O avanço da bovinocultura de corte no Brasil é mais um exemplo do sucesso de nosso agronegócio, que vem batendo recordes sucessivos ao longo dos últimos anos. Não é por acaso que o PIB do setor proporciona grande saldo positivo na balança comercial do país. Assim como a produção de grãos, que dobrou na última década, a produtividade da pecuária de corte também vem apresentando índices crescentes, tendo a intensificação do uso de tecnologias como grande impulsionador destes resultados.
Ao analisarmos os dados estatísticos de produção da nossa pecuária fica evidente que a tecnificação impulsionou os resultados nos últimos dez anos. Apesar da expansão do rebanho ter sido de 11%, houve um aumento na produção de bezerros da ordem de 27% e o número de cabeças abatidas cresceu 26% no período, evidenciando a melhoria dos índices reprodutivos e a redução na idade de abate. Em termos de uso de programas intensivos de terminação – confinamentos, semi-confinamentos e pastagens de inverno – também tivemos um grande avanço, com aumento de 250% no número de animais nestes sistemas de produção. São dados que impressionam pela velocidade da evolução, não tendo similar em outras regiões do mundo.
A profissionalização da pecuária está baseada na melhor utilização do conhecimento e uso de tecnologias nas áreas de nutrição, sanidade e genética, o já conhecido tripé da produção bovina. Além da expansão e perenização das áreas de pastagem melhorada, com a introdução de espécies mais produtivas e de maior valor nutricional, tivemos um grande avanço no uso de suplementos minerais, garantindo a evolução constante de crescimento e ganho de peso dos animais. Na área de manejo sanitário – controle de doenças e parasitas – houve uma melhoria significativa. A febre aftosa foi erradicada em grande parte de nosso território e houve uma maior conscientização da importância da vacinação e controle de outras zoonoses, evitando perdas econômicas significativas. O relatório da ASBIA – Associação Brasileira de Inseminação Artificial – referente às vendas de sêmen em gado de corte no ano de 2002 não deixa dúvidas de que o melhoramento genético também acompanha esta evolução, tendo havido crescimento de 10% sobre o ano anterior.
Desde meados da década passada a inseminação artificial (IA) no segmento de corte cresceu a uma taxa anual média de mais de 13%, triplicando o volume total de utilização desta ferramenta de melhoramento. Além da IA, tivemos um grande volume de importações de animais, de diversas raças de corte, e uma grande expansão da utilização de outras técnicas de multiplicação de genética superior, como a transferência de embriões e fertilização in vitro. Este avanço do melhoramento genético vem sendo surprendente, oportunizando ganhos importantes em termos de qualidade de carne, rendimento de carcaça, ganho de peso e habilidade materna dos rebanhos. Tudo isso proporcionando maior rentabilidade para os pecuaristas e a oferta de um produto de melhor qualidade ao consumidor.
Os dados apresentados pela ASBIA são particularmente importantes quando elucidam a disseminação do uso da técnica de IA nas mais diversas fronteiras pecuárias do país. Estamos deixando de ter apenas ilhas de produtividade, como era comum antigamente, e passando a produzir carne de qualidade em diversas regiões. Os programas de carne de qualidade – com rastreabilidade e certificação – começam a aparecer em vários pontos do país, como o Nelore Natural de Rondônia, Beef Tropical em Minas Gerais, Montana em São Paulo, Angus no Rio Grande do Sul e tantos outros. Além disso, vemos uma profusão de provas e sumários de touros que classificam os melhores animais em função de sua performance, facilitando a decisão do pecuarista no momento da aquisição de reprodutores para monta natural.
O melhoramento genético em andamento no Brasil não encontra precedentes no mundo e, sendo mantido neste patamar, fortalece a base para que alcancemos rapidamente a almejada liderança do mercado internacional de carne vermelha. O que precisamos é utilizar corretamente os programas de seleção, para que realmente possamos oferecer produtos que atendam as demandas do consumidor interno e externo, garantindo resultados para todos os elos da cadeia da carne, e fortalecendo ainda mais o agronegócio em nosso país.
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Não podemos esquecer que o pequeno produtor é o grande responsavel por boa parte da produção de carne no Brasil.
Um ponto fundamental seria uma assistência ou um acompanhamento técnico deste.
Produzimos muito, porém com razoável qualidade e baixas garantias quanto a sanidade e certificação.