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Semana de alta, frigoríficos precisam comprar e reajustam os preços

Com pouca oferta de animais para abate e preços da carne bovina no atacado em alta, o mercado do boi gordo fechou mais uma semana em alta, com indicador Esalq/BM&F boi gordo à prazo apresentando valorização de 0,77% na semana, com cotação de R$ 92,91/@ nesta quarta-feira.

Com pouca oferta de animais para abate e preços da carne bovina no atacado em alta, o mercado do boi gordo fechou mais uma semana em alta, com indicador Esalq/BM&F boi gordo à prazo apresentando valorização de 0,77% na semana, com cotação de R$ 92,91/@ nesta quarta-feira (08/10). O indicador à vista (São Paulo) foi cotado a R$ 91,57/@, que corresponde a uma variação acumulada de 0,78%.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio

A crise financeira tem incomodado investidores e governos ao redor do mundo. Um dos primeiros reflexos é a escassez de crédito, que está preocupando o agronegócio brasileiro, que deve ter problemas para financiar a próxima safra. O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) avalia que a crise mundial fará os agricultores reduzirem a produção, com medo do endividamento: “Neste momento, todos vão ficar mais cautelosos, ninguém vai se endividar mais. Se forem mantidas as taxas e dificuldades atuais, o agricultor não poderá obter financiamento nem produzir. Como conseqüência, poderá haver uma diminuição da safra.”

O economista Joseph Stiglitz, vencedor do Prêmio Nobel em 2001 e ex-economista-chefe do Banco Mundial, avaliou os riscos da crise para o Brasil. Segundo ele, muitos investidores estrangeiros colocaram dinheiro nos produtos agrícolas de exportação porque o dólar estava baixo. Com a crise, eles voltarão a aplicar seus recursos na moeda norte-americana. Na avaliação do economista, isso fará com que as dívidas contraídas pelos agricultores brasileiros sejam um problema, além de provocar uma queda nos preços dos produtos.

Outro sintoma é a escalada do dólar, na última semana a variação acumulada atingiu 24,53%, com o dólar Ptax compra cotado a R$ 2,3916, na última quarta-feira. A apreciação do dólar frente ao real num primeiro momento deve trazer melhora para as exportações brasileiras, tornando nosso produto mais competitivo, hoje a arroba do boi brasileiro está valendo US$ 38,29, valor 36,31% inferior o pico atingido em 1º de agosto (Us$ 60,12/@). Porém alguns agentes do mercado comentam que os importadores estão retraídos aguardando melhores definições do cenário mundial. Outro ponto que pode minimizar os ganhos neste momento é a diminuição consumo forçando recuos nos preço negociados.

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista em R$ e em US$

A oferta de animais para abate segue reduzida em praticamente todo o país, o volume de animais confinados já é bem menor e os compradores enfrentam dificuldades para conseguir animais terminados e completar escalas. Em média as programações de abate atendem a 5 dias e não é difícil encontrar frigoríficos trabalhando com ociosidade. Alguns pulam dias de abate, outros preferem reduzir a capacidade para continuar trabalhando e esperando a entrada dos bois de pasto, mas a expectativa é que no curto prazo o volume continue restrito.

Em São Paulo, a maioria dos negócios acontecem a R$ 92,00/@ e as indústrias paulistas seguem abatendo animais provenientes de outros estados, principalmente MS. No Mato Grosso Sul compradores comentam que as ofertas estão um pouco melhores, mas os pecuaristas querem R$ 90,00/@ e a queda de braço continua.

Acesse a tabela completa com as cotações de todas as praças na seção cotações.

O indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista foi cotado, nesta quarta-feira, a R$ 719,77/cabeça, recuo de 0,05% na semana. Em relação ao mesmo período do ano passado a valorização é de 54,46%. Com o boi gordo em alta e o bezerro apresentando leve recuo na semana, a relação de troca melhorou, ficando em 1:2,10.

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista x relação de troca (boi gordo de 16,5@ por bezerros)

A margem bruta na reposição, que representa o montante que sobra para o pecuarista após ele vender um boi gordo de 16,5@ e comprar um bezerro para repor o rebanho está em R$ 791,14, acima da média dos últimos 12 meses que é de R$ 736,94. Porém 3,26% inferior o valor máximo calculado em junho passado (R$ 817,81).

Compradores que atuam neste mercado, consultados pelo BeefPoint, comentam que os negócios seguem “mornos”, mas existe expectativa de melhora com a chegada das chuvas. Manoel Torres Filho, de Tupi Paulista/SP, comenta, “voltou a chover na região, o mercado de reposição ainda não decolou, mas começou a procura”. Ele informa que os bezerros são negociados a R$ 700,00.

André Fioravanti, leitor do BeefPoint, comenta que na região de Dracena/SP, bezerras Nelore de 9 meses foram vendidas a R$ 540,00.

Como está o mercado do boi gordo, vaca gorda e reposição de sua região, em relação a preços, oferta e demanda e número de negócios efetivados? Por favor utilize o box de “cartas do leitor”, abaixo para nos enviar comentários sobre o mercado.

No atacado da carne bovina, segundo o Boletim Intercarnes, segue a pretensão de alta. Também é clara e evidente a retração quanto ao volume de vendas, porém as ofertas sinalizam volumes mais escassos, não havendo falta nem sobra efetiva de mercadoria.

Em São Paulo, o traseiro foi cotado a R$ 6,70, o dianteiro a R$ 5,20 e a ponta de agulha a R$ 4,50, o equivalente físico foi calculado em R$ 87,44/@, um aumento de 1,52% em relação a semana passada. O spread (diferença) entre indicador de boi gordo e equivalente físico subiu para R$ 4,13/@.

Tabela 2. Cotações do atacado da carne bovina

Na BM&F, todos os contratos acumularam valorização positiva em relação semana passada. O primeiro vencimento, outubro/08, fechou a R$ 95,02/@ (08/10), com valorização de R$ 2,19. A maior variação ocorreu nos contratos com vencimento para novembro, R$ 3,78, fechando a R$ 97,57/@, no pregão de quarta-feira.

Segundo Maria Paula Valente, da FCStone, “nesta semana o mercado financeiro mundial vivenciou um momento de incertezas com as bolsas em forte queda e o sentimento de recessão instalado nos Estados Unidos. Paralelamente a crise financeira, o real apresentou forte desvalorização frente ao dólar com recorde de R$2,48 nesta semana. O preço do boi gordo no Brasil, impulsionado pela alta do dólar e pela escassa oferta de animais terminados no centro oeste, retomou sua trajetória de alta atingindo na quarta feira, para o vencimento de novembro, o recorde de R$98,20. O mercado de boi gordo na BM&F apresentou-se agitado com a notícia de liberação de novas fazendas para exportação a União Européia, totalizando 412 propriedades habilitadas. Os preços da carne bovina também tiveram uma semana de alta, com o recorde para o traseiro devido ao incremento das exportações de carnes nobres decorrente da alta do dólar”.

Gráfico 3. Indicador Esalq/BM&F e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 01/10/08 e 08/10/08

0 Comments

  1. fabiano matas disse:

    Aqui em campo grande o mercado continua morno, a falta de oferta de gado magro e a falta de chuvas é o fator que tem travado o mercado. para termos ideia do que acontesse no mercado, um leilão semanal que acontece em campo grande de segunda a quintas feira, não realizou leilão na ultima quinta por falta de oferta.

  2. Paulo Henrique Vieira disse:

    A diferença entre o indicador à vista e o futuro para out/08 está alta. Para mim isso é sinal de baixa na curva futura.