemos em um mundo a parte, debruçados sobre lavouras e pastos, determinados pela vocação e movidos pelo ideal de possuir a terra.
Ainda hoje, na era da globalização, das grandes corporações, enquanto as indústrias formam cartéis, se fundem além do permitido por lei, monopolizam mercados, nós produtores não percebemos o poder do capital que detemos em nossas mãos, continuamos “colonos” de grandes monopólios, não conseguimos nos agregar em torno de interesses comuns.
Parece que não percebemos que na atual conjuntura econômica, aqueles que não se unem, não criam entidades representativas fortes, também não abrem mercados próprios, perdem agressividade comercial, sucumbem ao grande capital.
Estamos passivos. Viemos ao longo do tempo entregues a nossa própria sorte, suportando o ônus de planos econômicos e sociais apoiados no setor primário, sofrendo uma descapitalização gradual que hoje retira parte de nossa capacidade de defesa.
A falta de subsídios agrícolas fortaleceu a competência dos produtores brasileiros, mas, para que serve essa competência, se tivermos que nos desfazer de nossas terras para sanar dívidas.
É preciso calcular os impactos sociais, econômicos e ambientais negativos, decorrentes da descapitalização do agricultor, do pecuarista.
É preciso evitar a visível concentração de terras nas mãos de grandes empresas (transferidas por conta do endividamento de pequenos e médios produtores); a concentração de indústrias na mão de meia dúzia de grandes empresas de capital itinerante (proteger mais as pequenas e médias indústrias, especialmente aquelas genuinamente brasileiras); conhecer os resultados que advém dessas concentrações, os resultados dos monopólios, da formação de cartéis que irão, cedo ou tarde, determinar os preços dos alimentos destinados ao consumidor interno, como determinaram os preços da @ do boi nos últimos 4 anos.
Na verdade, o que precisamos acima de tudo é de um Estado responsável, menos negligente e omisso, mais “protecionista”, capaz de defender os interesses da nação.
Precisamos de um Estado que planeje, elabore estratégias de médio e longo prazo que garantam alimento para o povo brasileiro e superávit para a balança comercial (assim como o setor privado primário vem fazendo ao longo do tempo com muita competência).
Esperamos que o Estado assuma responsabilidades, inclusive sobre os problemas ambientais no campo, reconheça sua parcela de culpa por falta de planejamento e estruturação na condução e organização das questões fundiárias e ambientais.
Queremos saber quem irá pagar pelos danos morais impostos a agricultores e pecuaristas que enfrentando desconforto e dificuldade, atenderam aos apelos de Programas de Governo, para ocupar novas áreas nas regiões Centro Oeste e Norte do Brasil e hoje recebem multas extorsivas e são tratados como bandidos.
Nós produtores precisamos sair da posição defensiva, reconhecer nossa força e a força do capital que detemos nas mãos, nos unir e começar a cobrar ressarcimentos por todos esses danos, antes que nossos patrimônios sejam expropriados ás custas de multas garantidas por Decretos de Lei ferozes e esfomeados por poder, domínio!
Janete Zerwes
Comissão de Produtoras Rurais da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso – Coordenação em Tecnologia e Pecuária
A Marta acertou em cheio tanto no mérito como no estilo.
O momento atual necessita de entendimentos, de conexão de pontos no espaço rural. Parece que a linha do nascente, indicando um sul promissor, passa pelo cooperativismo ou associativismo. Nessa união de pontos, a força traz modelo econômico avançado.
Da união surge o tratar do negócio rural de forma participativa e mais humana. Para muitos se inspira no utópico, mas para outros, se traduz em obra gigante na forma de como as relações interpessoais se fortalecem. O fortalecimento é o ponto positivo da abordagem, com complicação de entender a alma das pessoas, se o individualismo predomina.
Entender que o trabalho do campo apresenta matizes diferentes de outras atividades, necessita de união para se impor às adversidades advindas do meio, do tempo, da convivência com as pessoas e com os organismos. Caso não mude a filosofia em agir, ficará subalterno aos segmentos correlatos na compra de bens e na venda da produção.
Daí emerge a necessidade de ser diferente. Mas como entender a difícil questão?
A discussão leva ao novo caminho a ser seguido para unir os espaços na condução do empreendimento rural.
Primeiro, temos que mudar o pensamento dos ruralistas diante das ameaças aparentes e das ameaças incógnitas.
A primeira dificuldade surge que o homem do campo não tem tempo para pensar nestas questões, muito menos refletir para o encaminhamento de idéias que o tire de vez da situação sulbaterna em que subsiste.
Deixar de apenas subsistir, sem reagir, mas moldar um modelo rural independente e integrado.
A criação de associações como a Associação Nacional dos Produtores de Bovinos de Corte – ANPBC, fornece mecanismo para que de aparentemente utópica, a realidade se concretize. As ameaças serão tratadas pela união dos produtores de carnes bovinas, constrangidos pelo aumento de índice de produtividade, obrigados a intensificar a produção do boi a pasto para escapar da síndrome antidemocrática no poder, esfacelando a todo o momento e pelos movimentos que teimam em desobedecer à constituição, transformando o Brasil em republiqueta de invasores.
Ao traçar o poente, a questão não trata da resolução, de conexão de pontos da física avançada, como ciência, mas conduz a qual resistência deve ser tomada diante de despropósitos de sanidade animal e de circunstâncias ideologicamente desmedidas. A visão subliminar da situação do campo tem que ser posta à luz.
A priori, o engajamento político deve constituir a primeira força de resistência, tendo como arma as eleições municipais que se aproximam. Cada um dos produtores rurais tem que começar pensar diariamente no que nos aflige. Resistência que deve ser tratada fora da porteira, pois o produtor é eficiente e deve ter liberdade total para tocar o empreendimento no seu quintal.
Prezado Sr. Osvaldo Del Grossi,
Muito elucidativos os dados com que o senhor complementou o retrocesso necessário. O importante é esclarecermos ao grande público, sempre que possível.
Seria grande gentileza, se prestigiasse o blog http://www.martasousacosta.com e deixasse lá a sua opinião sobre esse assunto.
Obrigada,
Marta
Prezado Sr. Julio M. Tatsch,
Como o senhor bem disse, o esclarecimento da opinião pública é fundamental para que a classe rural não carregue mais a pecha de vilã em situações que não criou.
Mas, nesses tempos de inúmeras dificuldades, pelo menos a classe começa a compreender a importância da união.
Sendo possível, gostaria que acessasse o blog http://www.martasousacosta.com e deixasse o seu comentário sobre o assunto.
Obrigada,
Marta
Prezada Sra. Janete Zerwes, fico muito contente pela sua conscientização da importância da união de forças para a classe rural se fazer respeitar e conquistar o lugar de destaque merecido.
Contente, inclusive, porque a sra. faz a sua parte, promovendo a união de outras mulheres ligadas ao agronegócio. Acredito que, dentro das possibilidades de cada um, todos precisamos nos envolver.
Obrigada por ter entrado no meu blog.
Um abraço da Marta.
Artigo e comentários ótimos, os quais endosso.
Só lembro a todos e principalmente aos politicos que tudo que é essencial na nossa vida sai de uma propriedade rural e que: Se você se alimentou hoje agradeça a um produtor rural.
Seria interessante antes de direcionar nossa produção para um sistema diferente de comercialização ou parceria, buscar informações com aqueles que tiveram experiências similares àquelas que pretendemos adotar.
Em Lageado, Carazinho, Não-me toque, temos produtores com experiências nesse tipo de parceria que você citou (as granjas de frangos), capazes de apontar os prós e contras desse sistema.
Quanto à relação comercial entre pecuaristas e indústrias frigoríficas temos uma série de experiências nem sempre positivas a citar. A formação de cartéis é uma delas, objeto de processo movido pela CNA contra algumas industrias frigoríficas.
Quando se fala em eficiência empresarial, a indústria sem dúvida se coloca muito a frente da nossa eficiência empresarial como produtores. Se fundem, se acartelam, se organizam para “comprar bem”. Mesmo que muitas dessas fusões possam se configurar monopólios comerciais, também proibidos por lei.
Os produtores americanos gritaram contra uma tentativa recente de duas industrias multinacionais se fundirem, foram ouvidos e a fusão não ocorreu (Isso é compreensível, uma vez que 30% do dinheiro que sustenta a pecuária americana vem de subsídios, aqui, no Brasil, para que a preocupação do governo se é praticamente o capital privado que sustenta a produção?)
Tem mais um “probleminha” que será visto como solução emergencial para o setor da pecuária, cujos efeitos a médio e longo prazo podem ter um preço relativamente alto: A organização de industrias frigoríficas para financiar a produção de carne, tal qual fazem as indústrias da soja.
O setor da pecuária deve estar atento para a aparente facilidade de comprometer sua produção, através de contratos antecipados de venda a preços pré-fixados, na captação de recursos. Esse mecanismo tirou grande parte da possibilidade do produtor de soja se beneficiar das altas de preços de commodities da soja nos últimos anos.
Acredito que o setor da pecuária deve buscar junto ao governo maiores subsídios para financiamentos destinados à produção de carne, especialmente aqueles destinados a correção de solos. O momento e as políticas atuais voltadas para a preservação ambiental e otimização da produção em áreas agrícolas consolidadas apontam nessa direção. Temos a favor dessa proposta, o apoio das políticas públicas voltadas para manutenção de estoques alimentares e a ameaça de inflação pela redução desses estoques.
O pecuarista precisa buscar força corporativa, eficiência gerencial, agir preventivamente no sentido de se proteger na comercialização da carne. Estamos descapitalizados (em grande parte por conta dos cartéis), mas ainda somos livres para buscar os melhores mercados, e essa liberdade é condição essencial para que possamos lucrar e defender nossos investimentos.
Precisamos acreditar na força do capital que detemos nas mãos, comparar esse capital ao da indústria e nos convencer que não podemos nos transformar em “colonos” de multinacionais. Brigar por recursos subsidiados para recuperar nossos pastos, estoques e o capital de giro, mas sem abrir mão da autonomia.
Abraço,
Janete Zerwes
Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso
Comissão de Produtoras Rurais
Coordenação em Tecnologia e Pecuária
Prezado Sr. Paulo Roberto Moreira Ene,
A polêmica é bem-vinda, pois da discussão nasce a luz, como é sabido. O sr. alerta para outro problema, que talvez só os diretamente interessados possam aquilatar.
Mas, quanto mais nos interessarmos por todos os problemas que afetam o meio rural, mais chances teremos de união e sobrevivência.
Obrigada por engrandecer o meu artigo com a sua opinião.
Cordialmente
Prezado Paulo Roberto,
Respondi a seu apelo pela polêmica fazendo algumas considerações sobre a formação de parcerias entre frigoríficos e produtores, e inclui a questão dos financiamentos propostos por bancos dos frigoríficos.
Existe uma grande diferença, relativa ao capital investido, entre pequenas granjas de frango e fazendas de gado de corte. Essa diferença exige de nós pecuaristas muito cuidado na autonomia para a comercialização de bois, não podemos perder um centavo por arroba sequer, nossos investimentos e custos são muito altos e as margens de lucro muito estreitas.
Não considero a sua observação polêmica, muito pelo contrário, oportuna e importante, um alerta necessário.
Não podemos esquecer que estamos saindo de um período difícil em que ficamos praticamente 4 anos nas mãos dos cartéis de frigoríficos que nos tiraram a mínima chance de barganha na negociação de nossos estoques.
Abraço,
Janete Zerwes
Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso
Comissão de Produtoras Rurais
Coordenadora em Tecnologia e Pecuária