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Aumentam os desembolsos para o setor rural

As ações do governo para garantir liquidez ao setor rural aumentaram em 6,8% os desembolsos de crédito a produtores empresariais e familiares, para R$ 25,9 bilhões, no primeiro quadrimestre do atual ano-safra 2008/2009. Esses números, porém, não refletem as queixas dos produtores e das cooperativas, que alegam que o crédito não está chegando a quem precisa.

As ações do governo para garantir liquidez ao setor rural aumentaram em 6,8% os desembolsos de crédito a produtores empresariais e familiares, para R$ 25,9 bilhões, no primeiro quadrimestre do atual ano-safra 2008/2009. Um relatório dos bancos operadores do crédito rural, inclusive BNDES, mostra elevação de 6,1% nas linhas para a agricultura empresarial, o que significa um adicional de R$ 1,3 bilhão na comparação com 2007. Esses números agregados, porém, não refletem as queixas dos produtores e das cooperativas, que alegam que o crédito não está chegando a quem precisa.

O destaque das estatísticas foi um aumento de 103% nos desembolsos lastreados na poupança rural, chegando a R$ 5,8 bilhões. Uma das ações do governo foi justamente elevar, de 65% para 70%, a parcela de aplicação obrigatória sobre a poupança no setor rural (exigibilidades).

Balanço fechado semana passada mostra elevação de 35,5% nos desembolsos de custeio do Banco do Brasil para o segmento empresarial e de 14% nos empréstimos a familiares. No total, o BB emprestou R$ 14,22 bilhões ao setor entre julho e novembro – resultado 27,6% superior aos R$ 11,15 bilhões de igual período de 2007. O Ministério da Fazenda estima que suas ações elevaram em R$ 19 bilhões a oferta de crédito ao setor desde o aprofundamento da crise.

Mesmo com estes desempenhos dos bancos operadores do crédito rural, os agricultores sustentam que os recursos não chegaram às mãos de quem mais precisa. Quem aderiu aos termos da última renegociação das dívidas rurais, anunciada em junho, ficou fora do radar dos bancos, que passaram a assediar aqueles que pagaram suas contas em dia. A questão cadastral passou a ser vital. Os bancos admitem ter ficado mais seletivos e avessos aos riscos embutidos no setor rural. O BB registrou elevação significativa dos riscos em sua carteira de R$ 60 bilhões no segmento rural. O índice passou de 13,8 em dezembro de 2007 para 14,5 no segundo trimestre deste ano.

O aumento nos riscos da atividade e o nível de inadimplência dos produtores já tinham levado as tradings, agroindústrias e fornecedores de insumos a recuar em seus financiamentos ao setor. A Bunge diz ter US$ 250 milhões em contratos não-cumpridos pelos produtores, informa a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA). Pequenas tradings também deixaram de antecipar recursos via Cédulas de Produto Rural (CPRs) para o custeio da safra.

A matéria é de Mauro Zanatta, publicada no Valor Econômico, adaptada e resumida pela Equipe AgriPoint.

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