O governo já trabalha com a possibilidade de a balança comercial perder parte do apoio de um importante aliado: o agronegócio. O agronegócio, sempre responsável por uma parcela significativa do superávit, vai recuar pelo menos 12% este ano, registrando sua primeira queda em dez anos. Pedro de Camargo Neto, da Abipecs, comenta que o resultado está sendo melhor do que o esperado. Já ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, acredita que a projeção feita para o recuo das exportações em dólares é "relativamente otimista, se considerarmos a crise".
O governo já trabalha com a possibilidade de a balança comercial perder parte do apoio de um importante aliado: o agronegócio. O agronegócio, sempre responsável por uma parcela significativa do superávit, vai recuar pelo menos 12% este ano. Segundo o secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Célio Porto, as vendas externas do setor, que em 2008 foram de US$ 71,8 bilhões, estão estimadas em US$ 63,4 bilhões neste ano. As exportações do agronegócio brasileiro podem registrar em 2009, em dólares, sua primeira queda em dez anos, reforça projeção do Ministério da Agricultura.
A retração das vendas em dólar é explicada pela queda nos preços internacionais. Mesmo com a recuperação de janeiro, a valorização ainda não se aproxima das máximas do primeiro semestre do ano passado. Naquele período, algumas das principais commodities atingiram recordes, como a soja. A carne bovina, ante a forte demanda dos países emergentes e a baixa disponibilidade, teve os preços da tonelada in natura negociados acima de US$ 4,5 mil ao longo do ano, mas fechou dezembro em US$ 3,2 mil.
“Os primeiros 16 dias úteis de janeiro foram positivos, com os preços recuperando parte da queda em 2008 e com os volumes embarcados se recuperando. E, como se sabe, a agricultura responde rápido à valorização do dólar”, afirma Porto.
Na opinião do secretário, a queda nas exportações não está relacionada a retração na demanda por alimentos. Segundo ele, os fundamentos que fizeram os preços agrícolas terem forte alta em 2008 estão mantidos, como a queda de estoques e a demanda dos países emergentes.
Apesar do otimismo do governo, o secretário admite que existem aspectos que ainda preocupam, como o protecionismo já sinalizado por alguns países importadores.
Outra preocupação do governo é com os Adiantamentos de Contrato de Câmbio (ACCs), linha usada para financiar os exportadores, que ainda segue em ritmo lento. De acordo com Porto, os dados do Banco Central mostram que o crédito para ACC ainda é muito baixo, mesmo com todas as medidas adotadas pelo governo.
“Foi melhor do que o esperado.” Essa foi a manifestação de Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs (Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína), ao analisar as exportações de carne suína em janeiro. A análise poderia se repetir para a maioria dos setores do agronegócio. Apesar da crise, as vendas externas cresceram em volume e a prevista queda na demanda mundial por alimentos pode não se confirmar.
Para Célio Porto, outros setores da economia , como o de bens duráveis, sofrerão mais com a crise que a agricultura
No geral, os volumes das exportações de cada setor não deverão ter grandes variações neste ano em relação 2008. Uma das exceções pode ficar por conta do segmento de carne bovina, um dos que mais preocupam o ministério, afirma Porto.
O ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, acredita que a projeção feita para o recuo das exportações em dólares é “relativamente otimista, se considerarmos a crise”. “Os fundamentos para [a sustentação dos] preços persistem. Os estoques mundiais estão baixos, a demanda está mantida e há uma queda de produção por conta dos problemas climáticos”, disse Rodrigues. “O que não está nessa análise é que um dos efeitos da recessão é a volta de ´mecanismos do neo-protecionismo´. Eles vão contra a globalização, contra os acordos comerciais”, afirmou ele.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e Valor Econômico, resumidas e adaptadas pela Equipe AgriPoint.
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Informação Importante: Demanda por Alimentos em 2009 não deve cair, o que preocupa é o protencionismo!!