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Austrália tem previsões de melhora em 2009

Contra o cenário da pior calamidade financeira dos últimos 80 anos, a indústria de carne bovina da Austrália espera melhora nos retornos em 2009. O menor dólar australiano, as melhores condições climáticas, os menores custos e a resistente demanda de exportação formam a base para esta previsão.

Contra o cenário da pior calamidade financeira dos últimos 80 anos, a indústria de carne bovina da Austrália espera melhora nos retornos em 2009. O menor dólar australiano, as melhores condições climáticas, os menores custos e a resistente demanda de exportação formam a base para esta previsão, reportada no último relatório do Meat and Livestock Australia (MLA).

No lançamento das projeções para a indústria de carne bovina, o economista do MLA, Tim McRae, disse que a volatilidade sem precedentes nos mercados financeiros, monetário e de commodities e a piora na situação econômica global dificultam as projeções para este ano.

“As turbulentas condições comerciais e os baixos preços dos bovinos e de exportação que a indústria enfrentou durante a segunda metade de 2008 poderão continuar nos próximos meses”. Ele disse que o caso agora é de esperar, enquanto os importadores reduzem os inventários, os mercados de crédito diminuem, as moedas se estabilizam e a base da demanda dos consumidores é avaliada.

McRae disse que quando a crise começar a melhorar e a estabilidade retornar aos mercados, a indústria de carne bovina australiana estará com uma base firme. “A partir do segundo trimestre, as piores distorções comerciais atuais deverão ter ficado para trás, com um maior interesse do Japão e dos Estados Unidos, e um retorno parcial da Coreia e da Rússia, os exportadores deverão finalmente ver algum benefício do baixo dólar australiano nas exportações de carne bovina e nos preços”.

De forma geral, os preços do gado da Austrália deverão se fortalecer durante 2009, particularmente para novilhos e vacas, com o baixo dólar australiano, maior demanda por gado gordo e menores ofertas de animais jovens devendo compensar os impactos da crise financeira global, da queda no crescimento econômico e do retorno dos EUA no mercado da Coreia.

Enquanto muitos produtores do norte estão em posição de se beneficiar de qualquer aumento nos preços, aqueles que estão sofrendo com a seca há anos, principalmente nos estados do sul da Austrália, enfrentarão outro ano difícil, mesmo se a seca chegar ao fim.

“Com a previsão de maiores preços e menores custos, muitos produtores que não estão nas regiões de seca deverão investir e reconstruir seus rebanhos. Estamos prevendo que o rebanho atingirá 28,58 milhões de cabeças em 30 de junho de 2009, 3% a mais do que no ano anterior. Isso prepara o caminho para maiores ofertas a partir de 2010”.

A reconstrução de rebanhos conterá o crescimento nas ofertas de carne bovina em 2009, com a previsão de produção de aumentar somente 2% (com o aumento vindo principalmente dos maiores pesos das carcaças). Consequentemente, a competição por gado disponível será robusta, com os exportadores, mais do que os processadores domésticos, devendo gerar maior competição pelo gado.

“Do lado das exportações, esperamos uma demanda sólida nos mercados onde as moedas tenham valorizado mais com relação ao dólar australiano”.

Os envios ao Japão deverão se manter bons, com as exportações devendo aumentar em 3%, para 375.000 toneladas. As exportações aos Estados Unidos deverão mais que compensar as perdas em 2008, aumentando em 38%, para 325.000 toneladas, devido à forte demanda no setor de fast food e à menor oferta de bovinos de corte nos EUA.

A expectativa é que as exportações à Coreia sejam afetadas de forma substancial este ano, à medida que os EUA retornaram com força a este mercado. As exportações para a Coreia deverão ser 17% menores do que em 2008, ficando em 105.000 – ainda 70% maiores do que em 2003.

Já o mercado da Rússia deverá apresentar quedas, com as dificuldades de crédito e comércio, bem como a queda na demanda, devendo reduzir os níveis de exportação para menos que em 2008.

No mercado doméstico australiano, os gastos dos consumidores com carne bovina deverão reduzir (devido às menores vendas nos setores de foodservice e ao fato de os consumidores evitarem cortes de altos preços no varejo) e, pelo segundo ano consecutivo, o consumo de carne bovina na Austrália deverá apresentar um declínio.

À medida que mais bovinos comerciais entrarem no mercado em 2010 e a economia da Austrália melhorar, o consumo total deverá recuperar sua tendência de alta.

A demanda externa por bovinos vivos da Austrália deverá permanecer forte, particularmente na Indonésia e no Oriente Médio/África do Norte. Estes mercados ainda estão expandindo e estão aproveitando os benefícios do menor dólar australiano. Entretanto, os esforços de reconstrução do rebanho no norte da Austrália deverão limitar a oferta disponível de animais vivos para exportação em 2009, com as exportações totais devendo cair em 6% com relação aos níveis de 2008. Em médio prazo, entretanto, a recuperação no rebanho e a maior demanda no Sudeste da Ásia servirão para impulsionar o comércio de animais vivos.

Uma combinação dos maiores preços de exportação (pela queda no dólar australiano) e menores preços dos grãos deverá levar a indústria de confinamento a uma recuperação total nos próximos três anos. Em curto prazo, o crescimento será limitado pelo lento crescimento econômico no Japão e na Coreia e pelo retorno do produto dos EUA a estes mercados.

A reportagem é do Meat and Livestock Australia (MLA), traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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