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Juan Lebrón: é preciso focar na retomada e abertura de novos mercados para carne bovina brasileira

Juan Lebrón é zootecnista, diretor executivo da Assocon (Associação Nacional dos Confinadores). Nesta entrevista concedida ao BeefPoint ele comenta os motivos que podem causar redução no número de animais confinados em 2009, a necessidade de trabalhar para garantir o sucesso do Sisbov e quais as prioridades para o setor.

Juan Lebrón é zootecnista, formado na FAZU (Faculdades Associadas de Uberaba), seus primeiros trabalhos foram na área de zebuinocultura (VR, Mata Velha, Hansen Pecuária). Foi diretor de exportações no Minerva, diretor da Agro 1 (site especializado em agronegócio), diretor da Brasil Certificação e diretor proprietário da Raça em Uberaba desde 1990 (escritório de consultoria na área de agronegócio). Hoje é diretor executivo da Assocon (Associação Nacional dos Confinadores).

BeefPoint: Você estimou recentemente uma queda de 20% no total de animais confinados em 2009. Na sua avaliação essa diminuição será mais afetada pela menor presença de fundos de investimentos, (que nos anos anteriores capitalizaram confinadores, viabilizando sua rápida expansão), ou essa redução do total de animais confinados vai ocorrer principalmente pelos atuais preços negociados no mercado futuro para os meses de set-out-nov de 2009 e pelo preço do boi magro? Qual dos fatores terá mais impacto?

Juan Lebrón: A queda estimada se dará basicamente pela conjuntura de alguns fatores. Fatores mais ou menos ligados à atividade, e por conseqüência, com maior ou menor gerencia por parte dos pecuaristas nos mesmos.

A retração dos fundos, sem dúvida terá um papel fundamental, pois diferentemente da pecuária de corte tradicional, o confinamento é uma atividade mais dependente de crédito e alavancagem.

A perspectiva de preços futuros aliados ao atual valor do boi magro, certamente pioram o cenário e inibem a iniciativa em se confinar.

As decisões tem que ser tomadas já, e mesmo que o cenário daqui alguns meses seja melhor, pode ser tarde para se organizar.

Ao contrário de outras indústrias, o confinamento é uma indústria barata para ser parada, portanto se o confinador não tem uma clareza maior de perspectiva de ganho, vai diminuir muito ou até parar.

BeefPoint: Como os confinadores ligados a Assocon avaliam a atual situação da rastreabilidade e os prêmios dos frigoríficos? Mantida a situação atual, vai valer a pena rastrear em 2009?

Juan Lebrón: É incrível como passamos tantos anos discutindo se vai valer a pena atender ou não, da forma que o nosso maior cliente quer. É difícil imaginar como complicar mais ainda o atendimento a este fundamental mercado.

Em vez de continuar insistindo em discursos inflamados e discussões sem fim sobre novos modelos, vamos nos concentrar em fazer o que prometemos.

Tolerância zero é impossível, concordo, mas ganhemos credibilidade primeiro para depois reivindicar.

Vai valer a pena sim rastrear, e a partir de março, com o aumento da demanda por parte da Europa, os prêmios serão muito interessantes.

BeefPoint: Na agenda da Assocon, como representante dos confinadores brasileiros, qual a principal prioridade a ser enfrentada em 2009?

Juan Lebrón: A retomada e abertura de mercados, não tem missão mais importante neste momento.

O Brasil teve a sorte histórica da crise ter chegado no momento em que o rebanho estava diminuído, mas ele vai se recompor.

Devemos ser ágeis na nossa capacidade de vender, somos bons em tudo, mas precisamos ser melhores ainda em vender nosso produto.

Não podemos nos ofuscar com o fato de ser o maior exportador de carne do mundo, ou o segundo pais confinador do mundo, se isto não se traduz em melhores preços e mercados mais nobres.

0 Comments

  1. Carlos Alberto Ribeiro Campos Gradim disse:

    Respostas simples, diretas e realistas, sem choradeira e terceirização de culpas. Exemplo a ser seguido pela cadeia em suas ações e relações!

  2. Juan Carlos lebrón disse:

    Prezado Carlos Alberto Campos Gradim,

    obrigado pela sua atenção,e parabens pela sua capacidade de sintese.
    No individual não chegaremos a lugar nenhum.
    Estamos á sua disposição.
    Abraços,

    Juan Lebrón

  3. Jorge Andrade de Carvalho Gomes disse:

    Juan,
    Parabens pelo posicionamento vosso e da ASSOCON.
    Assim se agrega produtores com visão estratégica do negócio.

  4. Juan Carlos lebrón disse:

    Prezado Jorge Andrade de Cravalho Gomes,

    Obrigado Jorge, estamos juntos nisso faz um bom tempo.

    Abraços,
    Juan Lebrón

  5. Germano Zaina Junior disse:

    Dr. Juan, sou zootecnista e assessor em alguns pequenos confinamentos em São Paulo, vejo a importancia da assocom em fortalecer a pecuária nesse pais.

    Mas cada vez mais os firgorificos se organizam muito mais rápido e vem com armas cada vez mais letais para o exercito sem comando e desorganizado dos produtores.

    O boi é o unico produto que nós entregamos ao cliente e depois se vê se ele gostou ou não , e ainda não temos como reclamar . vender boi no peso morto é o que mais desestimula a dignidade de quem cria .
    Tenho alguns clientes que já vendem animais no peso vivo , com excelencia em qualidade e padrão , esta sim deveria ser o premio por quem produz qualidade e padrão e não demagogias de tipificação de carcaça e outras imposiçoes dos frigoríficos.

    Somente com união e apoio de pesoas de visão como o sr. e a assocom poderemos nos organizar e quem sabe um dia lutar de igualdade com este grande exercito chamado frigorífico.

    Um grande abaraço,

  6. Vantuil Caneiro Sobrinho disse:

    A clareza e a simplicidade com que o Diretor Executivo da Assocon, Juan Carlos Lebron, trata do assunto deve ser levada em consideração por criadores, frigorificos e pelas autoridades governamentais responsáveis pela sanidade e rastreabilidade do rebanho nacional.

    Posicionamentos fortes, independentes e sem complexos na retomada de mercados (arriscaria, se me permitem, dizer recomposição de mercados) para nossos produtos deve ser a meta de todo segmento.

  7. renato morbin disse:

    Amigo Juan,

    Parabéns pela clareza e objetividade de suas idéias. Realmente temos que melhorar para vender e principalmente agregar valor aos nossos produtos. Estamos bem próximos de um tempo dos produtos semi-prontos, carnes ja cortadas, temperadas e de facil preparo, agregando muito mais valor.

    Abraços do amigo,

    Renato Morbin

  8. leandro targa de medeiros disse:

    É isso ai, temos que ser focados em um dos objetivos, o de conseguir maior exportação e consequentemente, o mercado interno.

    Chegou a hora pecuarista. temos que levantar essa bandeira e largar de ser pessimista. Os pecuaristas brasileiros estão muitos morbidos ainda, em questão da rastreabilidade. Estamos em uma nova era, vamos nos globalizar.

  9. Claudecir Mathias Scarmagnani disse:

    Juan,

    Parabéns, concordo pelenamente com você, além do confinamento ser barato para ficar parado, os pecuaristas de modo geral, também estão aprendendo a fazer contas. “Não dá lucro e nem perspectiva, entao nao faz ou melhor, fique parado”, afinal não podemos rasgar dinheiro.

    Na minha regiao já teve negócios de bois magros a R$ 63,00, R$ 65,00/@. Isso tudo é reflexo de falta de espectativa no mercado futuro.

    Vamos em frente.

    Boa sorte a todos.

  10. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Faço minhas as palavras do Rodrigo Mesquita.

  11. Juan Carlos lebrón disse:

    Prezado Roberto Trigo Pires de Mesquita,

    Caro Roberto, obrigado pela sua analise. O volume total de carne produzida é o mesmo, independentemente para qual mercado ele se destina.

    Tendo na Europa nosso cliente que mais agrega valor ao produto, a rentabilidade da indústria aumenta, o volume de carne no mercado interno diminui, e temos a possibilidade de melhores preços.

    Concordo que as exigencias deveriam ser tambem para o mercado interno, mas assim como na Europa e outros paises, esta exigencia tem que nascer nos consumidores.

    A questão sanitaria é uma questão que se trata de pais para pais, onde as associações de classe, produtores, etc., devem sim ser ouvidos. Entretanto continua sendo o governo que trata destes assuntos oficilamente.

    A assocon está sim trabalhando em um modelo mais simples, que ela acredita ser mais acessivel aos produtores, mais conduzindo isto por enquanto junto aos orgãos responsaveis.

    Temos conseguido avançar muito nestas e outras questões, mas precisamos da adesão de novos pecuaristas à nossa associação para ficarmos mais fortes ainda.

    Em março as intenções de compra dos mercados crescem normalmente e não teremos voloume suficiente para atender, ainda mais com a possiblidade da volta do Chile, o que nos faz acreditar que os premios aumentaram.

    Abraço,

    Juan Lebrón

  12. Juan Carlos lebrón disse:

    Prezado Germano Zaina Junior,

    A saida é se unir, todos teus clientes seriam muito bem vindos à Assocon.

    Se a industria se organiza, nós tambem nos organizaremos.

    Não vejo o peso morto como o grande problema, mas sim a definição mais clara e entecipada das bases da venda.

    Conheça as iniciativas da Assocon que certamente lhe serão muito uteis.

    Obrigado,

    Juan Lebrón

  13. Juan Carlos lebrón disse:

    Prezado Vantuil Carneiro Sobrinho,
    dificilmente alguem no pais tem maior visão e clareza do assunto, e me traz um sentimento muito grande, de estar no caminho certo, o fato de você endossar as minhas palavras.

    Muito obrigado realmente e saiba que nesta questão especificamente, tudo aquilo que enxergo e tento passar à nossa classe me foi transimitido por você.

    Um abraço respeituoso e de amizade,

    Juan Lebrón

  14. Juan Carlos lebrón disse:

    Amigo Renato, obrigado pelo apoio e por nos mostrar pelo lado da indústria que o caminho está correto.
    Precisamos da industria ao nosso lado, e ai sim chegaremos ao objetivo comum, que é termos nossos produtos valorizados.

    Mande mais noticias suas,

    Um forte abraços,

    Juan Lebrón

  15. Juan Carlos lebrón disse:

    Prezado Leandro Targa de Medeiros,

    Obrigado pelo apoio, divulgue nosso trabalho em seu estado, que tanto espaço tem ganho na pecuaria nacional.

    Abraço,

    Juan Lebrón

  16. Juan Carlos lebrón disse:

    Prezado Claudecir Mathias Sacarmagnani,

    a industira cresceu muito netes anos, se organizou e nós produtores não podemos deixar de fazer o mesmo.

    Contamos com você e produtores de tua região para difundir e se juntar à Assocon.

    Abraços,

    Juan Lebrón

  17. Juan Carlos lebrón disse:

    Prezado Humberto de Freitas Tavares,

    obrigado por analisar junto conosco a questão, você mais que ninguem é importante nesta empreitada. Conheço teu trabalho e o quanto faz pela pecuária, esperamos você aqui na Assocon para conhecer melhor nosso trabalho.

    Abraços,

    Juan Lebrón

  18. Humberto de Freitas Tavares disse:

    A propósito dos comentários do Rodrigo, as coisas estão começando a acontecer, de baixo para cima. Vejam em

    http://www.nelore.org.br/hgxpp001.aspx?2,8,157,O,P,0,PAG;CONC;59;2;D;6613;1;PAG;MNU;E;29;2;MNU;,

  19. carlos massotti disse:

    Realmente a abertura de novos mercados para a carne bovina brasileira é fundamental, mas como fazer se nem o Chile que está aqui próximo, conseguimos que seja reaberto para os demais estados brasileiros? E o que dizer da África do Sul por exemplo que fechou as portas a carne brasileira e até hoje tampouco reabriu? E a Indonésia? Marrocos?

    Se nem estes mercados conseguimos abrir (ou reabrir), o que dizer então de outros (tipo Taiwan – Korea – Japão etc), quanto tempo será vai demorar para chegarmos lá?