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Sadia: Ferreira diz que processo visa isentar culpados

O ex-diretor financeiro Adriano Lima Ferreira classificou a cultura financeira da companhia como "atípica", e disse que a decisão de processá-lo "é uma clara tentativa de isentar os demais administradores da Sadia, que geriram a companhia junto comigo e que compartilharam as mesmas decisões e as consequências positivas delas".

Um dia depois de os acionistas da Sadia decidirem abrir um processo contra o ex-diretor financeiro Adriano Lima Ferreira, por perdas bilionárias com operações de derivativos cambiais, o executivo divulgou uma carta aberta em que se diz “surpreso” com a decisão.

O ex-diretor classificou a cultura financeira da companhia como “atípica”, e disse que a decisão de processá-lo “é uma clara tentativa de isentar os demais administradores da Sadia, que geriram a companhia junto comigo e que compartilharam as mesmas decisões e as consequências positivas delas”. Ele declara que, durante todo os seus anos de Sadia, trabalhou “enquadrado nos parâmetros de riscos aceitos por ela”. “Cumpri com rigor a prestação de contas com a Sadia, me reportando diretamente ao presidente do Conselho de Administração, apresentando relatórios mensais e praticando todos os atos que me eram atribuídos.”

Ferreira conta que operações de derivativos cambiais sempre fizeram parte das “práticas comerciais e financeiras” da Sadia e que, nos últimos seis anos, foram responsáveis por 60% do lucro da companhia. Os mesmos derivativos que provocaram um prejuízo de R$ 2,5 bilhões à Sadia no ano passado, renderam, no primeiro semestre de 2008, segundo Ferreira, o correspondente a 80% do lucro apurado pela companhia. Ele diz ainda que as mesmas operações de derivativos foram realizadas em 2007, “ano em que a Sadia apurou um resultado excepcional e que todas essas operações constavam do seus demonstrativos financeiros”.

Ferreira diz ainda que sua missão ao ser contratado pela Sadia em 2002 era justamente “coordenar a gestão da liquidez e proteger o patrimônio da Sadia por meio de operações de hedge”. “Função que cumpri com excelência, adaptando-me às atipicidades da cultura financeira da organização e otimizando-a de forma significativa ao aprimorar controles e processos, sendo responsável inclusive pela criação da área de gestão de riscos.”

Ferreira sugere também que a forma com que a empresa administrou os contratos de derivativos após sua saída pode ter elevado as perdas. “Sobre as perdas, informo ainda que no momento de minha saída o montante era bem inferior ao divulgado. Desconheço as medidas e decisões tomadas, bem como seus impactos financeiros, subsequentes à minha demissão da Sadia.” Procurada, a Sadia disse que não iria se pronunciar sobre o assunto.

A matéria é de Mariana Barbosa, publicada no jornal O Estado de S. Paulo, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.

0 Comments

  1. Maurício Vivas Castelo Borges disse:

    Corretíssima a postura do ex-diretor financeiro da Sadia Adriano Ferreira. Se há culpados, que seja então extendido aos demais administradores, já que não há a mais remota possibilidade de um executivo isoladamente tomar decisões de tamanho vulto.