Demanda retraída favorece pressão dos frigoríficos e indicador tem forte recuo
12 de dezembro de 2008
Mercados Futuros – 15/12/08
16 de dezembro de 2008

Carnes: preços recuam e produtores sentem a retração

Nem mesmo o apelo do mês de dezembro ajudou a segurar os preços das carnes no mercado interno, que tiveram forte queda na última semana. O quilo da carne suína (carcaça comum no atacado de São Paulo) foi negociado na última semana a valores 9,48% menores que os dos sete dias anteriores, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). A carne de frango teve preços retraídos em 6% no mesmo período, e a bovina, em 2%. A pressão de baixa já chega aos criadores, sobretudo aos avicultores e suinocultores, até então, imunes às retrações de preço na cadeia.

Nem mesmo o apelo do mês de dezembro ajudou a segurar os preços das carnes no mercado interno, que tiveram forte queda na última semana. O quilo da carne suína (carcaça comum no atacado de São Paulo) foi negociado na última semana a valores 9,48% menores que os dos sete dias anteriores, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). A carne de frango teve preços retraídos em 6% no mesmo período, e a bovina, em 2%. A pressão de baixa já chega aos criadores, sobretudo aos avicultores e suinocultores, até então, imunes às retrações de preço na cadeia.

As carnes bovina e suína há dois meses consecutivos, pelo menos, registram queda de embarques ao mercado externo. Em outubro, as exportações (em volume) da carne bovina caíram 7,3% e a da suína, 9,7%. No mês seguinte, a retração foi bem mais acentuada, de 34% e 53,6%, respectivamente, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Mas a falta de crédito no exterior e o pânico nos mercados atingiu em novembro também os embarques de carne de frango, que até outubro eram os que ainda ostentavam altas, embora tímidas, de 3,5%. A queda em novembro para este grupo foi de 20,7% em volume e 10,3% em receita. O resultado é que o quilo do frango resfriado no atacado de São Paulo caiu de R$ 2,67 no dia 5 de dezembro para R$ 2,51 na última sexta-feira, segundo o Cepea. O diretor da União Brasileira de Avicultura (Uba), Erico Pozzer, diz que na última semana houve também recuo do preço pago ao produtor que, até então, estava estável em R$ 1,65, e caiu para R$ 1,60.

Ele afirma que a expectativa do setor é de recuperar preços a partir de janeiro de 2009, quando se espera que o número de pintos alojados caia para 400 milhões, ante os 496 milhões de outubro. “Em algumas regiões do País, como em São Paulo, o preço de R$ 1,60 já significa fechar no vermelho”, alerta Pozzer.

Os preços do quilo da carne bovina (carcaça casada) saíram de R$ 5,28 no dia 4 de dezembro para R$ 5,17 sete dias depois, queda de 2%, de acordo com Cepea. Mas a queda no valor da arroba vem ocorrendo desde novembro, sobretudo com o recuo no nível de abate dos frigoríficos brasileiros que, desde o começo do ano, amargam queda nas exportações por conta do embargo da União Européia. De janeiro a novembro, as exportações de carne bovina caíram 20,5%.

A expectativa de crescimento do rebanho bovino brasileiro foi frustrada por essa crise internacional, na avaliação de Sebastião Guedes, presidente da Conselho Nacional de Pecuária de Corte (CNPC). A projeção da entidade é que o rebanho em 2009 fique entre 193 milhões e 194 milhões de animais, exatamente o mesmo deste ano.

A matéria é de Fabiana Batista, publicada na Gazeta Mercantil, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. Washington Jorge Neto disse:

    Nós pecuaristas como sempre, somos o elo mais fraco da corrente, toda essa conjuntura internacional de crise não trabalha sozinha como variável de “queda livre” da arroba, outras variáveis que ficam engasgadas em nossa mente, são muito mais eficazes para que o mesmo ocorra.

    Sito apenas uma, importantíssima que meu caro colega à cima deu uma pincelada, o spread (leia-se a diferença de preço paga à venda da carne no atacado e ao produtor) nunca esteve tão baixo, R$ 0,45/@, menor valor desde dezembro de 2006.

    Isso significa que, sendo a média do spread em torno de R$ 7,00/@ ou 8,00/@ reais nos últimos 12 meses, e agora com menos de cinquenta centavos, a margem dos frigoríficos nunca esteve tão folgada para se trabalhar desde 2006, não obstante, significa que os mesmos tem pelo menos R$ 6,00 ou 7,00 reais a mais de margem para poderem remunerar os produtores que já vem sofrendo muito com tempos de crise, e agora época comum de alta, época de reestruturação e foratalecimento do nosso setor, estamos passando por uma nova crise na pecuária. Não é justo que nós que temos pouca barganha na comercialização de nossos produtos, sejamos sempre explorados.

    Só quero alertar que pecuaristas fortes repõem o seu gado e aumenta sua produtividade, e pecuaristas explorados diminuem seus lotes prejudicando lá na frente o mercado como um todo, temos que trabalhar com a política do ganha – ganha, esse alerta vai também para as redes de varejo, pois na atual conjuntura os preços devem cair no mercado, para que esse déficit da exportação seja facilmente consumido pelo mercado interno, mas isso começa primeiro pelo atacado, depois pelas redes de supermercados, uma vez, que na fazenda o preço da carne já começou cair com força total e essa inércia nunca é acompanhada no atacado e no varejo.

    Torço sempre para que nosso setor (primário, na industria e no comércio) seja forte, e para isso o primário é fundamental, não adianta termos o secundário como potência, se não tivermos matéria prima para atende-lo, portanto temos que nos ajudar.

    Obrigado a todos que tiveram a paciência de ler esse artigo.

  2. wallace santos disse:

    O fato é que todos os setores do agronegócio estão sofrendo com o momento vivido pelas economias mundiais.

    Os principais parceiros comerciais do Brasil frearam os negócios e, internamente estamos acompanhando o recuo da área plantada, queda dos preços ao produtor (e pecuarista), diminuição do crédito e, o que é mais alarmante, redução da oferta de empregos no campo.

    Ainda que, confiantes na capacidade de recuperação econômica do campo, a verdade é que a cadeia produtiva de alimentos aguarda com ansiedade o desenrolar desta situação.