O mercado internacional da carne bovina continua preocupando todo o setor, mas em fevereiro as exportações brasileiras esboçaram alguma recuperação, que apesar de tímida já é um bom começo. No acumulado de 2009, a exportação brasileira de carne bovina in natura atingiu a soma de 122.600 toneladas, volume 27,18% menor que no mesmo período do ano passado. A receita (US$ 354,4 milhões) apresentou um recuo maior, -42,75% quando comparada aos dois primeiros meses de 2008, evidenciando a grande desvalorização do produto no mercado externo.
O mercado internacional da carne bovina continua preocupando todo o setor, mas em fevereiro as exportações brasileiras esboçaram alguma recuperação, que apesar de tímida já é um bom começo.
Os frigoríficos estão passando por um período complicado com matéria-prima (boi gordo) valorizada, escassez de oferta e problemas de demanda tanto no mercado externo quanto no mercado interno. No mercado externo a diminuição das vendas e redução dos preços internacionais pode ser explicada, principalmente, pela crise no crédito que tem gerado dificuldades para nossos principais clientes.
Todos os setores da economia estão sentido os reflexos da crise mundial e na cadeia produtiva da carne não seria diferente, no final do ano passado devido a escassez de crédito e outros fatores criados pela crise as exportações brasileiras de carne bovina despencaram e agravaram ainda mais a situação dos frigoríficos.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as exportações brasileiras somaram, em fevereiro, US$ 9,588 bilhões, valor aproximadamente 26% menor que o verificado em fevereiro de 2008. Segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Welber Barral, as exportações no mês mantiveram a tendência histórica, como foi observado em outros anos como 2008 e 2007. “O mês de fevereiro, mesmo tendo feriado de Carnaval, foi muito melhor para o comércio exterior brasileiro que janeiro”, enfatizou.
Em fevereiro, os exportadores brasileiros enviaram ao exterior 66.000 toneladas de carne bovina in natura, que gerou uma receita de de US$ 185,9 milhões. Respectivamente, estes valores são 16,61% e 10,33% superiores a mês de janeiro deste ano.
Tabela 1. Exportações brasileiras de carne bovina in natura
Em relação ao mesmo período do ano passado, a receita apresentou uma retração de 26,89% e o volume registrou queda de 13,69%. Em fevereiro de 2008 o Brasil exportou US$ 254,27 milhões em carne bovina in natura, correspondentes ao embarque de 76.471 toneladas.
Gráfico 1. Exportações brasileiras de carne bovina in natura, receita e volume
Além do volume eduzido, o frigoríficos também amargaram redução no preço da carne. Em fevereiro, o preço médio da carne bovina in natura exportada foi de US$ 2.817/tonelada – valor mais baixo desde setembro de 2007 -, com variação negativa de 5,39% em relação ao mês anterior e 15,29% se comparado ao resultado de fevereiro de 2008, quando o preço médio era de US$ 3.325/tonelada.
Gráfico 2. Preço médio da carne bovina in natura exportada
No mês passado, o Dólar compra teve valorização de 0,32%, sendo que a média da cotação de fevereiro foi de R$ 2,3119, com a moeda americana com leve alta e o indicador à vista em baixa – o valor médio em fevereiro foi de R$ 81,54/@, uma retração de 2,94% em relação ao mês anterior -, o indicador de boi gordo em Dólares recuou ficando em US$ 35,27/@ (-3,25%). Porém este recuo não foi suficiente para melhorar a rentabilidade dos frigoríficos, já que o preço médio da carne bovina exportada apresentou uma retração maior (-5,39%), fazendo a relação de troca arrobas por tonelada exportada diminuir.
Essa relação de troca nos dá uma idéia de quantas arrobas de boi gordo foi possível adquirir com o valor de uma tonelada de carne vendida no mercado internacional. Em fevereiro a relação de troca foi calculada em 79,86 @/ton, registrando um recuo de 2,21% em relação a janeiro. Porém na comparação com o mesmo período do ano passado, esse indicador melhorou 4,10%.
Gráfico 3. Relação de troca arrobas por tonelada de carne in natura exportada
No acumulado de 2009, a exportação brasileira de carne bovina in natura atingiu a soma de 122.600 toneladas, volume 27,18% menor que no mesmo período do ano passado. A receita (US$ 354,4 milhões) apresentou um recuo maior, -42,75% quando comparada aos dois primeiros meses de 2008, evidenciando a grande desvalorização do produto no mercado externo.
0 Comments
Achei o artigo falho, porque deixa de mencionar, deixa de realçar, que ao câmbio atual, o preço em Reais é muito mais remunerador do que há um ano, e ao preço praticado para o boi gordo desde o inicio do ano, aí então é muito mais interessante exportar hoje, do que há um ano. Para os frigoríficos melhorou, o que é importante para a segurança do setor.
Boa tarde José Jacintho Neto, muito obrigado pela colaboração e pela excelente observação.
Ao observarmos o preço médio da carne bovina in natura exportada, em reais, realmente hoje é mais interessante exportar do que no ano passado. Em relação aos valores registrados em fevereiro de 2008, no mês passado o preço médio do produto nacional estava 13,41% mais caro, ou seja, em fevereiro de 2009 o frigorífico exportador ganhou mais reais com a venda de uma tonelada de carne do que no mesmo período de 2008
Preço médio da carne bovina in natura exportada, em reais (R$/ton)
Porém é importante lembrar que o negócio exportação como um todo está passando por um período de retração, já que o agravamento da crise financeira causou diminuição da demanda e dos preços internacionais.
Se olharmos a receita da exportação de carne bovina in natura em reais o valor é 2,12% menor, ou seja a variação cambial não evitou o recuo, apenas reduziu o impacto dos efeitos da crise sobre as exportações de carne bovina.
Receita das exportações de carne bovina in natura, em reais (Mil R$)
A crise é de crédito e confiança, assim acredito que com o passar do ano a situação deva melhorar e os importadores voltarão a comprar volumes maiores de carne, torcemos para que esta recuperação aconteça logo. Um das saídas para amenizar esse efeito negativo da redução da demanda seria investir na conquista e retomada de novos mercados (Chile é um deles) e trabalhar na manutenção e ampliação dos mercados já conquistados, um exemplo seria a UE, que hoje compra quantidades muitos pequenas de carne brasileira.
Um forte abraço,
André Camargo